25.6.11

O problema da discriminação positiva das mulheres I

Pietro de Cortona, O Rapto das Sabinas,1627-29

"A discriminação positiva não promove uma igualdade genuína"

As mulheres sempre foram discriminadas com base em argumentos usados por homens que desejavam impor a sua autoridade. Desde a obrigação de ficar em casa a cuidar dos filhos e a fazer as actividades domésticas à proibição de escolher o vestuário ou à proibição de votar, há muitos exemplos que mostram como as mulheres foram sempre discriminadas e rebaixadas durante séculos.
Hoje, muitas destas situações já não se verificam no mundo dito civilizado mas há novas formas de discriminação. Por exemplo, a maior parte dos cargos considerados mais importantes nas empresas são tradicionalmente ocupados por homens o mesmo acontecendo na política. Há favoritismo dos homens nos despedimentos especialmente em tempos de crise, como a que vivemos hoje, ou em situações de gravidez da mulher. As mulheres estão sujeitas a vínculos precários e à discriminação nos salários e nos seus direitos. É no sector económico que mais se sente a discriminação. As mulheres ainda se vêem muitas vezes perante o dilema: ou optam por não constituir família para fazer carreira ou sujeitam-se a ser excluídas de determinadas profissões ou cargos.

Numa sociedade justa, devia ter-se em conta as competências, capacidades e talentos de cada um e não o seu sexo. Como estas nem sempre são reconhecidas às mulheres, algumas pessoas pensam que estas devem beneficiar de discriminação positiva ou acção afirmativa que, contribua para criar condições na sociedade para ultrapassar estas injustiças históricas. Mas será isso justo para as outras pessoas?
Na nossa opinião, a discriminação positiva não é a solução, e por isso somos contra toda a acção afirmativa a favor da Mulher ou outros, por considerarmos que a discriminação positiva não promove uma igualdade genuína.
Pensamos até que pode gerar ressentimentos e o preconceito de que aqueles que pertencem a grupos discriminados não conseguem alcançar o sucesso por mérito próprio, o que gera mais discriminação, criam mais ideias racistas e sexistas. Há ainda o perigo dos beneficiários, se acomodarem. Ora, o comodismo não deve ser estimulado nem premiado, como acontece muitas vezes com as pessoas, a quem são dadas casas e subsídios de sobrevivência, sem se exigir nada em troca. Todos devemos procurar obter sucesso com o nosso trabalho e dedicação. Hillary Clinton foi, por exemplo, a primeira Senadora do Estado de Nova Iorque e nunca beneficiou de nenhuma acção afirmativa.

Um argumento importante é que, apesar dos fins que se pretendem atingir - uma sociedade mais justa, serem louváveis, não justificam os meios - as acções afirmativas. Tomemos como exemplo os candidatos a um determinado cargo que são preteridos a favor de um beneficiário da acção afirmativa; isso é injusto porque se está a tentar ultrapassar uma injustiça através de uma acção injusta. Com a discriminação positiva, eventualmente alguém também vai ser discriminado devido à sua raça, orientação sexual, ou como neste caso, o seu sexo. Afirmar que estas políticas nos parecem injustas em virtude do hábito e que não existe nenhum direito de admissão adquirido nem os interesses dos candidatos são um critério, não é suficientemente forte. A acção afirmativa é contraditória, porque em nome da igualdade, promove a desigualdade. Além disso, quase sempre a discriminação positiva prejudica aqueles que nada fizeram para prejudicar os grupos discriminados, neste caso, as mulheres. Esta transferência da responsabilidade pela compensação, torna-se tão injusta como as injustiças que a discriminação positiva tenta reparar.
Hoje em dia, é quase impossível serem aqueles que prejudicaram as mulheres a compensarem-nas por esse facto, pois muitos destes prejuízos foram causados por gerações mais antigas. Apesar de devermos recompensar alguém pelas dificuldades que lhes causamos anteriormente, não devemos discriminar outros devido a isso. Seria absurdo, por exemplo, uma mulher exigir ter dois votos numa eleição, porque foi privada de votar, por homens, durante muitos anos.

O argumento da prevenção das desigualdades futuras leva-nos ainda a outro problema, a inércia e a irresponsabilidade. Por exemplo, a lei da despenalização do aborto, foi feita a pensar no futuro, no risco de vida que muitas mulheres corriam ao abortar clandestinamente e sem condições médicas, e neste momento é usado por muitas mulheres como método contraceptivo. Ou seja, uma lei que pretendia criar benefícios de saúde para a mulher, veio promover a irresponsabilidade de algumas mulheres que não usam contraceptivos porque podem interromper voluntariamente a gravidez num hospital, em segurança e sem custos. Portanto, a irresponsabilidade não deve ser premiada.

Hoje em dia, as mulheres já não precisam de acções afirmativas para se imporem na sociedade, necessitam apenas de trabalhar para realizar os seus objectivos e provar que são capazes, muitas vezes sendo bem sucedidas em empregos que antes se consideravam de “Homens”, como Amelia Earhart, a primeira mulher a atravessar o Oceano Atlântico sozinha, de avioneta.
Por todas estas razões, pensamos que a discriminação positiva não deve ser permitida pelo menos em relação às mulheres e, que as pessoas não deviam ser julgadas pelo seu sexo, mas sim pelo seu talento, competências e capacidades. Isso seria justo, embora por enquanto possa não ser possível.

Ana Carolina Pontes e Joana Ferreira
10.º F

23.6.11

Os animais não têm estatuto moral



















«Pessoas específicas estabeleceram por vezes relações muito boas com animais específicos: o cavaleiro e o cavalo, o homem e o cão, a cantora de ópera e o gato. Mas isso não é um contrato social que se estenda a todos os animais, nem mesmo a todos os membros de alguma espécie. Estamos perante casos especiais, que dependem das atitudes e dos interesses de certas pessoas específicas.
E, além de os animais não terem grande capacidade para a reciprocidade geral, nós não temos nenhum motivo para a procurar. A maior parte de nós não quer realmente estabelecer ‘boas relações’ com o típico boi, estamos mais interessados no bife ou no hambúrguer para o qual este poderá contribuir num futuro não muito distante. E não precisamos de fazer um contrato social com a vaca, já que estamos de longe numa posição superior. Dados os seus modos bovinos e o seu fraco intelecto, as vacas podem proporcionar-nos o que queremos delas sem que tenhamos de fazer concessões gerais daquelas que os moralistas dos animais reivindicam. Por que razão haveremos então de nos importar? O leitor sentirá alguma ‘coisa’ pela moralidade, terá um interesse especial a seu respeito? Mas os interesses pessoais não importam para efeitos morais. Uma pessoa será amigável para uma vaca, e não haverá mal nenhum nisso; outra ordenhará a besta e depois irá comê-la. As pessoas são diferentes. A questão, então, é a seguinte: por que razão aqueles que querem comer vacas terão de se submeter às indicações ‘morais’ pessoais daqueles que querem torná-las membros encartados da república moral?»





Jan Narvesson, em Moralidade e Animais; Excerto de ensaio incluído em Os Animais Têm Direitos? Perspectivas e Argumentos, organização e tradução de Pedro Galvão, Lisboa, Dinalivro, 2010, págs. 85 e 86. (Já aqui divulgado.)

12.6.11

A Ética do Aborto




A Ética do Aborto, Perspectivas e Argumentos, Organização e Tradução de Pedro Galvão, Lisboa, Dinalivro, 2005


Será que abortar um feto humano é como assassinar um de nós? Este é o problema ético do aborto e é nele que incidem os seis ensaios aqui reunidos. Três dos autores defendem uma posição pró-escolha; os outros três defendem a posição pró-vida. O presente livro proporciona assim uma introdução aos aspectos centrais do debate do aborto, dando a conhecer os melhores argumentos que cada uma das partes tem para oferecer. Enquanto a introdução da obra afasta muitos dos equívocos que continuam a marcar a discussão pública do aborto, nos ensaios seleccionados, alguns dos melhores especialistas mundiais em ética aplicada discutem o estatuto moral do feto, o infanticídio, o mal de matar e o direito da mulher a controlar o seu corpo. Contra quem pensa que as convicções éticas de cada um são intocáveis e que, em relação ao aborto, nos resta medir forças no plano político, este livro mostra que o debate crítico e racional da ética do aborto não só é possível, como também é profundamente desejável.

6.6.11

Teremos ou não a obrigação ética de ajudar os mais pobres?



A resposta de Peter Singer, neste livro da colecção Filosofia Aberta da editora Gradiva.


«A Vida que podemos Salvar é um livro que apela à acção, dando voz à esperança e à compaixão sem descurar a investigação rigorosa e o raciocínio cuidado que transparecem em todas as obras deste autor. Uma obra duplamente pertinente, numa altura em que as dificuldades económicas afectam até pessoas bem próximas de todos nós.
No presente livro, o filósofo Peter Singer, considerado pela revista Time uma das cem pessoas mais influentes do mundo, apresenta argumentos éticos, experiências mentais estimulantes, exemplos eloquentes e estudos de casos para demonstrar que a nossa resposta actual à pobreza mundial é não só insuficiente como eticamente indefensável.
Pela primeira vez na História, está ao nosso alcance a erradicação da pobreza e do sofrimento que esta traz consigo. Para que tal se concretize, afirma Peter Singer, é necessário alterar a nossa perspectiva quanto ao que implica viver uma vida ética. E ajuda-nos a provocar essa mudança, propondo um plano que combina filantropia individual, activismo local e consciência política. O autor expõe o argumento irrefutável de que podemos influenciar significativamente as vidas dos outros sem diminuir a qualidade da nossa.»
Aqui

5.6.11

Democracia e Eleições




Haverá algo que possamos acrescentar em defesa do tipo de sistema democrático que temos? Talvez o melhor a dizer seja isto: no mundo contemporâneo, temos de aceitar que não conseguimos sobreviver sem estruturas de autoridade coerciva. Mas, se temos tais estruturas, precisamos de pessoas que ocupem os seus lugares no seu seio - por outras palavras, governantes. (…) Só aceitaremos que os indivíduos têm direito de governar se tiverem sido nomeados pelas pessoas e puderem ser destituídos pelas pessoas. Ou seja, só a democracia nos permite dar uma resposta aceitável à questão: “por que devem estas pessoas governar?” ou “o que torna legítimo o seu governo?”. Através de meios democráticos podemos, claro está, exercer igualmente um controlo, até certo ponto, sobre a conduta dos governantes. Talvez isto seja o melhor que podemos esperar, tanto em termos de estrutura política como enquanto defesa derradeira da democracia moderna.»



Jonathan Wolff, Introdução à filosofia política, Edições Gradiva, pp. 95 e 152.

4.6.11

Lhasa de Sela, Con toda palabra



Para conhecer mais

http://lhasadesela.com/lhasa_de_sela/videos.php?lang=en

1.6.11

Boas Notícias

"Aluno português ganha medalha de prata nas Olimpíadas Internacionais de Filosofia". Notícia do Jornal Público online. Aqui.