10.6.14

O Problema dos Critérios Valorativos



Neste texto discute-se o problema dos critérios valorativos, nomeadamente saber se existem juízos de valor objetivamente verdadeiros ou falsos. A posição aqui defendida é que a teoria objetivista é a mais razoável podendo, portanto, existir juízos objetivamente verdadeiros ou falsos.

O subjetivismo e o relativismo defendem que os valores não são propriedades objetivas do mundo sendo antes verdadeiros ou falsos, apenas em função da avaliação dos indivíduos ou das culturas, respetivamente. 
Porém, o objetivismo afirma que os valores são propriedades objetivas do mundo, independentes das valorações realizadas pelos sujeitos e/ou culturas. Esta teoria considera que através de um diálogo intercultural é possível estabelecer critérios transubjetivos e transculturais que permitam resgatar as questões morais no domínio da simples opinião e sentimentos pessoais ou da autoridade da tradição cultural.

Quem é contra esta perspetiva pode sempre afirmar que não podem existir opiniões éticas objetivamente verdadeiras porque não existe uma realidade a que possam ou não corresponder, o que até é correto, mas isso não implica que não existam verdades objetivas nesta área, pois se utilizarmos métodos de raciocínio fiáveis, capazes de determinar a verdade e a falsidade neste domínio, podemos estabelecer verdades objetivas, como fazemos por exemplo no domínio da matemática. Isto é, a ética é objetiva se descobrirmos o que é certo ou errado examinando cuidadosamente razões e argumentos, baseando-nos em todos os conhecimentos que as várias disciplinas científicas nos disponibilizam, de relevante para a definição de uma vida boa humana, chegando assim a conclusões racionais, aceitáveis por todos, independentemente de sensibilidades pessoais e condicionalismos culturais.


Considera-se, geralmente, que o subjetivismo valoriza e promove a liberdade individual pois, desta perspetiva, cada sujeito pode agir e avaliar de acordo com as suas convicções pessoais. Isto é, no entanto, facilmente refutável pois, se assim fosse, a ética seria arbitrária, uma vez que todos os juízos seriam verdadeiros por mais repugnantes que fossem.

Um forte argumento a favor do relativismo é que este promove a coesão social uma vez que, ao definir o que é certo e errado em função do que a maioria da sociedade pensa, valoriza o indivíduo enquanto parte de um todo. Ainda assim é pouco razoável, pois pode conduzir-nos ao conformismo porque, se todos devessem conformar-se com o que a maioria acredita, teríamos de aceitar que as maiorias estariam sempre certas e as minorias erradas, não fazendo sentido lutar por uma sociedade melhor e pela mudança de mentalidades, na nossa própria sociedade.

Para concluir, a posição defendida neste texto é que podem realmente existir juízos de valor objetivamente verdadeiros ou falsos, podendo estes ser consensualmente estabelecidos através de um diálogo intercultural, racional, tolerante e crítico; independentes de qualquer avaliação por parte de indivíduos e/ou culturas, proporcionando a imparcialidade possível e a evolução moral de todos, do que é já um bom exemplo a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Pedro Rocha
 10ºB Nº 23
Imagem do Google - M.C. Escher, Good and Evil

7.6.14

O valor da discussão filosófica

Uma discussão foi tanto mais proveitosa quanto mais os participantes puderam aprender com ela. Significa isto que, quanto mais interessantes e difíceis tenham sido as questões levantadas, tanto mais eles foram induzidos a pensar em respostas novas, tanto mais terão sido abalados nas suas opiniões, pois foram levados a ver essas questões de forma diferente após a discussão – em resumo, os seus horizontes intelectuais alargaram-se. […]
Não devemos esperar que qualquer discussão crítica sobre um assunto sério, qualquer «confronto», alcance logo resultados decisivos. A verdade é difícil de alcançar. […]
As discussões sérias e críticas são sempre difíceis. […] Muitos participantes numa discussão racional, ou seja, crítica, consideram particularmente difícil ter de desaprender aquilo que os seus instintos lhe impõem (e aquilo que lhes é ensinado por todas as sociedades que debatem): ou seja, vencer. Pois o que têm de aprender é que uma vitória num debate não significa nada, ao passo que a mínima clarificação de um problema que se tenha – mesmo a mais pequena contribuição para uma compreensão mais clara da sua própria posição ou da de um opositor – constitui um grande sucesso. Uma discussão que se vence, mas que não ajuda na alteração ou na clarificação da vossa mente, nem que seja só um pouco, deverá ser considerada uma perda completa. […]
A discussão racional […] é modesta nas expectativas: é suficiente, mais do que suficiente, se sentirmos que conseguimos ver as coisas sob uma nova luz ou que até nos aproximámos um pouco mais da verdade.

K. Popper, O Mito do Contexto – Em Defesa da Ciência e da Racionalidade
 
Pelos trabalhos realizados pelos alunos  dos 10º e 11º anos e pelas boas discussões que proporcionaram a todos nós, o meu muito obrigado.