22.2.15

Ética com Razões

Mais um livro de Pedro Galvão no qual o autor (também autor do nosso manual de 10ºano) toma posição sobre questões que em breve também nós estudaremos nas aulas: O aborto, a eutanásia e os direitos dos animais.

Título: Ética com Razões
Autor: Pedro Galvão
Ano: 2015
Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos
Preço: 3,15 euros
Sinopse: Será que o aborto é eticamente aceitável? E a eutanásia? Será que os animais têm direitos? Se não tiverem, ainda assim teremos obrigações para com eles? É nestes problemas que o livro se centra. Ver vídeo no qual o autor divulga as perspetivas que defende em relação a cada um dos problemas em
 

11.2.15

«São opiniões, valem o que valem! Cada um tem direito à sua opinião.»


Às vezes ouvimos estas afirmações e pensamos que isto significa que, efetivamente, cada um tem a sua opinião e que isso é um direito que lhe assiste. Mas pensamos também que estas têm valor para os próprios sujeitos que as emitem, mas não podem ter um valor objetivo, válido para todos, porque as pessoas têm sensibilidades, experiências e perspetivas diferentes. Sentimo-nos tentados a concordar, não é? Mas será que é mesmo assim?
 
Imaginemos que João e Luísa, ambos professores, discutem a sua profissão.

A certa altura Luísa afirma:
Eu quanto menos trabalho tiver, melhor. Por isso, vou buscar testes já feitos, por mim, há anos, ou por outros professores, à internet; raramente leio um livro da minha área e se não preparo as aulas, improviso. E não me tenho dado nada mal com isso.

João olha para a Luísa perplexo e pergunta: Mas como podes considerar que estás a fazer um bom trabalho, sem te preparares convenientemente e sem realizares tu própria a avaliação dos teus alunos?

Luísa: Então, se os alunos tiverem má nota, mando-os fazer um ‘trabalhito’ e lá dá para o 10. E não me considero má professora por isso.
 
João: Eu não, Luísa. Nem consigo conceber que se trabalhe assim!
Eu faço questão de me manter atualizado, por isso leio as obras mais recentes e importantes sobre as minhas matérias. Elaboro cuidadosamente os meus próprios testes de acordo com as caraterísticas dos alunos de cada turma e com o trabalho que consegui realizar em cada uma delas. E, mesmo assim, penso sempre que se tivesse melhores condições, ainda podia fazer melhor, ser melhor professor. É algo que considero imprescindível em função do respeito que tenho pelos meus alunos e pela minha profissão.

Luísa: Enfim, são opiniões. Tu tens a tua e eu posso ter a minha. Ou não?
 
João: Claro que podes. Mas parece-me que tens uma visão demasiado subjetivista. Se ponderasses um pouco e tentasses estabelecer critérios rigorosos acerca do que é relevante para avaliar o desempenho de um professor talvez tirasses uma conclusão diferente.
 
Luísa: Porquê? Achas que só a forma como tu trabalhas é que está certa e se os outros não pensarem como tu estão forçosamente errados? Estás a ser intolerante, quase um fundamentalista (disse ela, em ar trocista).
 
João: Não penso isso. Mas penso que as pessoas, muitas vezes, se recusam a dar ouvidos à razão, porque isso poderia exigir-lhes o reconhecimento de erros que não querem reconhecer ou alterações de comportamentos que não querem fazer, sendo por isso muito previsível que evitem ouvir as razões dos outros.
 
Luísa: Pois, pois… tanta exigência e no último teste que fizeste enganaste-te na numeração e na cotação das questões (e Luísa riu à gargalhada).

João: (um pouco envergonhado) É verdade. Mas isso não faz de mim um mau professor…

Luísa: Ora, vês? És tal e qual como eu!

Concordas com a Luísa? Os argumentos do João poderão constituir boas razões, não para dizer que um é o professor perfeito e o outro um incompetente, mas que um deles é claramente melhor profissional?