18.11.20

Dia Mundial da Filosofia - 19 de novembro de 2020

 

Filosofia, em busca de sabedoria

Filosofia é o estudo da natureza da realidade e da existência, do que pode ser conhecido, e do comportamento correto e incorreto. Vem da palavra grega phílosofia,que significa "amor à sabedoria". É um dos campos mais importantes do pensamento humano, pois aspira a alcançar o próprio sentido da vida.

Embora a UNESCO tenha começado a celebrar este dia em 2002, foi só em 2005 que declarou oficialmente sua comemoração na terceira quinta-feira de novembro.

Os principais objetivos do Dia Mundial da Filosofia são os seguintes:

  • renovar o compromisso regional, sub-regional e internacional com a filosofia;
  • incentivar análises, pesquisas e estudos filosóficos sobre grandes problemas contemporâneos para melhor responder aos desafios que a humanidade enfrenta hoje;
  • conscientizar a população sobre a importância da filosofia e seu uso crítico nas eleições que elevam os efeitos da globalização ou incorporação na modernidade para múltiplas sociedades;
  • fazendo um balanço do estado da filosofia de ensino no mundo, particularmente insistindo em dificuldades em seu acesso;
  • enfatizar a importância da generalização do ensino filosófico para as gerações futuras.

Esses objetivos são alcançados através da promoção de intercâmbios universitários e acadêmicos, mas também pela aproximação da filosofia para o público em geral, que sempre demonstrou interesse por essa atividade

Tema para este 2020

A edição 2020 gostaria de destacar a importância da filosofia em diferentes contextos regionais na realização de contribuições regionais para debates globais sobre desafios contemporâneos que possam apoiar transformações sociais.

O objetivo dessa abordagem é fomentar dinâmicas regionais que estimulem a colaboração global a fim de responder a desafios importantes como migração, radicalização, mudanças ambientais ou inteligência artificial.

Fundo

Em 2005, a Conferência Geral da UNESCO proclamou o Dia Mundial da Filosofia a ser celebrado a cada três quintas-feiras de novembro.

Ao estabelecer o Dia Mundial da Filosofia, a UNESCO se esforça para promover uma cultura internacional de debate filosófico que respeite a dignidade humana e a diversidade. O Dia incentiva o intercâmbio acadêmico e destaca a contribuição do conhecimento filosófico no enfrentamento dos problemas globais.

Por que um Dia da Filosofia?

Muitos pensadores afirmam que o "espanto" é a raiz da filosofia. Na verdade, a filosofia vem da tendência natural dos seres humanos de se surpreenderem consigo mesmos e com o mundo ao seu redor.

A filosofia nos ensina a refletir sobre a reflexão em si, a questionar continuamente as verdades estabelecidas, verificar hipóteses e a encontrar conclusões. Durante séculos, em todas as culturas, a filosofia deu origem a conceitos, ideias e análises que lançaram as bases para o pensamento crítico, independente e criativo.

O Dia Mundial da Filosofia celebra a importância da reflexão filosófica e incentiva as pessoas ao redor do mundo a compartilhar sua herança filosófica entre si.

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a filosofia fornece a base conceitual para os princípios e valores dos quais a paz mundial depende: democracia, direitos humanos, justiça e igualdade.

Além disso, a filosofia ajuda a consolidar os verdadeiros fundamentos da convivência pacífica e da tolerância.

Fonte: Página das Nações Unidas https://www.un.org/es/observances/philosophy-day

Imagem: Pintura mural de Lumen Martin Winter "Titãs", que fica na sede da ONU.



1.9.20

O Burro de Buridan

 

O paradoxo conhecido como o asno de Buridan não foi originado pelo próprio Buridan (1300-1358). Surge na obra 'De Caelo', de Aristóteles (IV a.C.) na qual o autor pergunta como um cão, diante de duas refeições igualmente tentadoras, poderia racionalmente escolher entre elas.

Buridan em nenhum momento discute este problema específico, mas sua relevância é que ele defende um determinismo moral pelo qual, salvo por ignorância ou impedimento, um ser humano diante de cursos alternativos de ação deve sempre escolher o maior bem.

Buridan defendia que a escolha devia ser adiada até que se tivesse mais informação sobre o resultado de cada ação possível.

Escritores posteriores satirizaram este ponto de vista imaginando um burro que, diante de dois montes de feno igualmente acessíveis e apetitosos, deveria deter-se enquanto pondera por uma decisão. Sendo incapaz de decidir-se por um dos montes, acabaria por morrer de fome.

As nossas escolhas e decisões poderão sempre beneficiar de uma cuidadosa ponderação. Essa não deverá, no entanto, inibir a ação, excepto se essa for efetivamente a melhor escolha.


30.8.20

'Ninguém nasce humano’ Prof. Desidério Murcho | CE Podcast

Um podcast, muito interessante, do Professor Desidério Murcho. Uma forma fácil de começarmos a pensar em temas que iremos abordar este ano, tanto em Filosofia como em Psicologia B. Bom regresso às aulas. 👍

4.7.20

Preparação para Exame Nacional de Filosofia

Produzido pelo professor Domingos Faria, para quem vai fazer exame nacional de filosofia, no próximo dia 8 de julho, poderá treinar aqui as questões de escolha múltipla para o Exame de Filosofia - Exame Nacional de Filosofia

27.6.20

O Fracasso Das Objeções À Eutanásia

O problema filosófico aqui abordado insere-se no âmbito da reflexão ética prática, na qual se discute de forma filosoficamente informada, opções práticas que têm relevância para todos nós, acerca de como devemos viver e morrer, atendendo a situações muito concretas.

Neste trabalho irei discutir problema da permissibilidade da eutanásia. Serão abordados dois argumentos utilizados por opositores à eutanásia e as respetivas objeções, apresentadas pelo filósofo Peter Singer, no livro Ética Prática, que visam demonstrar a permissibilidade da prática da eutanásia voluntária.

            A eutanásia consiste num procedimento que leva ao término da vida do paciente, a fim de acabar com o sofrimento, que este sente constantemente, uma vez que o sujeito, geralmente, sofre de uma doença degenerativa ou terminal, ou está em estado de coma. Há vários tipos de eutanásia, tendo em conta a forma como esta ocorre e a manifestação do desejo de morrer do paciente. Aqui, irei avaliar apenas a eutanásia voluntária.  Para ocorrer eutanásia classificada como voluntária, o paciente tem de pedir explícita e repetidamente a sua realização, não revelando, em momento algum, qualquer hesitação ou demonstração de incerteza.

            Existem duas perspetivas de resposta a este problema. A primeira é tomada por aqueles que consideram a eutanásia voluntária moralmente permissível e a segunda pelos que, pelo contrário, a consideram impermissível.
            No seu livro, Peter Singer apresenta e objeta alguns argumentos utilizados pelos opositores à eutanásia. Irei abordar dois destes argumentos. O primeiro é “À luz de uma teoria dos direitos, as pessoas têm direito à vida” e o segundo é “Há que respeitar as decisões autónomas dos agentes racionais”.

            Relativamente ao primeiro argumento apresentado, ele veicula um princípio básico que, em geral, aceitamos como verdadeiro. No entanto, é pertinente reconhecer que, apesar disso, não raras vezes, abdicamos de alguns desses direitos, umas vezes derivado do completo desconhecimento da sua existência, outras por não termos ou vermos a necessidade de os reivindicar, tal como se observa em vários casos, como no direito ao voto - o que podemos aferir pelas taxas de abstenção em todas as eleições - ou dos direitos à propriedade ou à privacidade, entre outros. Desta forma, não é por termos o direito à vida que somos obrigados a usufruir dele. Um direito é, por definição, algo que contempla tudo aquilo de que uma pessoa pode beneficiar, pelo simples facto de ser um ser humano. Podemos, assim, encarar os direitos como liberdades garantidas. Pelo que, aqueles que desejam a eutanásia não estão a ser privados do direito à vida, em momento algum, por ser uma decisão pessoal, racional, ponderada e informada. Uma vez que já não desejam viver mais e, cumprindo todas as condições necessárias para o recurso à eutanásia, esta deve ser permitida.
            No segundo argumento apresentado, pelos opositores, defende-se que a prática da eutanásia, é contrária à autonomia, pois implica um desrespeito pelas decisões autónomas dos seres racionais.
Desta perspetiva, o conceito de autonomia consiste na capacidade de tomar decisões individuais à luz das leis universais encontradas pela razão, permitindo assim a promoção do bem humano. Ora, se uma pessoa decide o fim da sua vida por meio da eutanásia está a atentar contra um bem, neste caso a vida. Deste modo, os opositores justificam o desrespeito pelo exercício da autonomia em caso de eutanásia.
Para refutar este argumento, Singer defende que se uma pessoa deseja ser submetida à eutanásia, não há nada que respeite mais a sua autonomia que realizar o seu pedido. Segundo este filósofo, a autonomia é a capacidade de decidir ou agir de acordo com as preferências individuais de cada um. Sendo assim, e tendo em conta que o pedido do paciente resulta de uma decisão tomada de modo livre, racional, ponderado e informado, a eutanásia voluntária deve ser admitida, uma vez que procura dar resposta a um pedido que reúne condições de legitimidade.
            Singer considera, então, não haver bons argumentos contra a eutanásia voluntária, pelo que, esta deve ser considerada como moralmente permissível.

            A minha posição relativamente à questão moral em causa, vai ao encontro da de Peter Singer, pelo que, também considero a prática da eutanásia voluntária permissível. A proposta de refutação apresentada por este filósofo aos argumentos dos opositores, e na qual o próprio fundamenta a sua perspetiva, parece-me bastante robusta.
Ao despenalizar a eutanásia não se está a agir contra os direitos humanos, uma vez que os pacientes envolvidos abdicaram deles em prol da sua decisão pessoal e informada, cujo objetivo é pôr fim a uma vida com pouca qualidade. Além disso, a prática da eutanásia assegura o respeito pelo exercício da autonomia, dado que valoriza a vontade consistente e esclarecida do paciente.
            Concluindo, considero que a perspetiva defendida por Peter Singer refuta eficazmente os argumentos propostos pelos que defendem a não permissibilidade da eutanásia voluntária. Por esta razão, penso que este tipo de eutanásia é moralmente permissível.
João Vicente, 10ºB