Podes consultar a Prova e Critérios de Correção do Exame de Filosofia, das 1ª e 2ª fases, em IAVE Provas e Exames finais nacionais ES
29.6.22
Exame Nacional de Filosofia 2022
11.6.22
Intenções ou consequências? II
Você é polícia e acaba de capturar o responsável pelo atentado
terrorista de Barcelona. É um homem perigoso que já causou a morte a vários
inocentes. Antes de ser preso já tinha colocado uma bomba de grande potência
num local público. Se não conseguir que ele revele o local onde colocou esta
bomba, muitos inocentes sofrerão e, provavelmente, irão mesmo morrer. O seu
colega sugere que o torturem para que ele fale. Você concorda, pois é a única
hipótese de evitar mais este massacre.
Como avaliar a possível tortura do terrorista?
A avaliação desta situação remete para o problema da
fundamentação da moral, que tem como objetivo responder à pergunta: “Que
critério ético se deve usar para se distinguir uma ação moralmente correta de
uma moralmente incorreta?”. Neste trabalho vou servir-me de duas perspetivas
estudadas em aula, a ética utilitarista, de John Stuart Mill, e a ética
deontológica, de Immanuel Kant.
Mill defende uma perspetiva utilitarista, que é
consequencialista e hedonista, ou seja, considera que uma ação é moralmente
correta ou incorreta em função das suas consequências, e que a consequência a
promover é a felicidade, entendida como o prazer ou a ausência de dor. O
princípio ético supremo é o princípio da utilidade ou da maior felicidade, que afirma
que uma ação é moralmente certa se é aquela, de entre as alternativas ao dispor
do agente, que maximiza a felicidade ao maior número de indivíduos, de uma
forma imparcial. Assim, uma ação é permissível se maximiza imparcialmente o
bem. Além disso, segundo Mill, tem de se ter em conta, para além da quantidade
de prazeres, a sua qualidade, pois os prazeres intelectuais são superiores aos
corporais e oferecem, por isso, mais felicidade a um ser racional. Desta
perspetiva, não existem valores absolutos e a felicidade é o bem último, uma
vez que é a finalidade última das ações humanas e tem valor intrínseco.
Por tudo isto, Mill avaliaria esta situação, da possível
tortura do terrorista, como sendo moralmente correta porque obedeceria ao
princípio da maior felicidade, maximizando a felicidade ao maior número de
indivíduos. Com esta tortura, e se ele revelasse o local da bomba, as
consequências seriam as melhores, pois evitar-se-ia o sofrimento de muitos
inocentes.
Kant defende uma perspetiva deontológica, ou seja, uma ação
é moral se, e somente se, for realizada por dever. Segundo Kant, as intenções
(e não as consequências) determinam o valor moral das ações. Deste modo, uma
ação é boa, moral, se a intenção do agente foi cumprir o dever, se foi
realizada na exclusiva vontade de cumprir o dever. Kant considera que as regras
morais nos são impostas pela nossa razão, como imperativos categóricos, a priori, sem condições nem reservas, e
são absolutas e universais. Assim, o princípio ético supremo é o imperativo
categórico, que pode ser expresso por duas formulações: a fórmula da lei
universal e a fórmula da humanidade. Esta perspetiva considera qua a boa
vontade é o bem último porque tem valor intrínseco e é ilimitadamente boa. A
boa vontade caracteriza-se pela autonomia, obedecendo à razão e ao imperativo
categórico. Já se for influenciada por interesses pessoais, sentimentos ou
inclinações imediatas caracteriza-se pela heteronomia, obedecendo, pelo
contrário, ao imperativo hipotético.
Pelo que, penso poder afirmar que Kant consideraria a
tortura do prisioneiro imoral, por não respeitar o imperativo categórico, mais
especificamente na fórmula da humanidade, porque não se deve usar ninguém como
um meio para obter algo, por bom que seja o resultado para todos. Todas as
pessoas têm direitos, que funcionam como um escudo protetor, proibindo todas as
ações que desrespeitam a dignidade da pessoa humana. E, neste caso, iam usar o
homem perigoso para obter a resposta sobre o lugar onde estava a bomba. Como
nesta perspetiva existem regras absolutas e universais, torturá-lo seria contrário
ao dever. Além disso, não obedeceria à fórmula da lei universal, pois se o
melhor para mim é não me torturarem, o melhor para aquele homem é o mesmo.
A perspetiva que avaliaria e nos orientaria melhor nesta
situação seria a de Mill. A tortura é, na maior parte das situações, um ato que
traz mais infelicidade, no entanto, nesta situação em específico, traria mais
felicidade, e a um maior número de indivíduos, e por isto os fins justificariam
os meios. Em várias situações, cumprir o dever e obedecer ao imperativo
categórico é o melhor a fazer, mas neste caso poderíamos considerar isso
desprezável, pois as melhores consequências possíveis seriam obtidas através da
tortura do homem, evitando o sofrimento a inúmeras pessoas inocentes.
Lara Luís
10ºA
9.6.22
Intenções ou consequências? I
Um homem entra num banco, aponta uma arma ao funcionário do balcão e
diz-lhe para abrir o cofre digitando o código do mesmo. O funcionário, com
o nervosismo, tem um ataque de asma. O ladrão desespera. O tempo passa depressa
e o ladrão tem medo que a polícia chegue entretanto. Assim, corre a buscar a
bomba e ajuda o empregado.
Como avaliar a ação do assaltante, ao ajudar o
empregado?
Este caso remete para o problema
filosófico da fundamentação da moral, que consiste na tentativa de estabelecer
um critério que permita definir o valor moral das ações humanas.
Para responder a esta questão irei recorrer à perspetiva utilitarista, de John Stuart Mill, e à deontologista, de
Immanuel Kant.
Mill defende uma perspetiva utilitarista, que avalia o valor moral das ações humanas em função das suas consequências, seguindo o princípio da utilidade ou da maior felicidade, que diz que uma ação é correta se maximizar a felicidade geral. Essa felicidade consiste no prazer e/ou ausência de dor, e deve ser calculada imparcialmente, pois não se trata da felicidade do agente, mas sim da felicidade do maior número possível de indivíduos. Mill defende ainda que não existem deveres morais absolutos, existindo ações, como mentir, que geralmente consideramos erradas, mas que em algumas situações podem ser corretas, se maximizarem o bem, como por exemplo, mentir para salvar a vida de alguém.
Para Mill a ação do assaltante, ao ajudar o empregado, seria correta e com valor moral, pois é a melhor ação, de entre as alternativas ao dispor do agente. A consequência dessa ação seria, talvez, salvar uma vida e, assim, maximizar a felicidade de todos os envolvidos, uma vez que todos ficariam mais tranquilos se o empregado fosse ajudado, e o assalto prosseguiria, provavelmente, sem maior sofrimento.
Kant defende uma perspetiva deontologista, que avalia o valor moral das ações em função do motivo da ação. Defende que existem deveres morais absolutos que devem ser cumpridos incondicionalmente, independentemente das suas consequências. A deontologia kantiana defende que o imperativo categórico é o critério supremo da moralidade, que permite distinguir a priori as ações corretas das incorretas. Kant defende que as ações moralmente valiosas são um fim em si mesmas e não um meio para um fim. Desta perspetiva, uma ação é realizada por dever, se o motivo da ação for fazer o que é correto, isto é, realizada na exclusiva intenção de cumprir um dever, tal como nos é imposto pelo imperativo categórico e é está conforme o dever, se a ação for motivada por interesses ou inclinações, como o sentimento de compaixão, por exemplo.
Para Kant, a ação do assaltante ao ajudar o empregado seria correta, mas não seria moralmente valiosa, pois o assaltante estaria a realizar uma ação que coincide com a ação moral - o dever moral de ajudar os outros - mas não o faz por dever, fá-lo para não demorar muito e não dar tempo de a polícia chegar. Assim sendo, para Kant esta ação estaria apenas conforme o dever, pois é motivada por um interesse particular do assaltante, que é mesmo gravemente contrário à moral: roubar.
Na minha opinião, a perspetiva que
melhor avalia esta situação é a deontologista de Immanuel Kant, pois nesta
circunstância o mais importante são os motivos da ação e não as suas
consequências. Apesar do assaltante ajudar o empregado, fá-lo apenas com a
intenção de não ser apanhado pela polícia, estando a utilizar o empregado como
um meio para um fim, não tendo por isso, esta ação, qualquer valor moral.
Francisco Couto
10ºC
5.6.22
Um novo desafio para estas férias de verão: Universidade júnior
Conhece os pormenores em Universidade Júnior 2022 abre inscrições a 6 e 7 de junho (up.pt)