30.12.09

Avatar, uma experiência inesquecível

Mesmo para quem não aprecia o género, o filme constitui uma experiência estética inesquecível e surpreende-nos pelas questões filosóficas que suscita. O facto de ser a três dimensões, permite-nos partilhar toda a emoção, toda a arte, a vida e o ecossistema de Pandora, a lua onde decorre a acção.
A mensagem não é nova, está nos antípodas da humanidade. A eterna luta do espiritual e do material, do bem contra o mal, mas o modo de a contar é surpreendente e arrebatador. É cientificamente credível, facto a que talvez não seja alheia a formação em filosofia e em física de James Cameron. A crítica social é esmagadora e omnipresente. Por um lado temos os Na´vi com uma grande ligação à natureza, à espiritualidade, em Pandora toda a vida está ligada entre si; Por outro lado temos os humanos que não olham a meios para atingir os fins.
Apesar de todas as invocações históricas - os Na´vi parecem-se com índios e o argumento lembra-nos "Dança com Lobos"-, de todos os antropomorfismos (poderia ser de outra forma?), o filme deixa-nos algumas interrogações e pode constituir um excelente ponto de partida para algumas questões éticas, mas também para questões relacionadas com o conhecimento e com a realidade. Os Avatares lembram-nos Platão e a "Alegoria da Caverna", vemos as sombras não a realidade em si, mas também a experiência mental dos "cérebros numa cuba", invocada por filósofos como James Rachels ou Stephen Law, já abordada na saga "Matrix".
"O filme passa-se em 2154, quando os humanos descobrem um valioso mineral num novo planeta, Pandora, habitado pelos Na´vi. Para entrarem no planeta, os humanos criam avatares, seres híbridos com DNA Na´vi, para extrair aquele mineral.
A história centra-se em Jake Sully, um militar norte-americano que, através do seu avatar, ficará dividido entre dois mundos, entre duas culturas, em conflito entre si."
CiênciaHoje
Um filme a não perder, uma experiência que nos deixa a pensar...

23.12.09

O Sentido da Vida

«O que dizemos para exprimir o absurdo das nossas vidas tem muitas vezes a ver com o espaço e o tempo: somos partículas minúsculas na vastidão infinita do universo; as nossas vidas são meros instantes até numa escala geológica, quanto mais numa escala cósmica; estaremos todos mortos em breve. Mas é claro que não pode ser qualquer destes factos evidentes que faz a vida ser absurda, se for absurda. Pois suponha-se que vivíamos para sempre; uma vida que é absurda se durar setenta anos não será infinitamente absurda se durar toda a eternidade? E se a nossas vidas são absurdas dado o nosso tamanho actual, por que seriam menos absurdas se ocupássemos todo o universo (ou por sermos maiores ou por o universo ser mais pequeno?)»
Um excerto do ensaio "O Absurdo", de Thomas Nagel

“Viver para quê? Ensaios sobre o sentido da vida”, Organização, tradução de textos e introdução de Desidério Murcho; Dinalivro, Lisboa, 2009.



«Quem não conhece a filosofia poderá pensar que procurar o sentido da vida é a tarefa central dos filósofos. Isto é historicamente falso. (…)
O leitor comum poderá igualmente esperar que os filósofos se pronunciem um pouco como gurus, declarando do alto da sua inacessível montanha qual é o sentido da vida. E a nós, meros mortais, restar-nos-ia então seguir tais oráculos ainda que não os compreendamos muito bem. (…)
A confusão a evitar é pensar que há uns valores esotéricos que precisam de ser cultivados para que a nossa vida tenha sentido. É uma resposta desse género que muitas pessoas esperam do filósofo, quando o encaram como um guru: subitamente ele dirá que o sentido da vida é cultivar feijões, cortar o cabelo rente ou assobiar música só às sextas-feiras. »

É desta forma clara e despretenciosa que Desidério Murcho faz a sua introdução a esta excelente selecção de reflexões acerca do sentido da vida. Um conjunto de ensaios, de filósofos actuais, nos quais se apresentam diferentes ideias, cuidadosamente fundamentadas. Os ensaios são curtos e a sua leitura acessível e agradável. Serão uma ajuda preciosa à preparação de possíveis trabalhos sobre este tema.

Índice dos ensaios:

O Sentido da Vida (1970) Richard Taylor
O Sentido da Vida (1957) Kurt Baier
Poderá o Propósito de Deus ser a Fonte do Sentido da Vida? (2000) Thaddeus Metz
O Absurdo (1971) Thomas Nagel
Felicidade e Sentido: Dois Aspectos da Vida Boa (1997) Susan Wolf
Despromoção e Sentido na Vida (2005) Neil Levy

17.12.09

Filosofar...

René Magritte

A filosofia ajuda-nos a pensar, a argumentar e é esse o seu método de estudo. Muitas vezes temos de recorrer a informações empíricas (a posteriori) para podermos levar o nosso pensamento mais além. Isto pode levar-nos a pensar que a filosofia é a posteriori, o que é errado, pois apenas recorremos às informações empíricas como auxiliares do pensamento e não como um método. Por exemplo, nas ciências, não podemos simplesmente chegar à conclusão de que o nosso coração está dividido em duas partes (uma para o sangue venoso e outra para o sangue arterial) sem recorrermos a uma experiência prática de abrirmos um coração e vermos o seu interior. Este estudo é a posteriori ou empírico. Já quando pensamos em problemas filosóficos, como: “Será que Deus existe?”, não recorremos à experiência mas ao pensamento, embora às vezes haja questões filosóficas que exigem conhecimentos resultantes de estudos a posteriori.
Sendo assim, além de ser um estudo conceptual, a filosofia também atribui importância às informações empíricas.
Os problemas filosóficos de modo geral são interrogações que nos interpelam. As teorias são a resposta ou solução para os problemas. São constituídas por argumentos, conjuntos de premissas interligadas que nos levam a uma conclusão. Esta defende a ideia geral, a tese que é a resposta ao problema colocado.
Por exemplo, quando alguém pergunta “Será que a felicidade é realmente necessária à Humanidade?”, está a colocar um problema, uma questão, que só pode ser resolvida através da filosofia. A este problema responde-se com uma teoria, composta por argumentos, como por exemplo “Se a felicidade não existisse, o Mundo seria um lugar triste, onde todos andariam de “mau humor”. Logo, a felicidade é necessária, para que vivamos com um sorriso nos lábios e tudo será mais agradável se andarmos felizes e bem-dispostos”.
Quem é preconceituoso não avalia argumentos. Um preconceito é uma ideia errada (ou não) que temos sem razões para tal, sem pensarmos no porquê de termos essa ideia. Simplesmente crescemos com ela ou formamo-la sem procurarmos saber porquê, pois não pensámos nisso.
Por exemplo, se crescermos numa sociedade em que as mulheres não têm direitos, quando formos adultos, iremos ensinar aos nossos filhos que as mulheres não têm direitos. Isto é um preconceito porque crescemos a pensar que é mesmo assim, e nunca pensámos por que razão as mulheres não têm direitos.
Ser crítico é avaliar imparcialmente estas ideias de forma a descobrir se são verdadeiras ou falsas. Para as avaliarmos temos de ter em conta se são baseadas em argumentos cogentes, porque, é nisso que nos focamos quando tentamos perceber se as ideias fazem algum sentido, se são correctas.
Ao sermos críticos, não podemos tomar uma posição e defendê-la, mas sim tentar perceber todas as posições que se confrontam, e escolher a melhor, não a que nos parece mais acertada para nós próprios, pois todos temos uma visão das coisas diferente das dos outros; mas a mais racional, a melhor fundamentada.
Filosofar é inevitável porque consiste em pensar. Todos nós pensamos, mesmo que seja mal e com ideias absurdas. Quando alguém diz que a filosofia não serve para nada, no fundo essa pessoa, paradoxalmente, pensa que a filosofia é inevitável, pois, para essa pessoa dizer que a filosofia não serve para nada, teve de pensar em argumentos que a levaram a tal conclusão e, para isso, filosofou.
Ana Lopes
10.º F

16.12.09

O que é o Kiva?






Sistema de Micro-Empréstimos a empreendedores individuais.

O Kiva é um sistema de micro-empréstimos directos entre pessoas individuais. O conceito não é novo, foi posto em prática em 1976 por Muhammad Yunus, iniciativa de grande sucesso que lhe valeu a distinção do prémio Nobel da Paz, em 2006. A novidade deste sistema é que funciona exclusivamente através da internet.

As pessoas a quem fazemos o empréstimo são reais e é possível conhecer um pouco da sua história, do seu projecto para combater a situação de pobreza em que vivem.

O que mais atrai neste projecto é o facto de não nos pedir para “dar” mas sim para emprestar; apostar nas capacidades de cada um e, através desse empréstimo, melhorar as suas condições de vida, da sua família e da sua comunidade. É um enorme voto de confiança na capacidade empreendedora destas pessoas.
Os empréstimos, num mínimo de 25 Dólares (17,10 Euros), são feitos através da organização Kiva, que mantém o processo o mais transparente possível e não tem fins lucrativos. Como garantia, tem como principal fiador Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos.

O pagamento do empréstimo é feito num período de seis a doze meses e o Kiva envia-nos regularmente uma newsletter que nos informa do sucesso do nosso empreendedor.
Quando, findo esse prazo, o nosso empréstimo é pago, somos livres de receber o valor ou voltar a emprestar a outro empreendedor.

Trata-se de uma experiência única, que nos liga a outro homem ou a outra mulher, ajudando-o(a) a conquistar a sua independência económica, o bem-estar da sua família, o cumprimento de pequenos projectos, até agora longínquos sonhos profissionais e pessoais.
Há quem sugira que os empréstimos mais eficazes são os que têm como destinatários mulheres/ mães, porque a sua prioridade é, quase naturalmente, a melhoria das condições de alimentação, de saúde e de educação dos seus filhos e menos o crescimento ou o sucesso dos seus negócios, como acontece em geral com os homens, pelo que a transformação da realidade destas comunidades é mais rapidamente conseguida.



Um exemplo: A Yolanda tem 59 anos, é de El Salvador, precisa de 1000$, no total, para comprar mercadorias e melhorar o seu pequeno negócio de comidas e bebidas.

Vale a pena uma visita ao site http://www.kiva.org/

5.12.09

"As Sombras da Vida"


A Alegoria da Caverna é um dos textos mais conhecidos de Platão. Pode encontrar-se em “A República”. Este texto relata a situação de alguns prisioneiros acorrentados numa caverna, virados de costas para a abertura, por onde entra a luz. Sempre viveram ali, naquela posição. Conheciam os animais e as plantas somente pelas suas sombras projectadas na parede. Um dia, um dos homens consegue soltar-se e foge para fora da caverna. Fica encantado com a realidade que encontra e apercebe-se que foi iludido pelos seus sentidos. Agora estava diante da verdadeira realidade e não apenas das suas sombras, diante do conhecimento. Voltou à caverna e contou aos companheiros o que havia visto. Estes não acreditando, preferiram continuar no seu mundo de sombras.
Para Platão, as coisas que nos chegam através dos cinco sentidos, são apenas as sombras das ideias. Quem estiver preso ao conhecimento das coisas observáveis nunca poderá alcançar o mundo da razão, ficando para sempre prisioneiro das aparências.

Este texto faz-nos pensar, na verdade, no conhecimento na vida…
Nós, seres humanos, vivemos num planeta minúsculo, aprisionados ao nosso dia-a-dia, à nossa caverna. Falta-nos o caminho para a “saída da gruta”. Esse caminho, a procura da verdade, é uma viagem que exige sacrifício, uma libertação da realidade imediata pelo pensamento. Para nos libertarmos, é preciso desenvolver o pensamento crítico. A luz fora da caverna significa a verdadeira sabedoria. Mas é difícil contemplar a luz da verdade pela primeira vez. Temos de o fazer por etapas.

Podemos dizer que o conhecimento dá trabalho, as crenças têm muito peso e é difícil abandoná-las devido aos hábitos de uma vida. Mas será que temos boas razões para as aceitar?
A Alegoria sugere ainda que as diferentes culturas têm diferentes concepções da realidade. Será possível conciliar o respeito pelo multiculturalismo e o dever de impor limitações, sem as quais a ética não é possível? A verdade nem sempre está com a maioria, que podemos fazer para melhorar este estado de coisas? Se a maioria conseguir sair da caverna teremos uma sociedade mais esclarecida.
Em suma, a “Alegoria da Caverna” é um texto excelente para nos fazer pensar. Esta obra “serve” a vida e o pensar mais puro. A maioria das pessoas nunca se apercebe que talvez viva uma falsa realidade. Talvez seja por isso que se sentem infelizes e frustradas com as suas vidas. Todos devíamos ser mais críticos para podermos ter outra percepção da vida, para sermos mais racionais e também mais imaginativos.
João Ribeiro
10º. D

2.12.09

Comércio Justo e Turismo Ético




Composição do preço final do café ao consumidor, na Europa Ocidental:
44,9% impostos, direitos aduaneiros, frete
23,7% margem dos comerciantes
17,8% margem dos armazenistas e industriais da torrefação
8,5 % proprietários da plantação
5,1 % salários dos trabalhadores

Comércio Justo
A actual sociedade de consumo promove grandes desequilíbrios sociais e ambientais. Todos os nossos gestos e opções diárias afectam não só a nossa vida mas a vida de outras pessoas e põem em causa a sustentabilidade do planeta. Mas é também verdade que o consumo é inevitável e até necessário para a circulação e manutenção dos sistemas económicos.
Como resolver, então, este paradoxo? Como garantir a protecção dos direitos humanos, a preservação do ambiente e a sustentabilidade económica e cultural?

O Comércio justo é um dos pilares da sustentabilidade económica e ecológica.Trata-se de um movimento social e uma modalidade de comércio internacional que busca o estabelecimento de preços justos, bem como de padrões sociais e ambientais equilibrados, nas cadeias produtivas.
A ideia de um comércio justo surgiu nos anos 1960 e ganhou corpo em 1967, quando foi criada, na Holanda, a Fair Trade Organisatie. Dois anos depois, foi inaugurada a primeira loja de comércio justo. O café foi o primeiro produto a seguir o padrão de certificação desse tipo de comércio, em 1988. A experiência espalhou-se pela Europa e, no ano seguinte, foi criada a International Fair Trade Association, que reúne atualmente cerca de 300 organizações em sessenta países.
O movimento dá especial atenção às exportações de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, como artesanato e produtos agrícolas. Em poucas palavras, é o comércio onde o produtor recebe remuneração justa por seu trabalho.
Alguns países têm consumidores preocupados com a sustentabilidade e que optam por comprar produtos vendidos através do comércio justo. Esta opção ética tem permitido aos pequenos produtores de países tropicais viver de forma digna ao fazerem a opção pela agroecologia, como agricultura orgânica.
O comércio justo é, então, rede europeia de lojas de comércio justo, uma espécie de parceria entre produtores e consumidores que trabalham para ultrapassar as dificuldades enfrentadas pelos primeiros, para aumentar seu acesso ao mercado e para promover o processo de desenvolvimento sustentável. O comércio justo procura criar os meios e oportunidades para melhorar as condições de vida e de trabalho dos produtores, especialmente os pequenos produtores desfavorecidos. Sua missão é promover a equidade social, a protecção do ambiente e a segurança económica através do comércio e da promoção de campanhas de consciencialização.
É fundamental educar e mobilizar a sociedade civil - e em especial as gerações mais jovens – para a mudança dos hábitos de consumo, tornando-nos mais críticos, exigentes e responsáveis, como exercício da nossa cidadania. Um bom exemplo, em Portugal, é a Mó de Vida – Cooperativa de Consumo que podemos conhecer em
http://www.modevida.com/modevida.html










Turismo Ético e Solidário
A actividade turística, da forma como tem sido desenvolvida, tem-se revelado profundamente devastadora para as comunidades dos países receptores, suas culturas e tradições, e para o meio ambiente. Além disso, tem ajudado a aprofundar as desigualdades socioeconómicas entre os países do Norte (mais ricos) e os do Sul do planeta, já que os lucros gerados em quase nada beneficiam as comunidades locais.

Concretizando, no actual cenário económico mundial o Turismo possui as seguintes características:
- É o sector de mais rápido crescimento da economia mundial. Portanto, os países subdesenvolvidos tentam atrair investimentos estrangeiros sem qualquer critério, considerando que o seu potencial pode gerar milhões de dólares com relativa facilidade;
- Dominado pelas grandes empresas transnacionais;
- Pacotes "tudo incluído" pagos na origem;
- Quando utiliza mão-de-obra local, pratica uma política de baixos salários sem garantir um mínimo de estabilidade;
- Mercado extremamente competitivo, onde os factores preço, criação de ilusões (promessa de lugares de sonho, exotismo, etc.), são tidos em conta em detrimento de outros aspectos que exigiriam um trabalho mais aprofundado de pesquisa e informação ao consumidor de viagens;
- Fortes campanhas de "marketing" promovidas por estes grandes grupos, dirigidas somente ao bem-estar do turista, provocando:- Fraca consciencialização do turista para os problemas sociais, ambientais, políticos e económicos enfrentados pelas populações que os recebem;- Perda das identidades culturais locais através da criação de estereótipos adequados a um ou mais mercados emissores.
- O já referido consumo de culturas exóticas, praias paradisíacas e hotéis de luxo é altamente direccionado para os países do 3º mundo - América Latina, Ásia e África, cuja fragilidade da legislação potencializa o benefício unilateral das transnacionais.
O movimento por um Turismo ético, responsável e solidário tem origem na Europa com base nos princípios do Comércio Justo. É o ponto de partida para o desenvolvimento sustentável do sector.Pode dizer-se que é uma iniciativa recente em termos de estudo, organização e implementação por parte do 3º sector (ONGs, cooperativas, associações e outras formas de organização comunitária).Objectivos:Através do cumprimento de princípios e critérios éticos, o objectivo é conseguir condições para o financiamento de projectos de desenvolvimento sustentável, formação e infra-estruturas, para além de parcerias em experiências de trabalho concretas.
O que significa Turismo Ético, Responsável e Solidário?
- Igualdade nas parcerias de comércio entre o Norte e o Sul;
- utilização dos impostos oriundos do Turismo, para a erradicação da pobreza no Sul, através de decisões democráticas, baseadas na colaboração e na realização de parcerias entre os pólos emissores e os receptores, para a criação de estruturas;
- construção de uma rede local de abastecimento de serviços do comércio justo, através das operações turísticas;
- transparência, acesso à informação, formação e desenvolvimento em favor das comunidades dos destinos turísticos;
- controle por parte da comunidade do planeamento e decisões sobre o Turismo;
- sustentabilidade ambiental, social e cultural;
- diversificação das economias locais;
- respeito pelos direitos humanos.

A prática de um Turismo Ético, Responsável e Solidário, além de ajudar as comunidades dos países de destino, é um instrumento importante na consciencialização dos turistas do Norte face às grandes diferenças existentes em relação aos países do Sul.
O confronto com a realidade, tomando conhecimento no local visitado das desigualdades, injustiças, etc., levarão à adopção de atitudes mais solidárias nas suas vidas quotidianas em relação ao Sul, tanto no que diz respeito ao consumo responsável como a um comportamento mais reivindicativo no que toca a políticas que visem a diminuição e, se possível, a extinção dessas mesmas desigualdades.

Fontes: Wikipédia; Site da Mó de vida–Coop.Cooperativa de Comércio Justo http://www.modevida.com/modevida.html
Sítios/blogues dedicados ao tema: Cores do Globo, Reviravolta, Fair Trade-Portugal.
http://www.safari-afrique.org/?lng_f=pt;http://faceturis.blogs.sapo.pt/50745.html; http://www.consumosustentavel.org/index.php/home/3113.html

24.11.09

Trevas e razão, ontem como hoje





«O Nome da Rosa» (a partir) de Umberto Eco pelo Fatias de cá. No Convento de Cristo, em Tomar, até 20 de Dezembro de 2009.
O Fatias de Cá, criado em Tomar em 1979, enquanto Companhia de Teatro desenvolve projectos de âmbito profissional e amador.A designação deste grupo, criado em Tomar em 1979, inspira-se no nome de um doce conventual (Fatias de Tomar).

Esta encenação do Fatias de Cá é muito interessante já que conjuga, com sucesso, três objetivos:
- o da valorização do património, quer o construído quer o paisagístico, que é entendido como um espaço teatral privilegiado;
- a partilha com o público de um momento de refeição que  é assumido como uma forma de sociabilização e de concentração no espaço-tempo convocado pelo espectáculo;
- e o acto teatral que é entendido como um momento inclui, envolve e emociona o próprio público.
O Fatias de Cá usa como lema uma frase atribuída a Galileu: “Não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho.”

O enredo de O Nome da Rosa gira em torno das investigações de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro de uma abadia medieval. Com ares de Sherlock Holmes, o investigador, o frade franciscano William de Baskerville, assessorado pelo noviço Adso de Melk, vai fundo nas suas investigações, apesar da resistência de alguns dos religiosos do local, até que desvenda que as causas do crime estavam ligadas a manutenção de uma biblioteca que mantém em segredo obras apócrifas, i.e. obras que não seriam aceites em consenso pela igreja cristã da Idade Média, como é o caso da apologia do riso criada por Eco e atribuída ficcionalmente a Aristóteles.

Um excelente texto, dos mais conhecidos e apreciados da obra ficcional de Eco. Resultado de um estudo de época rigoroso, que nos proporciona um retrato histórico bastante fiel dos meados do século XIV. Uma viagem imaginária e excitante à Idade Média. Um pretexto para uma reflexão sobre questões filosóficas como as definições de bem e de mal, das crenças religiosas, dos conceitos e das crenças tanto daquela época, como das actuais.
São muitas as razões para não perder esta oportunidade de ver um espectáculo diferente.
(Informações retiradas da página do Fatias de Cá).

21.11.09

Como Estudar Filosofia?

Para termos bons resultados em filosofia é importante não só estudar, como saber estudar bem. Desidério Murcho, acaba de publicar um interessante artigo na crítica, revista oline de Filosofia de acesso livre, com alguns conselhos nesse sentido. Pode aceder clicando aqui.

20.11.09

A Plasticidade da Experiência Humana dois...


Para reflectir sobre a arte e sobre a vida. Sobre a capacidade do ser humano se transcender e, como a educação pode ajudar...

19.11.09

Ética e Poder

HANNAH e MARTIN











Já começaram os ensaios do espectáculo «Hannah e Martin», de Kate Fodor. Os actores Ana Padrão, Cátia Ribeiro, Cristovão Campos, Diogo Mesquita, Francisco Pestana, Irene Cruz, Luis Alberto, Maria Ana Bernauer e Rui Mendes interpretarão as personagens que darão vida a esta peça. A encenação é de João Lourenço e a dramaturgia de Vera San Payo de Lemos. Estreia dentro de dias no Teatro Aberto, à Praça de Espanha, em Lisboa.

Durante os julgamentos de Nuremberga, Hannah Arendt visita Martin Heidegger, seu antigo professor, mentor e amante. Este encontro entre o filósofo convertido ao nazismo e a filósofa judia, depois da guerra, leva-os a reviver o passado. «Hannah e Martin» é uma peça na qual o universo mais íntimo se mistura com a política, a história e a ética, colocando questões pertinentes ao espectador de hoje, tais como:

Qual é o poder das ideias e que força encerram os ideais de quem tem poder? Qual é a origem da crueldade? E do amor? E da integridade? Será algum dia possível compreender a natureza humana e as suas motivações? (Informação retirada do site do Teatro Aberto).
A não perder.

Dia Internacional da Filosofia

Em 1995, a UNESCO assinalou a terceira quinta-feira do mês de Novembro como Dia Internacional da Filosofia, partindo da premissa de que "os problemas que trata a Filosofia são os problemas da vida e da existência dos homens considerados universalmente".

O ECB não deixou de comemorar esta efeméride, preparando aulas em torno do texto A alegoria da caverna de Platão.
Os alunos, como é hábito quando se trabalha este texto, não só apresentaram as suas inquietações como discutiram, inicialmente sem se aperceberem, problemas filosóficos que vão ser aprofundados ao longo dos 10.º e 11.º anos.
A todos os alunos, os nossos parabéns pela capacidade de argumentação e insistência em pensarem por si mesmos!
Os professores de Filosofia

18.11.09

Egoísmo Psicológico

Depois da aula de Filosofia, a Sandra e o Rogério dirigiram-se ao pátio para mais uma conversa de intervalo. Mas, desta vez, resolveram continuar a discussão que tiveram na aula.

Sandra: Não concordo nada com o egoísmo psicológico. Eu acho que não devemos ser egoístas! Que mania que os filósofos têm de nos pôr a cabeça às avessas.
Rogério: Espera... repara que o egoísmo psicológico não é uma teoria normativa, que diga como te deves comportar.
Sandra: Então?
Rogério: Apenas te diz como se explicam as acções humanas. Lembras-te de o professor dizer que uma acção se explica a partir da identificação dos desejos e das crenças?
Sandra: Lembro, claro. Os motivos de uma acção traduzem sempre crenças e desejos.
Rogério: Exacto. O egoísmo psicológico é uma teoria que pretende descrever as acções, de tal maneira que se torne possível descobrir os verdadeiros motivos que nos levaram a agir. E segundo esta teoria, o verdadeiro motivo é o interesse pessoal.
Sandra: Mas tu achas que esta teoria faz algum sentido?
Rogério: Para mim faz. Se eu ajudo uma pessoa, que até desconheço, com roupas, não achas que o faço porque quero? Quem é que deseja ajudar essa pessoa? Sou eu. Quem é que acredita que ao ajudar essa pessoa, pode ficar bem com a sua consciência? Sou eu. Portanto, eu agi em conveniência com o que considerei mais vantajoso para mim.
Sandra: Será que fui egoísta quando te passei os apontamentos das aulas quando partiste o braço?
Rogério: Hummm! Bem... que motivos te levaram realmente a passar-me os apontamentos?
Sandra: Achas que foi a pensar que quando eu partisse um braço, tu farias o mesmo? Preguiçoso como és! (gargalhadas) Claro que não! Fi-lo porque quis, é verdade, mas não porque tivesse um especial gozo em fazê-lo, ou acreditasse que me sentiria melhor comigo mesma. Sabes o que eu senti, na realidade? O braço dormente! Ora, nem tudo o que fazemos consiste numa busca de experiências aprazíveis.
Rogério: Okay! Mas que motivos te levaram a agir dessa maneira?
Sandra: Eu agi assim porque és meu amigo; fi-lo de um modo desinteressado.
Rogério: Nenhuma acção é desinteressada, porque agimos em função de determinados motivos.
Sandra: O principal motivo da minha acção foi ajudar-te, não podes por isso concluir que fui egoísta apenas porque o meu interesse era que tivesses os apontamentos das aulas. Talves devas repensar essa ideia de que basta querermos fazer alguma coisa para nos comportarmos de um modo egoísta.
Rogério: Queres convencer-me de que o egoísmo psicológico é pouco plausível?
Sandra: Posso apresentar-te o meu argumento. Esta teoria diz que todas as acções são egoístas. Ainda te lembras de como se negam proposições?
Rogério: Claro! Gostei muito dessa matéria. Essa proposição negada fica: algumas acções não são egoístas.
Sandra: Certíssimo. E é por aí que posso argumentar. Ora repara: supões que não se pode colocar no mesmo patamar o interesse pessoal e o bem dos outros. Ainda que admita que muitos dos actos que cometemos persigam o nosso interesse pessoal, é bem verdade que se encontrar um exemplo de uma acção em que há compatibilidade entre o interesse pessoal e uma preocupação com os outros, refuto o egoísmo psicológico. O exemplo que te dei há bocado, bem presente na dor que ainda tenho no pulso, mostra que quis ajudar-te (tive esse interesse), o qual é compatível com uma preocupação contigo.
Rogério: Tu estás a confundir as coisas, Sandra. No momento em que te preocupas comigo ou com outra pessoa qualquer, fá-lo com a convicção de que isso é mais vantajoso para ti. Em suma, a tua acção foi motivada pelo interesse em te sentires bem com o facto de eu estar bem.
Entretanto, tocou para a entrada. A Sandra ficou a pensar numa resposta para dar ao Rogério.
Concordas com a Sandra ou com o Rogério?

16.11.09

Detective das falácias

1. "Ninguém provou que os extra-terrestres existem. Logo, não existem."
2. "Ou continuo a fumar ou engordo. Não quero engordar. Logo, não posso deixar de fumar."

3. "A Microsoft produz o melhor Software do mercado. Sabemos que produz o melhor Software, porque tem os melhores engenheiros informáticos. A razão pela qual tem os melhores engenheiros é a de poderem pagar-lhes mais do que as outras empresas. Obviamente podem pagar-lhes mais porque produzem o melhor Software do mercado.

Qual a falácia cometida?

Quem tem Razão?

João: No teu entender, devemos ter preocupações éticas com os animais?
Ana: Não! Que disparate. Os animais não são seres conscientes.
João: Então pensas que só os seres conscientes devem ser considerados eticamente?
Ana: Exacto.
João: Não concordo contigo. Repara que se os animais sentem dor, são sencientes.
Ana: Interessante. Continua.
João: Se os animais são seres sencientes, devemos considerá-los eticamente.

Texto de Valter Boita, Adaptado.

O que é uma acção?

Van Gogh, Os prisioneiros(1890)
Intuitivamente distinguimos o que fazemos, das coisas que nos acontecem. Aquelas que dependem de uma certa iniciativa da nossa parte, daquelas em que nos limitamos a ser meros receptores ou actores.
Usamos, no dia-a-dia o termo acção, para designar movimentos e os seus resultados, Assim falamos da acção das chuvas, das marés e assim por diante. Também é habitual pensar na acção identificando-a com comportamentos observáveis. Neste contexto opomos por vezes acção a reflexão. Esta seria assim um processo interior, subjectivo; a acção, um comportamento físico, concreto e observável.
Mas a acção humana tendo uma componente física, não se resume a ela. Na verdade, os mesmos movimentos permitem realizar actos diferentes e, um acto pode ser realizado mediante diferentes movimentos. Além disso parece que o que fazemos sem intenção não é uma verdadeira acção, associamos a acção a algo que o agente faz acontecer intencionalmente.
O caso seguinte ajuda-nos a reflectir sobre este assunto:

"Filha de um rico industrial, Maria foi raptada. Os raptores exigem como resgate Um milhão de euros no prazo de uma semana. O pai da Maria rejeita a hipótese de chamar a polícia e consegue reunir a soma exigida. Num local desabitado e fora do alcance, de olhares indiscretos - escolhido, como é óbvio, pelos raptores -, entrega a mala com o dinheiro e regressa a casa com a filha."

Podemos considerar o acto do pai da Maria uma acção? O seu comportamento implica uma decisão. Essa decisão foi livre? Então como podemos definir uma acção?

15.11.09

Seremos livres?

Se fazemos aquilo que queremos, então agimos em liberdade.
Será que aquilo que queremos depende de nós? Será que controlamos os nossos quereres ou são eles que nos controlam? Seremos efectivamente livres?

"Suponha que tinha ordens para ler isto. Encontra-se a obedecê-las. Depois recebe ordens para questionar as ordens. E, portanto questiona-as. Depois recebe ordens para as deixar de questionar. Portanto, deixa de o fazer. Neste caso iria imediatamente perceber que não tem liberdade, que estaria sob o controlo das ordens. (...) Mas suponha que as ordens não eram dadas sob a forma de instruções, mas antes sob a forma de anseios directos que o faziam agir de determinada forma. Estar sob o controlo de anseios seria mais subtil do que ser controlado por instruções verbais, pois poderia facilmente pensar que os anseios estavam sob o seu próprio controlo (...)"
Retirado de Critica na Rede
Imagem: Magritte, The son of Man (1926)

Prémio Paz 2009

Ramin Jahanbegloo é um filósofo iraniano, professor na Universidade de Toronto, que recebeu o prémio Paz 2009, atribuído pela Associação das Nações Unidas de Espanha. Este prémio foi-lhe atribuído pela intensa actividade intelectual e política na defesa da não-violência, liberdade de pensamento e diálogo intercultural.
Estará em Portugal no próximo dia 24 de Novembro a fim de participar nas V Conferências internacionais de Filosofia e Epistemologia do Instituto Piaget em Viseu.
Nestas conferências participam também George Steiner e Henri Atlan.
Informação do jornal online CiênciaHoje.

12.10.09

Hipátia uma filósofa em Alexandria


Os nossos alunos, estranhando a ausência de figuras femininas na história da filosofia, perguntam por vezes se nunca houve nenhuma filósofa. A resposta é sim. Além das muitas filósofas da actualidade, existiu Hipátia. Filósofa e matemática, nascida e educada em Alexandria, mais tarde em Atenas, onde estudou na Academia Neoplatónica, voltando depois a Alexandria para ocupar a cadeira de Plotino na Academia desta cidade. Esforçando-se por pôr em prática o ideal helénico: "Mente sã em corpo são", praticou também ginástica. Aos trinta anos já era directora da Academia. Foi também inventora, sendo-lhe atribuída a invenção do Astrolábio e do Planisfério por exemplo.

Soube, através do blog De Rerum Natura, que vai estrear: "Agora" um filme sobre a vida de Hipátia ou Hipácia; nascida em 370 e assassinada em 415, quando contava 45 anos de idade.

O filme é do realizador Alejandro Amenabar e tem Rachel Weisz no papel de Hipátia. Conta ainda com as participações de Oscar Isaac, Max Minghella, Ashraf Barhom, Michael Lonsdale, Rupert Evans e Howayouh Ershadi.

Uma excelente oportunidade para conhecer melhor esta mulher e a época em que viveu.

Sobre esta época escreveu Carl Sagan no seu livro "Cosmos":

"Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e a base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. A última cientista foi uma mulher, considerada pagã. O nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora a respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido a Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, a biblioteca de Alexandria foi destruída. Milhares dos seus preciosos documentos foram queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época."

Um filme a não perder.

9.10.09

COMO LER OS TEXTOS?

«Quando lemos um texto de um filósofo devemos procurar o seguinte:

1. Que problema ou problemas está o filósofo a tentar resolver?

a) Como podemos formular de forma rigorosa o problema? Haverá formas subtilmente erradas de formular o problema, talvez semelhante à correcta mas enganadora?

b) Por que razão é esse problema importante? Será mesmo importante? Que diferença faz? Não será apenas uma confusão? Por que razão é uma confusão? E porque razão não é uma confusão?

2. Que teoria propõe o filósofo para resolver o problema?

a) Como poderemos formular e articular rigorosamente essa teoria? Quais são os aspectos mais subtis, que por isso mesmo nos podem escapar?

b) Será essa teoria adequada para resolver o problema? Será uma teoria aceitável? Que consequências tem? Quais são os seus pontos fracos? Quais são os seus pontos fortes?

c) Que outras teorias existem para resolver esses problemas? Será que esta teoria que estamos a estudar é melhor que qualquer outra? Porquê? Que vantagens tem (…) em relação às outras? E que desvantagens tem?

3. Que argumentos apresenta o filósofo?

a) Como podemos formular da forma mais rigorosa possível os argumentos centrais do filósofo?

b) São esses argumentos sólidos? Ou são falaciosos? Ou baseiam-se em premissas inaceitáveis? Se são inaceitáveis, por que razão?

c) Que outros argumentos podemos avançar para apoiar ou refutar as ideias do filósofo? Apresenta o filósofo alguns contra-argumentos aos argumentos que podemos avançar contra ele? Ou ignora-os por completo?

Ler os textos dos filósofos sem fazer estas perguntas é empobrecedor e transforma a filosofia num velório de Grandes Filósofos Mortos, em que nos limitamos a repetir as suas ideias sem as perceber muito bem. »

Desidério Murcho, A natureza da filosofia e o seu ensino, Plátano Edições Técnicas, Colecção Aula Prática, 1ª edição, Lisboa, 2002, pp 91-92.

6.10.09

A plasticidade da experiência humana ...

Lucas Murray, uma criança invisual que aprendeu a utilizar a audição para "ver". Um processo de ecolocalização semelhante ao dos morcegos.

4.10.09

Sobre a Arte e Sobre a Vida


SEIS PERSONAGENS À PROCURA DE AUTOR

Pela companhia Artistas Unidos, na sala principal do Teatro Municipal de S. Luís. Texto (de 1921) de Luigi Pirandello , tradução Mário Feliciano e Fernando José Oliveira, encenação Jorge Silva Melo, cenografia e figurinos Rita Lopes Alves e Luz Pedro Domingos. Com João Perry, Sylvie Rocha, Lia Gama, Pedro Gil, Cândido Ferreira, Pedro Luzindro, Alexandra Viveiros, John Romão, Vânia Rodrigues, António Simão, entre outros, e a participação especial de Mariema. Para maiores de 12 anos. De Quarta a Sábado às 21h00 e Domingo às 17h30; até 18 de Outubro.

Quando a acção começa, o que se vê em cima do palco é um ensaio de teatro. Encenador, produtor, técnicos e actores preparam-se: há ordens dadas alto, aquecimentos de voz, passos de dança, cenários a passar… até que entra uma família de luto que se anuncia como seis personagens à procura de um autor. Viveram um drama e agora vivem outro por terem sido abandonadas pelo seu criador e não haver autor para contar as suas vidas.

“Acredite, somos seis personagens fantásticas, se bem que à deriva”, diz o pai (João Perry) ao encenador incrédulo, que pergunta: “Mas onde é que está a peça?” e surpreendentemente a resposta é “ Está em nós, somos nós.”
A situação é tão bizarra que provoca sorrisos no palco e na plateia: como não há quem aproveite estas figuras, elas deambulam oferecendo-se e tentando convencer o encenador a “continuar as suas vidas interrompidas”, expondo a injustiça e o mérito dramático da sua condição.

Entre o absurdo da conversa compreende-se, com surpresa, o propósito de Pirandello: reflectir a arte enquanto representação da vida, pondo à prova o teatro e todo o talento maior dos actores que nunca chegará para representar a vida e a tragédia destas personagens que a vivem e revivem, repetidamente, presos ao papel que foi escrito para elas e cujo fim desconhecem. O que é vida e o que é ilusão? Para as seis personagens a realidade são elas e “o palco um lugar onde se brinca às verdades”, sem nunca sequer chegar à realidade. Não querem ser representadas pelos actores da companhia. Afinal, como alguém poderia representar melhor a vida de uma personagem do que ela própria?

Por outro lado, Pirandello conduz-nos a uma reflexão sobre a vida e a angústia do homem que busca a compreensão de si e da realidade e se reconhece só e abandonado à sua sorte pelo “autor” que, depois de o criar a ele e ao seu mundo, parece nada lhe dizer em relação àquilo que deve ser a sua conduta ou qual o sentido que deve dar à sua vida, vendo-se assim obrigado a deambular pela vida à procura de si próprio.
A não perder.

3.10.09

Poderemos recusar o filosofar?

Sócrates e Platão
«Pensa-se por vezes que se deve abandonar o pensamento filosófico enquanto não houver métodos científicos apropriados para investigar tais temas. Há nesta perspectiva dois aspectos que merecem reflexão. Em primeiro lugar, trata-se de uma ideia filosófica e não científica. Isto é, não se poderá provar em laboratório, ou através de cálculo matemático, que devemos abandonar o pensamento filosófico. A filosofia é irrecusável porque mesmo para a recusar é necessário argumentar filosoficamente, o que é auto-refutante.
Compare-se com a recusa da astrologia, que não exige que se argumente astrologicamente; e imagine-se quão ridículo seria um argumento contra a astrologia baseado num mapa astral. Pode-se recusar a reflexão filosófica sobre temas particulares, com argumentos filosóficos particulares, que mostrem que tais temas são insusceptíveis de reflexão séria, mas não se pode recusar a filosofia em bloco sem usar argumentos filosóficos, o que acarreta uma contradição óbvia.
A filosofia é apenas o exercício da capacidade para o pensamento crítico sobre qualquer tema susceptível de ser pensado sistematicamente, mas insusceptível de tratamento científico. E saber que temas são susceptíveis de serem pensados sistematicamente já é um problema filosófico.»

Desidério Murcho, (2006), «O Tempo e a Filosofia», Pensar Outra Vez, pág.177, in Criticamente, Artur Polónio e outros, Filosofia 10.º ano, Porto Editora

Problemas ...

«A melhor solução é normalmente a mais simples.»

25.9.09

Ciência e Filosofia

René Magritte, Golconde (1953)
«As minhas pinturas devem assemelhar-se ao mundo, de forma a evocarem o seu mistério»
Tal como a ciência, a filosofia, procura compreender o mundo resolvendo os seus enigmas, mas os problemas filosóficos não se confundem com os problemas científicos. Os problemas da ciência são empíricos. Quando é que nos encontramos perante um problema empírico? Quando, para o resolver temos de recorrer a observações, informação factual, manipulação de instrumentos, etc.
Os problemas da filosofia são conceptuais. Para lhes respondermos, temos de reflectir e só contamos com a nossa capacidade argumentativa. Os problemas da Matemática também são conceptuais mas, ao contrário do matemático que possui métodos formais de prova, o filósofo só conta com o laboratório da mente. Por exemplo: perguntar como está destribuída a riqueza, num determinado país, numa dada época é um problema empírico que podemos resolver observando, fazendo registos e tirando depois as conclusões. Mas, poderíamos perguntar: será essa destribuição justa? Agora não perguntamos qual o estado de coisas, mas se o estado de coisas é justo. Filosofar é perguntar: o que seria uma distribuição justa da riqueza? Atribuir o mesmo rendimento a todos? Mas isso pode ser injusto, se alguns trabalharem mais do que outros. Atribuir o mesmo rendimento a todos os que fazem o mesmo trabalho? Mas nesse caso, qual o tipo de trabalho que deve ser mais bem remunerado?. Só podemos encontrar a resposta, argumentando.

«(...) A filosofia é diferente da ciência e da matemática. Ao contrário da ciência não assenta em experimentações nem na observação, mas apenas no pensamento. E, ao contrário da matemática não tem métodos formais de prova. A filosofia faz-se colocando questões, argumentando, ensaiando ideias e pensando em argumentos possíveis contra elas e procurando saber como funcionam realmente os nossos conceitos».
Thomas Nagel, 1987, O que Quer dizer tudo isto?, Lisboa, Gradiva 1995

20.9.09

A relação mente/corpo

Ego

De MICK GORDON e PAUL BROKS, encenação JOÃO PEDRO VAZ, tradução FRANCISCO NICÉFORO, espaço cénico e figurinos MARIA JOÃO CASTELO, vídeo PEDRO FILIPE MARQUES, luz NUNO MEIRA. Com CATARINA LACERDA, GONÇALO WADDINGTON e ANTÓNIO FONSECA. Produção Teatro Nacional D. Maria II, em cena na Sala Estúdio até 11 de Outubro Maiores de 16 anos


Como é que um quilo e meio de carne se transforma em mente? Para Alex, como para muitos de nós, é um equívoco que nos leva a formular a nosso respeito um princípio de primeira pessoa do singular ,“Eu”, que descreve uma unidade interna que se resume, afinal, a um feixe de reacções físico-químicas dispersas por diversas zonas cerebrais. É o cérebro que dá continuidade às nossas ideias, emoções e experiências, contando-nos a “história que somos” e não a do Eu que a vive, como por vezes fantasiamos como vestígio do nosso pensamento mágico (como defende Alex).

Ego é o percurso desconcertante de Alex, um neurologista que não acredita na ideia de identidade - "nem essência, nem ego, nem Eu"- mas que, depois de uma experiência que corre mal, "uma viagem num teletransporte tipo Star Trek", se vê privado da vida com a mulher e acaba a questionar tudo. Alice tem um tumor no cérebro ,"Um glioma borboleta! Soou como uma coisa maravilhosa." que vai começar a afectá-la e a fazê-la perder mesmo a consciência da identidade do marido. A chave do problema é discutida pelo pai de Alice, Derek, que trabalha com Alex nas mesmas experiências científicas. O que começa por ser uma peça teórica sobre o cérebro acaba numa angustiante viagem emotiva. Se isso existe, esta peça é um “poema neurológico” , como o poema de Emily Dickinson com que Alex se declarou a Alice.


Um texto muito interessante, muito bem interpretado e com uma encenação clara e concisa no desejo de criar um espectáculo inteligente, capaz de nos espevitar o cérebro (ou mente) . A não perder.



14.9.09

O que é a Filosofia?

René Magritte, A Ponte de Heráclito, (1935)
O que é a realidade? Temos a certeza de ver o reflexo da ponte, teremos certeza da ponte real?
Para quem, pela primeira vez estuda filosofia, a pergunta é inevitável:
O que é a Filosofia?
(...) Uma das formas (...) de responder é dizer que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem, indicando de seguida os textos de Platão, Aristóteles, Descartes, Hume, Kant, Russel, Wittgenstein, Sartre e outros filósofos famosos (...).
Outra forma de abordar a questão é indicar que a palavra «filosofia» deriva da palavra grega que significa «amor da sabedoria». (...)
Mas isto é muito vago e não responde efectivamente à questão. No primeiro caso apela-se apenas à História da Filosofia, no segundo caso apenas ao significado da palavra.
(...) A filosofia é uma actividade, uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A actividade dos filósofos é, tipicamente argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também clarificam conceitos. (...)
Que tipo de coisas discutem os filósofos?
(....) Examinam crenças que quase toda a gente aceita acriticamente . (...) Por exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as suas crenças fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por que razão não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve matar? Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, o que quer dizer a palavra «dever»? Estas são questões filosóficas. Ao examinarmos as nossas crenças, muitas delas revelam-se firmes; mas muitas não. O estudo da filosofia não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos, como ajuda a clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo desse processo desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente sobre um vasto leque de temas - uma capacidade muito útil que pode ser aplicada em muitas áreas (...) [na vida].
Porquê estudar filosofia?
(...) Uma razão importante (...) é o facto de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência (...)
Todos nós já nos interrogamos sobre questões filosóficas: Por que razão estamos aqui? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que algumas acções sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? ... (...)

Para muitas pessoas, esta é uma actividade que dá imenso prazer. (...) Há mesmo quem pense que: "uma vida não examinada não merece ser vivida."

Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, 2.ª edição (2007), tradução de Desidério Murcho e Aires Almeida, pp. 15-21, (texto adaptado)


O Regresso às Aulas.

Começaram as aulas!
Os professores de Filosofia desejam, a todos os alunos, um excelente ano de trabalho, cheio de boas experiências e muita diversão.
Aproveitamos para renovar o nosso convite à participação de todos no Logos-ecb.

7.9.09

Encontro de Filosofia Antiga

Informação recebida de Lekton Mailing List

Congresso de Filosofia


"Vai realizar-se, em Coimbra, nos dias 9-13 de Setembro de 2009 o congresso anual do Institut International de Philosophie. (...) O Instituto Internacional de Filosofia é a Instituição responsável pela organização dos congressos mundiais de Filosofia e desenvolve uma série de actividades de fomento da pesquisa filosófica e de disseminação dos seus resultados em estreita colaboração com a UNESCO e outros organismos internacionais."

Informação de Lekton Mailing List

5.9.09

Sobre a Liberdade

Aires de Almeida cita Stuart Mill, no Crítica:blog, a propósito de acontecimentos recentes da vida política nacional. Ver aqui.

4.9.09

Concurso: "Cassini Scientist for a Day"

No âmbito do Ano Internacional da Astronomia, está a decorrer um concurso dirigido aos alunos entre os 10 e os 18 anos. Consiste na elaboração de um texto, individual ou em grupo, no máximo com 500 palavras, sem imagens e sem anexos, sobre um dos três temas:
Saturno, Tethys ou Titan.
Os trabalhos devem ser enviados até 30 de Setembro para o seguinte endereço: scientistforaday@gmail.com.
Mais informação no AstroPT

3.9.09

Ética e Sociedade Global

Georg Baselitz, Forest upside-down, 1969

A Ética é uma disciplina central da filosofia que estuda a natureza do pensamento ético (metaética), os [seus] fundamentos gerais (ética normativa) e os problemas concretos da vida ética (ética aplicada) [ ou prática].”

A reflexão sobre o modo como devemos viver, sobre o bem e o mal ... tem sido uma constante no pensamento filosófico. Já Platão e Aristóteles reflectiram sobre estes problemas. Porém, é no início dos anos setenta que a ética prática ganha importância a par da ética normativa. Isto deve-se em parte a mudanças no seio da filosofia - uma concepção mais aberta da actividade filosófica que considera as discussões metaéticas insuficientes porque inoperantes e à emergência do debate público de problemas como: a eutanásia, o aborto, manipulação genética, liberdade de expressão, exclusão social, fome, justiça social, guerra, terrorismo, problemas decorrentes do avanço da tecnologia, problemas ambientais … e tantos outros. Todo o domínio da ética está em mudança.
Para Faustino Vaz, “as barreiras que separavam os vários domínios da ética quebraram-se (…) [e] as discussões de ética prática são [hoje] entendidas como centrais para se avaliar a correcção dos princípios normativos. (…) O campo da ética está hoje unificado.”

Para podermos argumentar séria e cuidadosamente, de modo informado, é fundamental conhecer contextos, possuir toda a informação empírica e filosófica relevante. Conhecer as teorias éticas mais importantes, até porque nenhuma teoria tem aplicação completa em todos os domínios da vida. Uma solução deontológica pode ser boa para resolver o problema da liberdade de expressão e não ser adequada para resolver o problema da justiça retributiva.

No mundo global, os desafios são mais que muitos e os problemas não conhecem fronteiras. Mas podemos colocar a tecnologia ao serviço da ética global da justiça e da responsabilidade. Esta é a posição defendida por Gordon Brown, neste vídeo:

(Com tradução em português do Brasil, para o efeito clicar em view subtitles)

28.8.09

Aparência e Realidade

"Imaginemos que habitamos um estranho país onde tudo é absolutamente plano. (...) Chamemos-lhe Planilândia. Alguns habitantes são quadrados; outros são triângulos; outros têm formas mais complexas. Corremos, apressados entrando e saindo dos nossos edifícios planos, ocupados com os nossos negócios e divertimentos chatos. Toda a gente na planilândia tem largura e comprimento mas não tem altura. Conhecemos o que é a direita e esquerda, à frente e atrás, mas não temos a mínima noção, nem um vestígio de compreeensão, do que é em cima e em baixo - com excepção dos matemáticos planos. E esses dizem-nos: «Oiçam lá, é muito fácil. Imaginem esquerdo-direito. Imaginem à frente-atrás. Tudo bem até aqui? Agora imaginem outra direcção, em ângulo recto com as outras duas.» E nós dizemos: «De que estão a falar? 'Em ângulo recto com a outras duas!' Há apenas duas dimensões. Onde está ela?» Os matemáticos desencorajados, afastam-se. Ninguém escuta os matemáticos.
Cada criatura da Planilândia vê outro quadrado como um curto segmento de recta, o lado do quadrado que está mais perto dela. Só vê o outro lado do quadrado se andar um pouco. Mas o interior do quadrado permanece para sempre um mistério, a menos que um terrível acidente ou uma autópsia quebre os lados e exponha as partes interiores.
Um dia, uma criatura tridimensional - do feitio de uma maçã, por exemplo - aparece na Planilândia, pairando sobre ela. Ao ver um quadrado particularmente atraente e de aspecto simpático a entrar na sua casa plana, a maçã decide cumprimentá-lo, num gesto de amizade interdimensional.
«Como está?», pergunta (...). Eu sou um visitante da terceira dimensão.» O infeliz quadrado olha em volta da sua casa fechada e nada vê. E, o que é pior, parece-lhe que a saudação, vinda de cima, emana do seu próprio corpo plano, como uma voz interior. Existe um pouco de loucura na família, talvez pense o quadrado, na falta de melhor explicação.
Exasperada por ser considerada uma aberração psicológica, a maçã desce na Planilândia. Uma maçã a deslizar pela Planilândia apareceria primeiramente como um ponto e depois como fatias mais ou menos circulares, progressivamente maiores. O quadrado vê um ponto aparecer numa sala fechada, no seu mundo bidimensional, e transformar-se lentamente num círculo próximo. Apareceu-lhe, não sabe de onde, uma criatura de forma estranha e mutável.
Rejeitada, infeliz com a obtusidade do próprio plano, a maçã empurra o quadrado e atira-o pelo ar, flutuando e girando, para a terceira dimensão. A princípio, o quadrado não consegue perceber o que está a acontecer; é algo absolutamente alheio à sua experiência. Mas acaba por perceber que está a ver a Planilândia de um ponto de vista especialmente vantajoso: de «cima». Pode ver para dentro das casas fechadas. Pode ver o interior dos seus companheiros planos. Está a ver o seu universo de uma perspectiva única e avassaladora. Viajar noutra dimensão proporciona por acaso, a vantagem de uma espécie de raio X.
Finalmente como uma folha que cai, o nosso quadrado acaba por regressar à superfície. Do ponto de vista dos seus conterrâneos planilandianos, ele desapareceu inexplicavelmente de dentro de uma casa fechada e depois materializou-se, estranhamente, vindo não se sabe de onde. «Pelo amor de Deus», dizem eles, «que te aconteceu?» «Penso», acaba ele por responder, «que estive 'lá em cima'.» Os outros dão-lhe palmadinhas nas costas e consolam-no. Na sua família sempre houve quadrados com visões."
Edwin Abbott, citado por Carl Sagan em Cosmos, pp. 304-306

Esta história citada por Carl Sagan, traz-nos à memória as nossas múltiplas limitações: a nossa inteligência, o lugar que ocupamos no universo, o tempo em que vivemos... Seremos irremediavelmente prisioneiros fechados na nossa "ilha cósmica" ou teremos legítimas razões para aspirar ao conhecimento (do universo)?
Richard Dawkins, biólogo e divulgador de ciência, discorre com o habitual humor, sobre "o pensamento do improvável", cujo vídeo pode ser visionado com tradução em português.
Para Dawkins vivemos num "mundo médio" no qual o nosso cérebro evolui adaptando-se à nossa faixa estreita da realidade. A matéria é uma ficção útil para nós, mas há um mundo que não podemos ver...



A ciência e a crítica são instrumentos fundamentais que nos levarão sempre mais longe... até que ponto? Será o nosso cérebro capaz de nos levar até aos derradeiros limites ou haverá sempre algo mais a desvendar?
É um desafio que dá muito que pensar.
Imagens: Google, Kandinski e TED.Com, Richard Dawkins

26.8.09

Música contra a Exclusão...


EL SISTEMA: Música contra a Exclusão, é um "sonho plantado" por José Antonio Abreu desde 1975 na Venezuela. Consiste num sistema de coros, orquestras infantis e juvenis, que vê na música "uma fonte de desenvolvimento do ser humano, de elevação do espírito, uma resposta à crise da espiritualidade no mundo". Um programa contra a exclusão social que já transformou a vida de mais de 300. 000 jovens venezuelanos.

Uma fonte de inspiração da verdadeira cidadania democrática e um modelo de sucesso educativo.
Entre muitos prémios, recebeu o TED Prize cujo vídeo pode ser visionado aqui em português do Brasil. Vale a pena ver e ouvir este homem que, à semelhança de tantos outros, não cruzou os braços perante a miséria da condição humana fazendo da Terra um lugar melhor.

Gustavo Dudamel, Google imagens


Um dos jovens educados neste projecto, Gustavo Dudamel é hoje um dos mais carismáticos maestros cujo génio pode apreciar a dirigir a Orquestra Teresa Carreño tocando a Sinfonia No. 10 (2º movimento) de Shostakovich e Danzón No. 2 de Arturo Márquez. Vale a pena ouvir!!!



Com a Orquestra Sinfónica Juvenil Simón Bolivar - que já foi considerada uma das Cinco melhores orquestras do mundo-, em 2007, no London BBC Proms.

Alma Llanera:

E Mambo:


Perante a beleza deste projecto, não podemos deixar de pensar em Nietzsche (1844-1900), filósofo para quem a verdadeira actividade metafísica da vida era a arte musical.

Representada pelos instintos apolíneo e dionisíaco, metáforas que simbolizam não só o que podemos compreender da realidade mas a própria realidade. Esta, sendo múltipla inclui todas as dualidades, todas as contradições expressas numa espécie de jogo ou relação de tensão e equilíbrio, em que nenhuma das partes pode ser eliminada. É o modo da unidade primordial, realidade íntima de tudo quanto há no mundo, no cosmos..., se dar a conhecer na "dança da vida" enquanto energia criadora ou vontade de poder. A arte musical permite-nos a experiência do belo e do sublime.