29.5.10

Esta acção é errada ou isso "depende da opinião"?

«Ardi Rizal tem apenas dois anos, mas é já um campeão em maus hábitos. Sentado no seu carrinho de brincar preferido, fuma mais de 40 cigarros por dia. A criança, nascida na Indonésia, fumou o primeiro cigarro quando tinha 18 meses e a partir daí não largou mais o vício.

Foi o pai, Mohammed, quem lhe deu o primeiro cigarro. A mãe, Diana, diz: “é completamente viciado. Se não lhe damos cigarros, fica zangado, grita e bate com a cabeça nas paredes. Diz-me que se sente doente”.»
Ler mais.
Jornal ionline

23.5.10

Mais sugestões

Algumas leituras úteis na realização dos trabalhos de grupo. (11.º ano)

Helga Kuhse, tradução de Alvaro Nunes, Eutanásia
Neste blog, alguns posts com etiqueta Trabalhos dos alunos.
Outras sugestões serão bem-vindas.

19.5.10

Filmes, algumas sugestões

Alguns filmes que podem ser úteis no âmbito dos trabalhos a realizar (11.º Ano)

A.I. (Inteligência Artificial) (2001) Steven Spielberg - Inteligência artificial:




Blade Runner (O caçador de andróides) (1982) de Ridley Scott - Inteligência Artificial



Home - O Mundo é a nossa casa (2009), Yann Arthus-Bertrand - A industrialização e o Impacto Ambiental:




The Island (A Ilha) 2005 de Michael Bay - A clonagem humana:




Mar Adentro (2007) Alejandro Amenábar - Eutanásia:


16.5.10

Paradoxo do hedonismo


"A maioria das pessoas não seria capaz de encontrar a felicidade ao decidir deliberadamente gozar a vida sem se preocupar com ninguém nem coisa alguma. Os prazeres assim obtidos pareceriam vazios e em pouco tempo tornar-se-iam insípidos. Procuramos um sentido para a vida que vá para além do prazer pessoal e sentimo-nos realizados e felizes quando fazemos as coisas que consideramos plenas de sentido. Se a nossa vida não tiver sentido algum além da nossa própria felicidade, é provável que, ao conseguirmos aquilo que julgamos necessário para essa felicidade, constatemos que a própria felicidade continua a escapar-nos.
Tem-se dado o nome de «paradoxo do hedonismo» ao facto de as pessoas que procuram a felicidade pela felicidade quase nunca a conseguirem encontrar, ao passo que outras a encontram numa busca de objectivos totalmente diferentes. Não se trata, por certo, de um paradoxo lógico, mas de uma tese sobre o modo pelo qual chegamos a ser felizes. A exemplo de outras generalizações sobre esse tema, falta-lhe confirmação empírica. Contudo, vai ao encontro das nossas observações quotidianas e é coerente com a nossa natureza de seres desenvolvidos e dotados de um propósito consciente."
Peter Singer, Ética Prática, Gradiva, 1993, tradução de Álvaro Augusto Fernandes, pág. 357

15.5.10

O que fará uma vida ter sentido?

Jessica Watson, é uma jovem australiana com dezasseis anos que velejou sózinha à volta ao mundo durante sete meses. Chegada a Sidney, onde foi recebida como heroína nacional, recusou esse epíteto dizendo sentir-se como qualquer pessoa que lutou para realizar um sonho. Considerando o esforço e as dificuldades vencidas, esta realização teve indiscutivelmente valor e deu sentido à sua vida.
E nós? O que fará as nossas vidas serem valiosas? O que fará uma vida ter sentido? Terá a vida um único sentido ou pelo contrário haverá vários sentidos incluindo a realização de vários objectivos com valor?
O carácter precário e vulnerável da existência humana, constantemente ameaçada deixando-nos impotentes perante a doença e a morte, a dificuldade de realizarmos muitos dos nossos objectivos, ou porque ultrapassam a nossa capacidade de realização ou porque podem a qualquer momento ser interrompidos por qualquer facto alheio à nossa vontade, leva muitas pessoas a pensar que tudo é vão e inútil, que a vida não tem sentido ou que este é muito limitado.
Para muitos de nós uma vida com sentido depende da existência de Deus e de uma vida para além da morte. Para outros, é mais importante envolvermo-nos em actividades objectivamente valiosas como as causas sociais, a procura de conhecimento ou a criação de obras de arte. Ter uma vida com sentido não passará também pela realização de actividades subjectivamente valiosas como a realização dos nossos sonhos e objectivos pessoais? Qual dos aspectos será mais importante, a subjectividade ou a objectividade? Serão compatíveis?

11.5.10

O problema do livre-arbítrio




Seremos uma engrenagem numa máquina física e determinista ou uma transgressão aleatória?

Um excerto do filme "Waking Life" (2001), de Richard Linklater, encontrado no blogue Dúvida metódica

9.5.10

Acaso ou necessidade?

Um conjunto de pequenos vídeos com interesse filosófico e tradução em português do Brasil, pode ser visto no astroPT e no YouTube

(Os vídeos com tradução em português foram retirados do YouTube. A ligação actual é em inglês)

Ciência e Moral

Pensamos por vezes que a ciência tendo como objectivo explicar o que "as coisas são", nada tem a dizer sobre como "as coisas devem ser", que no primeiro caso falamos de factos, no segundo de valores. Ora esta dicotomia (separação) pode ser perigosa em diversos sentidos, um deles prende-se com a ideia de que o conhecimento não nos ajuda a ser melhores ...
Sam Harris, argumenta neste vídeo a favor da ideia de que a ciência, os factos, são fundamentais no esclarecimento do que deve ser uma vida boa.


Pode ser visto com tradução em português clicando em View subtitles.
Fonte: Ted.com, tradução para português por Isabel Belchior

4.5.10

"Medeia" - A nova peça dos Gambuzinos

Sábado, dia 8 de Maio, o grupo de teatro "Os Gambuzinos", estreia a peça: "Medeia" no Centro Cultural Gonçalves Sapinho.


SINOPSE:
" Eurípedes, dramaturgo da Grécia antiga, constrói o retrato psicológico de Medeia,
numa das mais duras e impressionantes tragédias da dramaturgia universal.
Medeia, oscila entre o amor e o ódio e ao ser traída pelo seu esposo Jasão
é acometida por uma fúria terrível que a leva a perpetrar uma terrífica e insana vingança.
A recriação poética de Sophia de Mello Breyner Andresen acentua a beleza trágica da peça. "

O dilema do prisioneiro

Vincent Van Gogh, Ronda dos prisioneiros (1890)

"(...) Suponha que vive numa sociedade totalitária e um dia, para sua grande surpresa, é detido e acusado de traição. A polícia afirma que tem conspirado contra o governo em conluio com um homem de nome Smith, que foi igualmente detido e está preso noutra cela. O interrogador exige a sua confissão. O leitor protesta a sua inocência; nem sequer conhece Smith. Mas isto de nada serve. Torna-se em breve claro que os seus captores não estão interessados na verdade; por razões que só eles conhecem, querem apenas condenar alguém. E propõem-lhe o acordo seguinte:
- Se Smith não confessar, mas o leitor confessar e testemunhar contra ele, será libertado. Poderá ir em liberdade, enquanto Smith, que não cooperou, ficará preso dez anos;

- Se Smith confessar e o leitor não o fizer, a situação ficará invertida - ele será libertado e o leitor condenado a dez anos;

- Se ambos confessarem, no entanto, cada um será condenado a cinco anos;

- Mas se nenhum confessar, não haverá provas suficientes para condenar qualquer dos dois. Poderão mantê-los detidos durante um ano, mas depois terão de libertá-los.

Por fim, comunicam-lhe que Smith teve a mesma proposta; mas o leitor não pode comunicar com ele e não tem maneira de saber o que Smith vai fazer.

O problema é o seguinte: partindo do princípio que o seu objectivo é passar o menor tempo possível na cadeia, o que deve fazer? Confessar ou não confessar? Para os objectivos deste problema o leitor deve esquecer ideias como as relativas a manter a sua dignidade, lutar pelos seus direitos e coisas do género. O problema não é sobre isso. Deve também esquecer a preocupação de ajudar Smith. Este problema diz estritamente respeito ao cálculo do que é do seu melhor interesse fazer. A questão é: O que poderá libertá-lo mais rapidamente? Confessar ou não confessar?

Pode parecer à primeira vista que a questão não pode ser respondida a menos que saibamos o que Smith vai fazer. Mas isso é uma ilusão. O problema tem uma solução perfeitamente clara: Faça Smith o que fizer, o leitor deve confessar. Isto pode ser demonstrado pelo seguinte raciocínio:

1. Ou Smith irá confessar ou não;

2. Suponhamos que Smith confessa. Então se o leitor confessar será condenado a cinco anos, enquanto se não confessar apanhará dez. Logo, se ele confessar, o leitor ficará melhor se confessar também;

3. Suponhamos por outro lado, que Smith não confessa. Nesse caso o leitor fica na seguinte posição: Se confessar será libertado, enquanto se não confessar ficará detido um ano. É claro, então, que mesmo que Smith não confesse será melhor para si fazê-lo;

4. Logo, o leitor deve confessar. Isso vai colocá-lo em liberdade mais cedo, independentemente do que Smith fizer.

(...) Partindo do princípio de que Smith não é estúpido, chegará [também] à conclusão, a partir do mesmo raciocínio, de que deve confessar. Assim, o resultado será que ambos vão confessar, e isto significa que ambos vão ser condenados a penas de cinco anos. Mas se tivessem ambos feito o contrário, cada um teria saído em liberdade ao fim de apenas um ano. É este o problema. Por terem procurado defender os seus próprios interesses, ambos acabam em piores circunstâncias do que se tivessem agido de forma diferente. É isto que faz do dilema do prisioneiro um dilema. É uma situação paradoxal. O leitor e Smith obteriam melhores resultados se fizessem simultaneamente o que não corresponde aos melhores interesses individuais de cada um. (...)

O dilema do prisioneiro, apesar de fictício, ilustra o que se passa na vida real. Situações do tipo do dilema do prisioneiro ocorrem sempre que se verificam duas condições:

1. Tem de ser uma situação na qual os interesses das pessoas são afectados não apenas pelo que elas mesmas fazem mas também pelo que fazem aos outros; e

2. Tem de ser uma situação na qual, paradoxalmente, todos acabem pior se tentarem individualmente defender os seus próprios interesses do que se fizerem simultaneamente o que não serve os seus interesses individuais.

Este tipo de situação acontece na vida real com mais frequência do que poderíamos pensar.(...)"

James Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Gradiva (2004), pp. 209-211

3.5.10

Ética, Razão e Emoções

"[C]omo a moral influencia as acções e emoções, segue-se que não pode derivar da razão, pois a razão por si, como já provámos nunca pode exercer tal influência. A moral excita paixões e produz ou impede acções. A razão por si é totalmente impotente neste aspecto. Logo, as regras da moral não são conclusões da nossa razão.
Julgo que ninguém irá negar a correcção desta inferência, e a única maneira de a recusar é negar o princípio em que esta se baseia. Enquanto se admitir que a razão não exerce qualquer influência nas nossas paixões e acções, não vale a pena alegar que a moral é descoberta só através de uma dedução da razão. [...]
A razão é a descoberta da verdade ou falsidade. A verdade ou falsidade consiste num acordo ou desacordo [com a realidade]. Logo, aquilo que não é susceptível deste acordo ou desacordo não pode ser verdadeiro ou falso, e nunca pode ser objecto da nossa razão. Ora, é evidente que as nossas paixões, volições e acções não são susceptíveis de tal acordo ou desacordo - são factos e realidades originais, completas em si mesmas, e não implicam qualquer referência a outras paixões, volições e acções. Logo, não se podem considerar verdadeiras ou falsas, contrárias ou conformes à razão.
Este argumento serve de duas maneiras o nosso propósito. Prova directamente que as acções não têm valor por serem conformes à razão, nem desvalor por lhes serem contrárias; e prova a mesma verdade mais indirectamente, mostrando-nos que, como a razão não pode impedir ou produzir imediatamente qualquer acção, contradizendo-a ou aprovando-a, não pode ser a fonte da distinção entre o bem e o mal morais, que têm essa influência.
Logo, as distinções morais não resultam da razão. A razão é totalmente inactiva, e nunca pode ser a fonte de um princípio tão activo como a consciência ou sentido moral."
David Hume, Tratado sobre a Natureza Humana, 1740, tradução de Pedro Galvão, pp. 294-6
Terá David Hume razão? Qual o papel do amor, da amizade, dos sentimentos de modo geral, nas nossas escolhas morais? Será possível conciliar estes sentimentos com a ética deontológica de Kant? E com o utilitarismo de Stuart Mill?