17.12.09

Filosofar...

René Magritte

A filosofia ajuda-nos a pensar, a argumentar e é esse o seu método de estudo. Muitas vezes temos de recorrer a informações empíricas (a posteriori) para podermos levar o nosso pensamento mais além. Isto pode levar-nos a pensar que a filosofia é a posteriori, o que é errado, pois apenas recorremos às informações empíricas como auxiliares do pensamento e não como um método. Por exemplo, nas ciências, não podemos simplesmente chegar à conclusão de que o nosso coração está dividido em duas partes (uma para o sangue venoso e outra para o sangue arterial) sem recorrermos a uma experiência prática de abrirmos um coração e vermos o seu interior. Este estudo é a posteriori ou empírico. Já quando pensamos em problemas filosóficos, como: “Será que Deus existe?”, não recorremos à experiência mas ao pensamento, embora às vezes haja questões filosóficas que exigem conhecimentos resultantes de estudos a posteriori.
Sendo assim, além de ser um estudo conceptual, a filosofia também atribui importância às informações empíricas.
Os problemas filosóficos de modo geral são interrogações que nos interpelam. As teorias são a resposta ou solução para os problemas. São constituídas por argumentos, conjuntos de premissas interligadas que nos levam a uma conclusão. Esta defende a ideia geral, a tese que é a resposta ao problema colocado.
Por exemplo, quando alguém pergunta “Será que a felicidade é realmente necessária à Humanidade?”, está a colocar um problema, uma questão, que só pode ser resolvida através da filosofia. A este problema responde-se com uma teoria, composta por argumentos, como por exemplo “Se a felicidade não existisse, o Mundo seria um lugar triste, onde todos andariam de “mau humor”. Logo, a felicidade é necessária, para que vivamos com um sorriso nos lábios e tudo será mais agradável se andarmos felizes e bem-dispostos”.
Quem é preconceituoso não avalia argumentos. Um preconceito é uma ideia errada (ou não) que temos sem razões para tal, sem pensarmos no porquê de termos essa ideia. Simplesmente crescemos com ela ou formamo-la sem procurarmos saber porquê, pois não pensámos nisso.
Por exemplo, se crescermos numa sociedade em que as mulheres não têm direitos, quando formos adultos, iremos ensinar aos nossos filhos que as mulheres não têm direitos. Isto é um preconceito porque crescemos a pensar que é mesmo assim, e nunca pensámos por que razão as mulheres não têm direitos.
Ser crítico é avaliar imparcialmente estas ideias de forma a descobrir se são verdadeiras ou falsas. Para as avaliarmos temos de ter em conta se são baseadas em argumentos cogentes, porque, é nisso que nos focamos quando tentamos perceber se as ideias fazem algum sentido, se são correctas.
Ao sermos críticos, não podemos tomar uma posição e defendê-la, mas sim tentar perceber todas as posições que se confrontam, e escolher a melhor, não a que nos parece mais acertada para nós próprios, pois todos temos uma visão das coisas diferente das dos outros; mas a mais racional, a melhor fundamentada.
Filosofar é inevitável porque consiste em pensar. Todos nós pensamos, mesmo que seja mal e com ideias absurdas. Quando alguém diz que a filosofia não serve para nada, no fundo essa pessoa, paradoxalmente, pensa que a filosofia é inevitável, pois, para essa pessoa dizer que a filosofia não serve para nada, teve de pensar em argumentos que a levaram a tal conclusão e, para isso, filosofou.
Ana Lopes
10.º F

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