31.3.09

António Damásio



Amanhã, dia das mentiras, António Damásio vai ser entrevistado na RTP1, após o Telejornal, pela jornalista Judite de Sousa.
Promete revelar as respostas às grandes questões da humanidade. Porém, é dia das mentiras!
Mesmo assim, não percam, pois trata-se de um dos cientistas portugueses mais conhecidos no mundo e de um exemplo de como se divulga ciência para leigos. Além disso, na disciplina de Psicologia é um dos autores contemporâneos estudados.

30.3.09

Uma agulha no palheiro



Crónica de Nuno Crato no Expresso, sobre a importância da Ciência e da tecnologia. Clique aqui.
Imagem Google

20.3.09

«Penso, logo existo»: crença básica ou argumento?

Existir, para Descartes, não é uma consequência do pensamento: é uma condição.
Uma coisa que pensa é um ser pensante. Inevitável será duvidar da existência de um corpo, pois esse é um conhecimento a posteriori e facilmente podemos ser iludidos. Mas a certeza do pensamento é clara e distinta e, por isso, inteiramente verdadeira; de uma forma evidente podemos concluir que existimos porque pensamos, que eu “PENSO, LOGO EXISTO”.
O pensamento toma-se como sendo o reflexo de si mesmo e de todas as coisas exteriores a si. O cogito provém do sujeito que reflecte sobre o seu próprio carácter existencial através do “eu pensante”. A substância onde o pensamento se aloja é a própria existência, pois a essência do Homem é reflectir-se a si e ao mundo exterior, como se fôssemos condenados, desde sempre e para sempre, a nada mais que isso.
De facto, Descartes sempre assegurou que o cogito é uma crença básica e auto-justificada. No entanto, não podemos negar que a presença de uma conjunção conclusiva (logo) nos alicie a considerar que a crença básica de Descartes é, afinal, um argumento ou inferência.
Mas se Descartes defendesse que o cogito não é nenhum argumento ou inferência isso não significaria que existem duas crenças básicas. Aliás, tal acontecimento é impossível, pois o “Penso”, embora seja algo que sabemos ser indubitavelmente verdadeiro, não se pode desligar do “Existo”, até porque esta última proposição carece da força da primeira para ser suficientemente clara e evidente. Ora, será que daqui se segue que “Penso” é a crença básica e “Existo” a inferência que se extrai do pensamento? É que, como qualquer homem, Descartes era falível, e podia perfeitamente estar enganado ao afirmar que o cogito era uma crença. A meu ver, este não será o caso, pelos motivos que passarei, desde já, a expor.
A relação entre pensar, ser e existir é de tal forma vincada, que dificilmente as desligamos: existir sem pensar acaba por nem ser existir verdadeiramente, e pensar sem existir é incongruente; ser, por sua vez, é o meio-termo (PENSO, logo SOU coisa pensante, logo EXISTO como coisa pensante).
Uma crença básica é toda aquela que não decorre de nenhuma inferência, se justifica a si mesma e é verdadeira em qualquer circunstância, um pouco como as crenças primitivas e a priori. Neste tipo de crenças, não é preciso o apoio de qualquer tipo de argumento para se saber alguma coisa. Ilustremos com um exemplo: da mesma forma que “um quadrado é rectângulo, logo não pode ser redondo” é uma crença básica, também o cogito o é. Aliás, se fosse um argumento seria, claramente, falacioso, pois consistiria numa petição de princípio, já que a única razão para uma figura geométrica ser redonda é não ser rectangular (ou não ter outro ângulo qualquer). E, apesar de esta ser uma crença básica, também ali observamos uma conjunção conclusiva.
Assim sendo, se a única razão para existir é pensar, tomar o cogito como argumento seria incorrer numa falácia. Esta é uma crença básica e a priori, um conhecimento primitivo que não carece de qualquer justificação, daí ser capaz de bloquear o argumento da regressão infinita da justificação exactamente devido ao facto de se auto-justificar.
Como se pode observar, Descartes cumpriu perfeitamente o propósito de encontrar uma crença básica e primitiva que sustentasse todo o edifício do saber e, note-se, não um argumento nem duas crenças, mas uma só crença: cogito, ergo sum.
Imagem: Morning Sun por Edward Hopper
Ana Luísa - 11.º B

17.3.09

Será a pena de morte compatível com um mundo civilizado?

Um dos problemas que mais preocupa a humanidade é o problema da justiça, não de um ponto de vista político, mas sim de um ponto de vista pessoal. De facto, o ser humano vê-se obrigado a ver a vida como uma luta por um objectivo estando muitas vezes sujeito à injustiça; no entanto, a injustiça está também relacionada com assuntos do foro criminal. É dentro deste último grupo que se encontra o problema da pena de morte. Este é um problema filosófico que se insere na ética e moral mas que, no fundo, põe em confronto os nossos valores mais básicos com o desejo insaciável de justiça.
A pena de morte consiste, assim, em condenar um ser responsável por um determinado crime ao mais alto castigo existente. Se pensamos ter uma intuição muito forte contra este tipo de pena, ela desvanece-se quando pomos a hipótese de um mundo em insegurança. Quando confrontamos os nossos intuitos, a compaixão, a tradição ou até a religião à qual pertencemos com o desejo de materializar os nossos impulsos, vimos que os nossos sentimentos vacilam. A importância do problema está directamente relacionada com o mundo que desejamos para os nossos descendentes. Este é um problema não consensual que tem levantado várias questões: será a pena de morte moralmente aceitável? Será possível aboli-la racionalmente? Na resposta a estas questões salientam-se duas vertentes: os pró - pena de morte (a favor desta pena) e os abolicionistas.

Por um lado, aqueles que se opõem à pena de morte (abolicionistas), vêem-na como um acto de violência irreversível, que viola o direito à vida assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Acrescentam que esta pena é tortura: quer a dor física, quer a dor psicológica sentidas pelo condenado são incomensuráveis. Baseiam-se em estatísticas para afirmar que este castigo é discriminatório: é maior o número de condenados à morte que são de raça negra, pobres ou de baixo estatuto social. Referem que existe a possibilidade de condenar inocentes sem que exista a hipótese de reverter a situação. Afirmam ainda que esta pena tem um efeito dissuasor duvidoso, ou seja, que não faria com que outros assassinos deixassem de praticar os seus crimes, uma vez que estes têm muitas vezes problemas do foro psicológico. Para além disto, consideram que este tipo de punição pode ser usado como arma política (como meio de obter votos por parte daqueles que, inocentemente, querem a justiça mesmo que seja desumana). Acrescentam que um castigo deve ser educativo e não a materialização da vingança e apresentam a prisão perpétua como um meio de evitar esta pena. Mas não será este tipo de prisão uma forma de morte, também? Como poderiam aceitar os abolicionistas viver lado a lado com criminosos como Hitler?
Assim, de outro lado estão aqueles que consideram que a pena de morte nos lembra que as nossas acções têm consequências e que quem mata um inocente suicida-se perante a sociedade e perde o direito à vida. Acrescentam que a justiça deve ser capaz de aplicar uma pena adequada a determinado crime mas salientam que adequado é diferente de igual, criando uma maior abrangência para os crimes que, na sua opinião, deveriam ser punidos com o castigo em causa. Quando confrontados com a possibilidade de condenar inocentes à morte, não desmentem que tal facto exista, pois o erro está adjacente a qualquer acção humana no entanto, é importante perceber que ninguém é condenado à morte ao acaso e que, até à data da execução, o indivíduo é considerado culpado. Quanto ao efeito dissuasor, baseiam-se no valor da vida para afirmar que a diferença entre o morrer e o “quase morrer” é abissal e que este facto pode levar a dissuadir assassinos futuros. Opõem-se aos abolicionistas afirmando que a pena de morte é retribuição e não vingança: a vingança implica raiva e a retribuição serve de meio de atenuar a dor dos familiares. Deixam a recuperação do criminoso para segundo plano, afirmando que em primeiro plano deve estar a segurança da sociedade.
Assim, conclui-se que este problema questiona intuições e promove a arte de pensar. Percorre os corredores do pensamento à medida que percorre os corredores da morte nos quais esperam dolorosamente, vários assassinos. A meu ver, mais do que saber se a pena de morte deve ser abolida, importa saber se ela é compatível com um mundo civilizado. Por um lado, vimos a criminalidade a aumentar, por outro vimos a tendência do mundo para acabar com esta pena. Por exemplo, Barack Obama considera determinados crimes abomináveis e ele é hoje, a materialização da esperança. Na verdade, ainda nada há que justifique a diferença entre matar alguém e matar um criminoso: não será a gravidade semelhante? Considero, assim, que esta pena não é adequada ao mundo civilizado que pretendemos no qual existe um ser único e irrepetível que não está a ser respeitado. Esse ser somos nós. Por último, refiro que é necessário rever as penas aplicadas para que não seja necessário recorrer a métodos de punição desumanos como meio de castigar um criminoso.
Filipa Isabel Serrazina
11.º C
Imagens Google: Edvard Munch, O Grito e Jacques Lois David, A Morte de Sócrates.

13.3.09

Penso, logo serei contratado!



No Telegrapho de Hermes foi publicado um artigo brasileiro que revela a nova tendência de contratação de trabalhadores, insistindo-se em competências adquiridas a partir de uma formação filosófica.
É o cogito cartesiano adaptado às novas exigências relativas ao perfil do trabalhador!

8.3.09

Revista Crítica

De acordo como blog da Revista Crítica, todos os artigos da mesma se encontram temporariamente acessíveis ao público em geral.
Aproveite para conhecer uma das melhores revistas de filosofia e avalie por si mesmo.