16.11.09

Detective das falácias

1. "Ninguém provou que os extra-terrestres existem. Logo, não existem."
2. "Ou continuo a fumar ou engordo. Não quero engordar. Logo, não posso deixar de fumar."

3. "A Microsoft produz o melhor Software do mercado. Sabemos que produz o melhor Software, porque tem os melhores engenheiros informáticos. A razão pela qual tem os melhores engenheiros é a de poderem pagar-lhes mais do que as outras empresas. Obviamente podem pagar-lhes mais porque produzem o melhor Software do mercado.

Qual a falácia cometida?

5 comentários:

adriana disse...

o argumento 2 (do fumador)é um falso dilema,é evidente que nao há apenas estas duas hipóteses e nao me parece plausível. Uma pessoa que fuma porque nao quer engordar esta a seguir uma falácia, pois se nao quer engordar faça dieta. E é importante ter em atençao que fumar é prejudicial á saude de um individuo.

Graça Silva disse...

Olá Adriana,
Bem-vinda ao blog e obrigada pelo comentário. :)
Mais tarde responderei a todos os comentários que forem feitos.
Cumprimentos filosóficos

J.M.P.O disse...

O terceiro argumento é uma petição de princípio, prova-se uma conclusão, tendo como premissa a própria conclusão.

Graça Silva disse...

Obrigada Adriana e J.M.P.O.
O primeiro argumento é um apelo à ignorância. Consiste em fazer aceitar uma proposição como verdadeira, por não se ter provado ser falsa. Ou defender como falsa uma proposição porque não foi possível provar a sua veracidade.
Sempre que acerca de um determinado problema não temos provas, a favor ou contra, tirar uma conclusão afirmativa ou negativa, é falacioso. A não existência de prova, não prova nada. Significa apenas que o nosso conhecimento é limitado ou que não sabemos lidar com o problema pelo menos actualmente. A nossa ignorância acerca da verdade de uma proposição é irrelevante para estabelecer a sua falsidade, mas no domínio penal não é bem assim. Quando não é possível provar que alguém é culpado do crime pelo qual está a ser julgado não se pode condená-lo. Isto porque do ponto de vista jurídico todos são inocentes até prova em contrário. Quando um tribunal declara uma pessoa inocente por não se ter provado a sua culpabilidade, isso não significa que a pessoa é inocente, apenas que a acusação foi impotente para provar o contrário.
Uma proposição como "os extra-terrestres existem", é verdadeira ou falsa independentemente de se ter prova disso enquanto que na proposição "O Manuel é culpado", não se passa o mesmo porque depende da capacidade de demonstração da culpa em tribunal.
Cont.

Graça Silva disse...

O segundo argumento é um falso dilema. Usa-se o operador lógico "ou" de modo ilegítimo mostrando apenas duas opções ignorando a existência de alternativas. Este modo de argumentar quando há alternativas válidas, é sempre falacioso. "É o tudo ou nada".

O terceiro argumento é de facto uma petição de princípio ou falácia da circularidade. A verdade da conclusão é pressuposta pelas premissas. Quando incorremos numa petição de princípio, estamos a raciocinar de modo formalmente válido, apesar disso não é um bom argumento. Se não tivermos boas razões para aceitar uma conclusão além da própria conclusão então não temos razão alguma para aceitar a premissa. O que não era claro antes do argumento, continua não sendo claro depois. Este tipo de argumento não prova nem explica nada.

Cumprimentos filosóficos e
Boas Festas
Graça Silva