3.12.10

Serão todas as acções explicadas em função do interesse pessoal?

O egoísmo psicológico é uma teoria descritiva sobre o comportamento humano. Segundo o egoísmo psicológico todas as acções são egoístas e as pessoas agem sempre em função do seu próprio interesse pessoal e para seu próprio benefício, ou seja, um acto egoísta é quando o agente deseja com a acção algo de bom para si, a acção tem como motivos o interesse pessoal do agente e tem como finalidade o seu prazer, a preocupação com os outros é uma ilusão. O egoísmo psicológico defende que todas as acções são egoístas, porque faz parte da natureza humana e que a realização de actos supostamente altruístas produz uma grande satisfação no agente, um estado de consciência aprazível e, por isso, o verdadeiro motivo desses actos não é fazer bem aos outros, mas produzir esse estado de consciência no próprio agente.

Eu discordo com as pessoas que defendem o egoísmo psicológico e com a teoria de que todas as acções são egoístas, pois a maioria das acções são egoístas mas nem todas o são. Se o egoísmo psicológico defendesse que algumas ou a maioria das acções são egoístas, nesse caso eu concordaria completamente.

Só por as pessoas agirem segundo os seus desejos não significa que estejam a agir de uma maneira egoísta, pois depende do que cada um deseja, se uma certa pessoa quiser o bem e a felicidade de outras pessoas, e se agir segundo esses desejos, então a sua acção não é egoísta. Quando um egoísta psicológico diz que um acto de virtude ou amizade é acompanhado por um prazer secreto é mentira, porque a paixão ou outros sentimentos produzem prazer, e não surgem a partir dele, ou seja, sinto prazer ao fazer bem a um amigo porque gosto dele e sinto amizade por ele, mas não gosto dele por causa desse prazer.
Concluindo, mesmo que as pessoas sintam prazer a fazer bem aos outros isso não significa que a vontade de obter esse prazer tenha sido a causa ou o motivo da acção praticada, pois o prazer pode ter sido um efeito ou uma consequência da acção. Há várias objecções e razões fortes aos argumentos favoráveis ao egoísmo, uma razão por exemplo é a falta de poder explicativo por parte do egoísmo psicológico. Dando o exemplo de Lincoln que quando viajava mandou parar a carruagem e foi salvar os leitões de uma porca que estavam quase a afogar-se, e como Lincoln defendia o egoísmo psicológico explicou a sua acção dizendo que ficaria com a consciência pesada durante o resto do dia se não tivesse salvado os leitões, logo praticou a sua acção de salvar os leitões para não ficar com a consciência pesada, ou seja, praticou a acção para seu próprio interesse pessoal. Eu discordo com esta explicação dada por Lincoln, pois se Lincoln fosse realmente egoísta não ficaria com a consciência pesada por não ter salvo os leitões, porque os egoístas não se preocupam com o bem dos outros a não ser o seu.
Rui Mendes, 10.º D

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com o Rui, realmente nem todas as acções são sob o interesse pessoal , mas muitas delas sim , muitas mesmo.Cada vez mais tenho noção que vivemos num mundo repleto de egoísmo ,já não há preocupação com o próximo , mas sim preocupação com nós próprios .
Mara Rebelo ' 10ºD .

Valter Boita disse...

Tens razão Mara! Infelizmente o mundo se está a tornar mais egoísta. Contudo, se avaliarmos bem a teoria do egoísmo psicológico, os verdadeiros motivos da acção são sempre em função do que é mais vantajoso para o agente. Mas há uma crítica importante, levantada pelo filósofo James Rachels e que foi publicada recentemente pela professora Graça Silva, é a de que não podemos confundir egoísmo com interesse pessoal. Passo a explicar:
(1) O agente X praticou a acção Y de forma voluntária, portanto ele teve interesse que esse acontecimento ocorresse.
(2) O agente X praticou a acção Y (aparentemente de um modo altruísta)de forma a retirar alguma experiência aprazível desse acontecimento; ou seja, tomou o acontecimento Y como meio para atingir um determinado fim (ser reconhecido como um herói, por exemplo).

Contudo as situações 1 e 2 são incompatíveis. Pode ser do interesse do agente ter-se preocupado com o bem estar de alguém, ou seja, ter-se comportado de uma forma altruísta, mas isso não implica que ele tenha sido egoísta. Imagina que foi do teu interesse pessoal teres lido o texto do Rui e vindo comentar, mas não podemos entender os motivos da tua acção tenham sido egoístas.

OBrigado pelo teu comentário e até amanhã! :)