11.2.15

«São opiniões, valem o que valem! Cada um tem direito à sua opinião.»


Às vezes ouvimos estas afirmações e pensamos que isto significa que, efetivamente, cada um tem a sua opinião e que isso é um direito que lhe assiste. Mas pensamos também que estas têm valor para os próprios sujeitos que as emitem, mas não podem ter um valor objetivo, válido para todos, porque as pessoas têm sensibilidades, experiências e perspetivas diferentes. Sentimo-nos tentados a concordar, não é? Mas será que é mesmo assim?
 
Imaginemos que João e Luísa, ambos professores, discutem a sua profissão.

A certa altura Luísa afirma:
Eu quanto menos trabalho tiver, melhor. Por isso, vou buscar testes já feitos, por mim, há anos, ou por outros professores, à internet; raramente leio um livro da minha área e se não preparo as aulas, improviso. E não me tenho dado nada mal com isso.

João olha para a Luísa perplexo e pergunta: Mas como podes considerar que estás a fazer um bom trabalho, sem te preparares convenientemente e sem realizares tu própria a avaliação dos teus alunos?

Luísa: Então, se os alunos tiverem má nota, mando-os fazer um ‘trabalhito’ e lá dá para o 10. E não me considero má professora por isso.
 
João: Eu não, Luísa. Nem consigo conceber que se trabalhe assim!
Eu faço questão de me manter atualizado, por isso leio as obras mais recentes e importantes sobre as minhas matérias. Elaboro cuidadosamente os meus próprios testes de acordo com as caraterísticas dos alunos de cada turma e com o trabalho que consegui realizar em cada uma delas. E, mesmo assim, penso sempre que se tivesse melhores condições, ainda podia fazer melhor, ser melhor professor. É algo que considero imprescindível em função do respeito que tenho pelos meus alunos e pela minha profissão.

Luísa: Enfim, são opiniões. Tu tens a tua e eu posso ter a minha. Ou não?
 
João: Claro que podes. Mas parece-me que tens uma visão demasiado subjetivista. Se ponderasses um pouco e tentasses estabelecer critérios rigorosos acerca do que é relevante para avaliar o desempenho de um professor talvez tirasses uma conclusão diferente.
 
Luísa: Porquê? Achas que só a forma como tu trabalhas é que está certa e se os outros não pensarem como tu estão forçosamente errados? Estás a ser intolerante, quase um fundamentalista (disse ela, em ar trocista).
 
João: Não penso isso. Mas penso que as pessoas, muitas vezes, se recusam a dar ouvidos à razão, porque isso poderia exigir-lhes o reconhecimento de erros que não querem reconhecer ou alterações de comportamentos que não querem fazer, sendo por isso muito previsível que evitem ouvir as razões dos outros.
 
Luísa: Pois, pois… tanta exigência e no último teste que fizeste enganaste-te na numeração e na cotação das questões (e Luísa riu à gargalhada).

João: (um pouco envergonhado) É verdade. Mas isso não faz de mim um mau professor…

Luísa: Ora, vês? És tal e qual como eu!

Concordas com a Luísa? Os argumentos do João poderão constituir boas razões, não para dizer que um é o professor perfeito e o outro um incompetente, mas que um deles é claramente melhor profissional?

12 comentários:

Unknown disse...

Concordo com o João até um certo ponto pois, penso que, nem sempre é preciso ler todos os livros da área, mas, os testes devem ser feitos conforme a turma e cada professor deve fazer o seu teste à sua maneira e não à de outro professor porque, cada turma é diferente e cada uma tem as suas características.
A Luísa é subjetivista, pois, diz que, cada um tem a sua opinião e ninguém a poderá mudar. O João é objetivista, pois, defende que cada um tem os seus objetivos e pensa que, é o certo para os alunos, porque, cada turma tem características diferentes.

Duarte Carmo, 10ºB

Daniela Nº9 10ºB disse...

Não concordo com a Luísa, mas sim com o João.
Os argumentos do João constituem boas razões, pois ele tem uma atitude profissional em relação à Luísa, que prefere ir buscar testes à internet ou testes de outros anos. Ele está a explicar à Luísa que do ponto de vista dele os métodos de trabalho que ela utiliza não estão corretos. No entanto ela revela-se intolerante ao ponto de fazer troça dele por se ter enganado na cotação das respostas do último teste, pois ela está a ter uma atitude subjetivista, para ela cada um tem a sua opinião e ela não está prestes a mudá-la pelos argumentos dados pelo João, que por sua vez está a ter uma atitude objetivista, ao tentar estabelecer critérios de bem-estar geral.

Unknown disse...

Nao concordo com a Luisa porque segundo ela um bom professor têm que ter métodos de trabalho iguais aos dela, e ainda para mais ela diz que o João é que é mau professor porque quem se enganou na correção dos testes foi ele e nao ela, mas todos nós erramos e isso nao é o melhor argumento dado pela Luisa para justificar que o João é mau professor. Contudo concordo com a opinião do João pois ele diz que um professor deveria preparar convenientemente a avaliação dos seus alunos as suas aulas e ainda ler a obras mais recentes e importantes sobre a matéria dada na altura. O joão ao contrário da Luisa nao está a dizer quem é bom ou mau professor mas sim a tentar chamar a Luisa à razão de maneira a que ela nao tenha aquela maneira de pensar subjetivista em que só o que ela faz é que está correto. Em suma o João defende uma posição objetivistas pois para ele podem haver várias maneira de se ser bom professor e segundo ele todos os dias se aprende e nao é como a Luisa que só que ela faz é que está correto.

Luísa Barreto disse...

Obrigada Alexandra, Daniela e Duarte pela vossa participação, que registo.:)
Duarte, a justificação que apresentas para classificar a posição do professor João como objetivista,'defende que cada um tem os seus objetivos', não é a adequada. Poderíamos mesmo dizer que assim estaria a defender o mesmo que Luísa, que o trabalho de ambos está ao mesmo nível ou que as diferenças de avaliação são uma questão de opinião. Concordas?
Alexandra, a Luísa não defende que todos têm de ter métodos de trabalho iguais aos dela, mas que cada um tem os seus e as diferentes avalições se devem ao facto de esta ser uma questão de divergência aceitável de opinião, diferentes perspetivas ou preferências.
Como refere a Daniela, o João apresenta factos que considera boas razões para avaliar o trabalho de um como adequado e o do outro francamente inadequado.
Os três concordam com o João, certo? Será que esta dificuldade em compreender essas razões resultam da indisponibilidade para analisar e discutir posições e mudar comportamentos, como ele defende? Ou estaremos a forçar todas as pessoas a pensar da mesma forma, limitando-as na sua liberdade de pensamento e ação, não reconhecendo o direito de pensar de forma diferente e algumas formas igualmente certas de exercer uma profissão, neste caso? Isto é, o trabalho de João e Luísa poderão refletir apenas diferentes formas, igualmente corretas, de pensar e exercer a sua função? Poderemos, ao invés, afirmar com propriedade que um deles está errado?

Carolina Constantino disse...

A Luísa defende que cada um deve ter o seu método de trabalho - tem uma visão subjetivista, já o João acha que existem critérios rigorosos para se classificar se alguém é ou não bom professor - tem uma visão objetivista. Eu concordo com o João, há critérios rigorosos que devem ser feitos para que possa ser possível avaliarmos se alguém é ou não bom professor, mesmo que esses critérios não sejam os que o João disse ou ainda não se saibam quais são, não quer dizer que não existam. Não só a Luísa deveria estar disponível para ouvir os argumentos do João, sobre ser professor, como a João deveria estar disponível a ouvir as objeções que a Luisa disse.

Unknown disse...

No meu entender não concordo com a Luísa mas sim com o João.
Não concordo com a opinião da Luísa pois segundo ela apesar de usar métodos diferentes de trabalho, como ir buscar testes já feitos á internet, como não ler livros relacionados com a sua área, e até mesmo nem preparar as aulas, não se considera uma má professora por isso mesmo, e defende que cada professor tem o seu método de trabalho, opinião subjetivista. Luísa afirma ainda que João é mau professor apenas porque se enganou na correção dos testes e ela não, mas obviamente todas as pessoas cometem erros, e para Luísa este é o melhor argumento para justificar que João é de facto um mau professor. Concordo assim com a opinião do João que tem uma opinião objetivista, pois defende que existem critérios que devem ser cumpridos, tendo em conta a preparação das aulas e também dos testes que devem ser adequados de acordo com as características dos alunos e da mesma turma, tentando promover assim o bem-estar dos alunos. João ao contrário de Luísa não está a tentar provar, em que qual dos dois é melhor professor ou não, mas sim a explicar-lhe que os métodos de aprendizagem que ela utiliza não são os mais corretos, no entanto Luísa revela ser intolerante.

Rita Pestana disse...

A meu ver, a Luísa não está correta. Embora a definição de um bom professor possa, à primeira vista, parecer subjetiva, existem vários critérios que permitem distinguir um bom de um mau profissional da educação. Tal como o João referiu, aspetos como a preparação das aulas e a elaboração de testes direcionados a cada turma permitem concluir que, embora este possa não ser um bom profissional, procura sê-lo.Na minha opinião, o João não tenta mostrar à Luísa que ele é um exemplo, mas sim ajudá-la a perceber que ser um bom professor não é subjetivo, posição que esta adota, mas sim objetivo. Para o fazer, o João utiliza argumentos que, a meu entender, são adequados para a ajudar a fazer esta distinção.

Rafael Sousa disse...

Se cada um de nós tivesse a sua opinião e não aceitasse a dos outros viveríamos num mundo de grande confusão. Deste modo as opiniões não têm de ser avaliadas pois a veracidade de muitas é ainda discutível, devemos ouvir as opiniões uns dos outros, e chegar a uma conclusão. Sendo que por vezes a conclusão a que chegamos não é inteiramente de um ou de outro,mas sim uma mistura de ambas.
A professora Luísa,(Subjetivista),está errada e o professor João,(objetivista), está certo, pois as suas avaliações são adaptadas aos alunos e sendo atualizadas os alunos estão mais familiarizados com o assunto e entregam-se mais melhorando o seu desempenho. Além do facto de que as notas refletem não só a forma como os testes são feitos e as aulas são dadas mas o conhecimento dos alunos. Um engano na numeração e cotação das questões é um erro insignificante, porque é facilmente corrigível e não afeta de forma alguma o desempenho, interesse e resultados dos alunos. E o uso de um teste retirado da Internet, pode prejudicar os alunos pois pode não ir de encontro exatamente ao que o professor falou em aula e às temáticas que utilizou. Mas isto é só a minha opinião...

Unknown disse...

Na minha opinião, a Luísa está errada. Embora ela pense que é boa professora, os seus métodos acabam por prejudicar os seus alunos e ela não aceita outras opiniões, afirmando ainda que o João é que é o mau professor por se ter enganado e não ela. Contudo, todos nós somos seres humanos e erramos e para além disso o João procura ser um bom profissional. Deste modo concordo com o João, pois existem critérios para além dos que o João mencionou que nos permitem avaliar um bom professor. Em suma , o João mostra ser um objetivista por defender que existem vários critérios para avaliar um bom professor e a Luísa mostra ser uma subjetivista porque segundo ela só o que ela faz é que está certo.

Daniel Inácio, 10ºB

Alexandre, 10º B disse...

Penso que neste diálogo a Luísa está a ser dogmática, ao continuar a defender a sua forma errada de lidar com o emprego, por falta de capacidade de admitir que está errada, mesmo quando o João lhe apresenta razões para isso. Ela defende-se dizendo que cada um tem direito à sua opinião, o que é verdade, mas neste caso mostra que a Luísa tem falta de espírito crítico e uma visão subjetivista do assunto, para não referir a falta de respeito que é pelos alunos. Na minha opinião, o João não tinha intenção de mostrar que é um melhor professor que a Luísa, mas essa é uma conclusão que podemos tirar pelas suas atitudes. Além disso, acho que não faz sentido comparar o João à Luísa por um erro não intencional, enquanto ela o faz por irresponsabilidade.

Cláudia Silva disse...

Na minha opinião a Luísa está errada. Pois enquanto o João prepara as suas aulas e se tenta manter atualizado, lendo as obras mais recentes. A Luísa, não prepara as aulas e copia os testes, quer por testes antigos, quer pela internet. Assim, concluo que eles não estão ao mesmo nível, pois enquanto o João se esforça para ser um bom professor, a Luísa não se esforça e acha que é, também, uma boa professora.
Eu acho que o João apresenta bons argumento, não afirmando que a Luísa é incompetente, mas sim demonstrando-lhe que ele se esforça mais por ser um melhor profissional que ela.
A Luísa é subjetivista pois diz que cada um tem a sua opinião e que a sua está correta, e que temos liberdade para agir de acordo com as nossas convicções. O João é objetivista pois procura critérios morais transubjetivos e transculturais que o permitam registar as questões morais da simples opinião.

Luísa Barreto disse...

Obrigada também Carolina, Adriana, Rita, Rafael, Daniel e Alexandre, pelas vossas participações.
Penso que todos consideram que é possível encontrar critérios que permitem, como no exemplo, avaliar de forma mais racional, imparcial e, por isso mesmo, objetiva, uma grande parte das situações que a maioria de nós considera, numa abordagem muito superficial, apenas 'questões de opinião'.
Penso que perceberam o exemplo e concordo convosco.