24.11.09

Trevas e razão, ontem como hoje





«O Nome da Rosa» (a partir) de Umberto Eco pelo Fatias de cá. No Convento de Cristo, em Tomar, até 20 de Dezembro de 2009.
O Fatias de Cá, criado em Tomar em 1979, enquanto Companhia de Teatro desenvolve projectos de âmbito profissional e amador.A designação deste grupo, criado em Tomar em 1979, inspira-se no nome de um doce conventual (Fatias de Tomar).

Esta encenação do Fatias de Cá é muito interessante já que conjuga, com sucesso, três objetivos:
- o da valorização do património, quer o construído quer o paisagístico, que é entendido como um espaço teatral privilegiado;
- a partilha com o público de um momento de refeição que  é assumido como uma forma de sociabilização e de concentração no espaço-tempo convocado pelo espectáculo;
- e o acto teatral que é entendido como um momento inclui, envolve e emociona o próprio público.
O Fatias de Cá usa como lema uma frase atribuída a Galileu: “Não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho.”

O enredo de O Nome da Rosa gira em torno das investigações de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro de uma abadia medieval. Com ares de Sherlock Holmes, o investigador, o frade franciscano William de Baskerville, assessorado pelo noviço Adso de Melk, vai fundo nas suas investigações, apesar da resistência de alguns dos religiosos do local, até que desvenda que as causas do crime estavam ligadas a manutenção de uma biblioteca que mantém em segredo obras apócrifas, i.e. obras que não seriam aceites em consenso pela igreja cristã da Idade Média, como é o caso da apologia do riso criada por Eco e atribuída ficcionalmente a Aristóteles.

Um excelente texto, dos mais conhecidos e apreciados da obra ficcional de Eco. Resultado de um estudo de época rigoroso, que nos proporciona um retrato histórico bastante fiel dos meados do século XIV. Uma viagem imaginária e excitante à Idade Média. Um pretexto para uma reflexão sobre questões filosóficas como as definições de bem e de mal, das crenças religiosas, dos conceitos e das crenças tanto daquela época, como das actuais.
São muitas as razões para não perder esta oportunidade de ver um espectáculo diferente.
(Informações retiradas da página do Fatias de Cá).

2 comentários:

Renato Martins disse...

Ja fui ver 2 peças de teatro dos fatias de cá: Viriato e sonho de uma noite de verão.
Há aspectos muito bons e bem explorados: estas duas peças foram ao ar livre e começavam de dia acabando à noite, jogando propositadamente com a luz, por exemplo, à medida que os meses avançavam a hora do começo da peça tambem avançava, às vezes à precisão do minuto.

São um grupo de teatro que tem feito mesmo muito pela cultura pois esforçaram-se por atrair as pessoas. Parece palermice dizer que há gente que vai de lisboa para tomar (150 km) para ver uma peça de teatro? Não é, pois isso acontece...

Luísa Barreto disse...

Olá Renato
Já muitos colegas nossos de Lisboa me referiram que viram peças do Fatias de cá e gostaram imenso da experiência.
Esta divulgação é, neste caso, também para mim que ainda não assisti a nenhum trabalho do grupo, com muita pena minha. Será desta, com certeza. :)
Obrigada por partilhar connosco a sua experiência.
Luísa Paula