23.6.09

Os computadores, poderão ter uma vida mental com pensamentos e emoções?

A ficção científica criou a ideia de um dia se poderem conceber computadores capazes de pensar. No entanto, mesmo os computadores munidos dos programas mais avançados e capazes dos feitos mais impressionantes, não têm a menor consciência do que se passa quando executam os seus programas.
A Filosofia Contemporânea da Mente tem-se desenvolvido mantendo uma relação estreita com o avanço do estudo da Inteligência Artificial. Sendo assim, será que os computadores por mais sofisticados que sejam, alguma vez conseguirão ter um a vida mental com pensamentos e emoções?
Pensamos que não. Mesmo que a Inteligência Artificial tenha sucesso em simular as capacidades cognitivas humanas, esse sucesso indicaria apenas que essas capacidades são puramente materiais (cerebrais). Sendo assim, a ideia de que é possível a vida mental de um computador, só poderá ser defendida satisfatoriamente, se através dos progressos da Inteligência Artificial, esta for capaz de simular um âmbito muito mais vasto de estados mentais humanos, o que não acontece hoje em dia.
A Inteligência Artificial tem centrado os seus esforços na simulação de capacidades cognitivas humanas - na simulação da linguagem, da percepção, reconhecimento de padrões, mas não existem tentativas de simular outras capacidades humanas, como a afectividade, a personalidade, o sentido estético ou o juízo moral. Um programa de computador não faz isso, pois é apenas um conjunto de instruções formais para manipular símbolos, não tendo compreensão em relação aos aspectos psicológicos da humanidade.
O matemático Alan Turing (1912-1954) propôs a ideia de que se um computador passasse um determinado teste, conhecido como teste de Turing então estaria provado que os estados cognitivos humanos poderiam ser replicados pelos computadores, se um computador passasse o teste teria necessariamente uma mente.
O teste proposto por Turing consistia em levar a cabo uma experiência com duas pessoas e um computador. Nesta experiência uma pessoa isolada faz uma série de perguntas que são respondidas pelo computador e pela outra pessoa. O computador passa o teste se o indivíduo que faz as perguntas não conseguir descobrir qual dos interlocutores é a máquina e qual é humano. Turing previa que os computadores estariam brevemente aptos a passar o teste, contudo, nem os computadores tecnologicamente mais avançados da actualidade são capazes de o fazer. Este facto, obviamente, não invalida o teste.
O filósofo norte-americano John R. Searle propôs em 1980, outro teste conhecido como o argumento do Quarto Chinês. Consiste numa experiência mental na qual imaginamos um sujeito, que apenas fala português, fechado num quarto com um manual sofisticado que relaciona uns caracteres chineses com outros caracteres chineses. O indivíduo pratica a manipulação destes símbolos, seguindo as regras propostas no manual. Ele torna-se capaz de responder às mensagens enviadas pelos seus guardas chineses com tal eficácia que eles não conseguem descobrir se ele é ou não, Chinês. Esta experiência põe em causa o Teste de Turing. Mostra que a implementação de um programa de computador não é por si só suficiente para a atribuição de estados mentais genuínos aos computadores.
Na avaliação de ambas as experiências (Turing e Searl) é fundamental considerar as relações entre simulação e réplica. A distinção entre estas pode não ser tão clara como usualmente se considera. De facto, quando um sistema ou um organismo exprime as mesmas respostas perante as mesmas perguntas é cientificamente justificável pôr a hipótese de que existe um sistema causal interno semelhante. Quando se fazem experiências laboratoriais em qualquer ramo da ciência toma-se como garantida a credibilidade deste método: constroem-se situações artificiais e através dos resultados atingidos nessas situações, defendem-se hipóteses acerca dos sistemas causais internos. A Inteligência Artificial pode ser considerada como um método laboratorial complexo através do qual se testam as nossas hipóteses acerca dos sistemas causais internos responsáveis pela cognição humana.
Se assim é não podemos traçar uma distinção entre simulação e réplica, entre uma posição forte em relação à inteligência artificial e uma posição fraca. Se o Teste de Turing for executado com sucesso podemos dizer que o computador simula os estados mentais, mas temos de acrescentar que, se os simula com eficácia, a melhor explicação para esse facto é a de que os replica adequadamente. Por outro lado, se a experiência do Quarto Chinês for possível, a melhor explicação para esse facto seria a de que a linguagem é apenas manipulação de símbolos e que a nossa intuição de que o indivíduo não fala Chinês está relacionada com factores exteriores à experiência. Mas a linguagem é muito mais do que mera manipulação de símbolos. Pensamos que os computadores estão muito longe de terem estados mentais idênticos ao ser humano.

Imagem retidada do Google: Hal 9000, computador consciente da nave Discovery, no filme 2001: Odisseia no Espaço (1968)
Carolina Rufino, José Carlos Mateus e Juliana Belo
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