26.3.10

Existem factos morais?

Parece claro que não há factos morais no sentido em que há factos como os que são estudados pelas ciências da natureza. Não há uma realidade valorativa no sentido em que há rios e árvores nem é claro que a mesma exista na ausência de seres humanos.
Mas daí não se segue que não exista uma realidade moral. Essa realidade pode, por exemplo, ser semelhante à realidade matemática. Tal como a realidade dos números e das incógnitas se encontra ligada ao mundo e a tudo o que dele faz parte, também os valores se encontram ligados à realidade das coisas e fazem parte da nossa vida.
Defendo que existem factos morais neste sentido. Estes são expressos em proposições que exprimem a realidade como deve (deveria) ser. Procuram adequá-la ao ideal de uma vida boa e de um mundo melhor.
Terão valor de verdade? Penso que sim.
Resulta da consciencialização imparcial, do diálogo objectivo sobre os problemas da vida. O argumento em questão é o seguinte:
(1) A verdade dos juízos morais resulta da reflexão imparcial.
(2) Logo, os factos e juízos morais não dependem desta ou daquela pessoa ou sociedade, mas de todas as pessoas.
Quanto melhor fundamentado, mais plausível e mais objectivo é o juízo moral.
Esta posição tem vantagens em relação ao subjectivismo e ao relativismo moral, pois, ao afirmar que há valores que todos devem ter, como por exemplo o valor da preservação da vida ou o valor de não causar sofrimento desnecessário; esta posição permite a igualdade de todos os seres humanos à luz destes princípios. Negá-los é entrar em contradição. Negando-os aos outros estaremos a negá-los a nós próprios. A partir destes princípios, podem ser fundamentadas normas culturais, ou pessoais, mas mesmo estas devem ser avaliadas imparcialmente.
Contra esta ideia pode defender-se que cada pessoa tem a sua opinião e esta deve ser respeitada. Mas não se segue que a opinião de cada pessoa interfira com esta posição, pois é claro que todos pensam de forma diferente, e nem seria desejável que todos pensássemos de forma igual, ou que todas as diferenças culturais se desvanecessem. Apenas devemos fazer uma reflexão imparcial sobre as nossas crenças e as crenças dos outros. Porque as crenças não são todas verdadeiras, não estão todas ao mesmo nível, e todos podemos beneficiar desta reflexão.
Ana Faustino
10.º D

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