30.6.10

Será a prática da eutanásia aceitável?


Salvador Dalí, Rosa Meditativa (1958)
Esta reflexão procura uma resposta ao problema da prática da eutanásia.
O termo significa boa morte ou “morte misericordiosa”, em que se põe fim à vida de uma pessoa para benefício desta. Pode ser activa ou passiva. Quando activa provoca a morte deliberada do doente uma vez que é planeada e negociada entre o doente e o profissional de saúde que o assiste. A eutanásia passiva, por sua vez não provoca deliberadamente a morte do doente, no entanto com o passar do tempo e com a interrupção de todos os cuidados médicos e farmacológicos, o doente acaba por falecer.
A eutanásia pode ainda assumir três formas, pode ser voluntária, não voluntária e involuntária.
A eutanásia voluntária é levada a cabo por uma pessoa a pedido de outra, para benefício desta. Há uma relação estreita entra a eutanásia voluntária e o suicídio assistido, em que uma pessoa ajuda outra a terminar a sua própria vida, por exemplo quando uma pessoa obtém medicamentos que irão permitir a outra que se suicide. A eutanásia é não voluntária quando a pessoa não pode escolher entre a vida e a morte ou porque é um recém-nascido, alguém irremediavelmente doente ou incapacitado, ou porque uma doença ou um acidente a tornaram incapaz de decidir. A eutanásia é involuntária quando a pessoa poderia ter consentido ou recusado, mas não o fez.
Quem é contra a eutanásia argumenta que, por um lado, existem alternativas a esta prática, tais como os cuidados paliativos que procedem ao tratamento da dor e que tentam diminuir o sofrimento da pessoa. Por outro lado a legalização da eutanásia poderia ser aplicada de uma forma abusiva, tendo como consequência a morte sem o consentimento do doente. É difícil prever o tempo de vida que resta e existe sempre a possibilidade do prognóstico médico estar errado. Afectaria ainda a relação entre os profissionais da saúde envolvidos e os doentes que fossem contra a eutanásia; estes sentir-se-iam menos seguros.
Também a possibilidade de os familiares, herdeiros ou a própria sociedade poderem agir com interesses financeiros seria um factor negativo a considerar.
Depois de analisarmos estes argumentos, pensamos que a eutanásia será legítima apenas como escolha tomada de modo a evitar a dor e o sofrimento extremo das pessoas que se encontrem sem qualidade de vida ou em fase terminal e, nos casos em que os cuidados paliativos se mostrem incapazes de atenuar esse sofrimento. Trata-se de uma escolha consciente e informada que reflecte o fim de uma vida em que, quem morre não perde a sua dignidade até ao fim. Mas a eutanásia não deve ser uma hipótese para os casos que dispõem de outras alternativas que se vão desenvolvendo com o avanço da ciência.
Quem defende a nossa perspectiva, não apoia nem defende a morte em si, apenas faz uma reflexão sobre a possibilidade de terminar a vida de uma forma mais suave e menos dolorosa, em vez de uma morte lenta em sofrimento extremo.
Quem escolhe a eutanásia tem de ter consciência do que está a fazer, uma vez que esta atitude é extrema e irreversível. É preciso analisar os diversos elementos afectivos, psicológicos, biológicas, familiares e sociais para ter a certeza que vai tomar a decisão correcta.
Respeitamos e aceitamos que, por motivos religiosos as pessoas não aceitem a eutanásia mesmo nas condições que referimos. Quem crê em Deus, pensa que só Ele pode criar e tirar a vida. Para os crentes, este argumento é muito forte. Mas temos de avaliar a eutanásia no sentido universal (também para os não crentes) e, neste sentido, concordamos com a sua prática nas condições acima referidas. Quando a pessoa se encontra diante de um quadro irreversível, em sofrimento extremo para o qual não existam cuidados paliativos. Somos contra a sua prática nos casos em que existam alternativas.
Ângela, Andreia, Daniela, Patrícia e Vânia
11.º E

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