5.6.10

Utilitarismo ou deontologia, qual a teoria mais plausível? (três)

O utilitarismo e a deontologia são insuficientes para justificar a moral
Nenhuma das perspectivas me parece plausível, no entanto, a perspectiva utilitarista parece ainda mais fraca do que a deontológica. Um utilitarista hedonista afirma que a finalidade da vida boa é o prazer enquanto bem-estar e que este é caracterizado pela quantidade e pela duração. Mas se o hedonismo fosse verdadeiro, as pessoas deveriam querer viver uma vida artificial se com isso pudessem usufruir de tudo o que a vida tem de aprazível. No entanto as pessoas não trocariam uma vida autêntica por uma vida artificial. Por isso o utilitarismo hedonista é falso. Por exemplo, alguém com o sonho de ser pianista - se o hedonismo fosse verdadeiro, deveria aceitar, caso fosse possível, uma vida artificial que lhe proporcionasse esse prazer. No entanto, isto é muito improvável porque o sonho de ser pianista implica outro tipo de coisas além do mero prazer de tocar, implica viver a realidade em vez de uma ilusão.
O utilitarismo de preferências, parece ter implicações ainda mais inaceitáveis. Esta posição defende que o bem-estar a ser promovido seria a satisfação dos desejos e preferências das pessoas. Mas se assim fosse, teríamos de aceitar atitudes intolerantes e fanáticas se estas resultassem das preferências da maioria. Assim sendo, o utilitarismo de preferências não é uma boa solução.
Para terminar, o utilitarismo também defende o consequencialismo. É boa a acção que produzir melhores consequências, que maximizar o bem. Porém, existem actos que podem maximizar o bem mas que são inaceitáveis. Por exemplo nunca é permissível sacrificar uma pessoa para o bem de um número maior de pessoas. Existem actos intrinsecamente bons (bons em si mesmos independentemente das consequências) e outros intrinsecamente maus, como bem observou Kant. Assim devemos realizar apenas os actos intrinsecamente bons e nunca os intrinsecamente maus.
A deontologia, defendida por Kant, afirma que só a intenção é que conta para determinar se um acto é bom ou mau. Eu não concordo com esta ideia, pois existem actos que, apesar da sua boa intenção produzem más consequências. Se queremos ajudar alguém porque sentimos esse dever e com isso acabamos por fazer mal embora esse mal não seja pretendido e seja um efeito colateral, essa acção não pode ser considerada moral apesar de a intenção ser boa. Quando por exemplo, numa situação de guerra uma bomba que era dirigida a um depósito de armas, acaba por matar crianças que brincavam alheias às guerras dos adultos, este acto nunca pode ser considerado moral.
João Ribeiro
10.º D

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