«As minhas pinturas devem assemelhar-se ao mundo, de forma a evocarem o seu mistério»
Tal como a ciência, a filosofia, procura compreender o mundo resolvendo os seus enigmas, mas os problemas filosóficos não se confundem com os problemas científicos. Os problemas da ciência são empíricos. Quando é que nos encontramos perante um problema empírico? Quando, para o resolver temos de recorrer a observações, informação factual, manipulação de instrumentos, etc.
Os problemas da filosofia são conceptuais. Para lhes respondermos, temos de reflectir e só contamos com a nossa capacidade argumentativa. Os problemas da Matemática também são conceptuais mas, ao contrário do matemático que possui métodos formais de prova, o filósofo só conta com o laboratório da mente. Por exemplo: perguntar como está destribuída a riqueza, num determinado país, numa dada época é um problema empírico que podemos resolver observando, fazendo registos e tirando depois as conclusões. Mas, poderíamos perguntar: será essa destribuição justa? Agora não perguntamos qual o estado de coisas, mas se o estado de coisas é justo. Filosofar é perguntar: o que seria uma distribuição justa da riqueza? Atribuir o mesmo rendimento a todos? Mas isso pode ser injusto, se alguns trabalharem mais do que outros. Atribuir o mesmo rendimento a todos os que fazem o mesmo trabalho? Mas nesse caso, qual o tipo de trabalho que deve ser mais bem remunerado?. Só podemos encontrar a resposta, argumentando.
«(...) A filosofia é diferente da ciência e da matemática. Ao contrário da ciência não assenta em experimentações nem na observação, mas apenas no pensamento. E, ao contrário da matemática não tem métodos formais de prova. A filosofia faz-se colocando questões, argumentando, ensaiando ideias e pensando em argumentos possíveis contra elas e procurando saber como funcionam realmente os nossos conceitos».
Thomas Nagel, 1987, O que Quer dizer tudo isto?, Lisboa, Gradiva 1995