Ter autonomia de espírito, ter consciência do mundo e fazer escolhas próprias é melhor, de longe, do que ser passivamente feliz em prejuízo destas coisas. (Anthony Grayling)
30.12.20
Dicionário Escolar de Filosofia
Volto a partilhar, porque considero que pode ser uma ajuda preciosa Dicionário Escolar de Filosofia.
27.12.20
Tabelas de Verdade e Inspetores de Circunstâncias | Domingos Faria, PhD
9.12.20
Desidério Murcho sobre populismo, elites, polarização e redes sociais
3.12.20
Gato Fedorento - Filósofo Matarruano
25.11.20
18.11.20
Dia Mundial da Filosofia - 19 de novembro de 2020
15.9.20
1.9.20
O Burro de Buridan
O paradoxo conhecido como o asno de Buridan não foi originado pelo próprio Buridan (1300-1358). Surge na obra 'De Caelo', de Aristóteles (IV a.C.) na qual o autor pergunta como um cão, diante de duas refeições igualmente tentadoras, poderia racionalmente escolher entre elas.
Buridan em nenhum momento discute este problema específico, mas sua relevância é que ele defende um determinismo moral pelo qual, salvo por ignorância ou impedimento, um ser humano diante de cursos alternativos de ação deve sempre escolher o maior bem.
Buridan defendia que a escolha devia ser adiada até que se tivesse mais informação sobre o resultado de cada ação possível.
Escritores posteriores satirizaram este ponto de vista imaginando um burro que, diante de dois montes de feno igualmente acessíveis e apetitosos, deveria deter-se enquanto pondera por uma decisão. Sendo incapaz de decidir-se por um dos montes, acabaria por morrer de fome.
As nossas escolhas e decisões poderão sempre beneficiar de uma cuidadosa ponderação. Essa não deverá, no entanto, inibir a ação, excepto se essa for efetivamente a melhor escolha.
30.8.20
'Ninguém nasce humano’ Prof. Desidério Murcho | CE Podcast
Um podcast, muito interessante, do Professor Desidério Murcho. Uma forma fácil de começarmos a pensar em temas que iremos abordar este ano, tanto em Filosofia como em Psicologia B. Bom regresso às aulas. 👍
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20.7.20
8.7.20
4.7.20
Preparação para Exame Nacional de Filosofia
Produzido pelo professor Domingos Faria, para quem vai fazer exame nacional de filosofia, no próximo dia 8 de julho, poderá treinar aqui as questões de escolha múltipla para o Exame de Filosofia - Exame Nacional de Filosofia
27.6.20
O Fracasso Das Objeções À Eutanásia
O problema
filosófico aqui abordado insere-se no âmbito da reflexão ética prática, na qual
se discute de forma filosoficamente informada, opções práticas que têm
relevância para todos nós, acerca de como devemos viver e morrer, atendendo
a situações muito concretas.
Neste
trabalho irei discutir problema da permissibilidade da eutanásia. Serão
abordados dois argumentos utilizados por opositores à eutanásia e as respetivas
objeções, apresentadas pelo filósofo Peter Singer, no livro Ética Prática, que visam demonstrar a
permissibilidade da prática da eutanásia voluntária.
A eutanásia consiste num procedimento que leva ao término
da vida do paciente, a fim de acabar com o sofrimento, que este sente constantemente,
uma vez que o sujeito, geralmente, sofre de uma doença degenerativa ou terminal,
ou está em estado de coma. Há vários tipos de eutanásia, tendo em conta a forma
como esta ocorre e a manifestação do desejo de morrer do paciente. Aqui, irei avaliar
apenas a eutanásia voluntária. Para
ocorrer eutanásia classificada como voluntária, o paciente tem de pedir
explícita e repetidamente a sua realização, não revelando, em momento algum, qualquer
hesitação ou demonstração de incerteza.
Existem duas perspetivas de resposta a este problema. A
primeira é tomada por aqueles que consideram a eutanásia voluntária moralmente
permissível e a segunda pelos que, pelo contrário, a consideram impermissível.
No seu livro, Peter Singer apresenta e objeta alguns argumentos
utilizados pelos opositores à eutanásia. Irei abordar dois destes argumentos. O
primeiro é “À luz de uma teoria dos direitos, as pessoas têm direito à vida” e
o segundo é “Há que respeitar as decisões autónomas dos agentes racionais”.
Relativamente ao primeiro argumento
apresentado, ele veicula um princípio básico que, em geral, aceitamos como
verdadeiro. No entanto, é pertinente reconhecer que, apesar disso, não raras
vezes, abdicamos de alguns desses direitos, umas vezes derivado do completo desconhecimento
da sua existência, outras por não termos ou vermos a necessidade de os
reivindicar, tal como se observa em vários casos, como no direito ao voto - o que
podemos aferir pelas taxas de abstenção em todas as eleições - ou dos direitos
à propriedade ou à privacidade, entre outros. Desta
forma, não é por termos o direito à vida que somos obrigados a usufruir dele. Um
direito é, por definição, algo que contempla tudo aquilo de que uma pessoa pode
beneficiar, pelo simples facto de ser um ser humano. Podemos, assim, encarar os
direitos como liberdades garantidas. Pelo que, aqueles que desejam a eutanásia
não estão a ser privados do direito à vida, em momento algum, por ser uma
decisão pessoal, racional, ponderada e informada. Uma vez que já não desejam
viver mais e, cumprindo todas as condições necessárias para o recurso à eutanásia,
esta deve ser permitida.
No segundo argumento apresentado, pelos opositores,
defende-se que a prática da eutanásia, é contrária à autonomia, pois implica um
desrespeito pelas decisões autónomas dos seres racionais.
Desta perspetiva, o conceito
de autonomia consiste na capacidade de tomar decisões individuais à luz das
leis universais encontradas pela razão, permitindo assim a promoção do bem
humano. Ora, se uma pessoa decide o fim da sua vida por meio da eutanásia está
a atentar contra um bem, neste caso a vida. Deste modo, os opositores
justificam o desrespeito pelo exercício da autonomia em caso de eutanásia.
Para
refutar este argumento, Singer defende que se uma pessoa deseja ser submetida à
eutanásia, não há nada que respeite mais a sua autonomia que realizar o seu
pedido. Segundo este filósofo, a autonomia é a capacidade de decidir ou agir de
acordo com as preferências individuais de cada um. Sendo assim, e tendo em
conta que o pedido do paciente resulta de uma decisão tomada de modo livre, racional,
ponderado e informado, a eutanásia voluntária deve ser admitida, uma vez que
procura dar resposta a um pedido que reúne condições de legitimidade.
Singer considera, então, não haver bons argumentos contra
a eutanásia voluntária, pelo que, esta deve ser considerada como moralmente
permissível.
A minha posição relativamente à questão moral em causa,
vai ao encontro da de Peter Singer, pelo que, também considero a prática da
eutanásia voluntária permissível. A proposta de refutação apresentada por este
filósofo aos argumentos dos opositores, e na qual o próprio fundamenta a sua
perspetiva, parece-me bastante robusta.
Ao despenalizar a eutanásia
não se está a agir contra os direitos humanos, uma vez que os pacientes
envolvidos abdicaram deles em prol da sua decisão pessoal e informada, cujo
objetivo é pôr fim a uma vida com pouca qualidade. Além disso, a prática da
eutanásia assegura o respeito pelo exercício da autonomia, dado que valoriza a
vontade consistente e esclarecida do paciente.
Concluindo, considero que a
perspetiva defendida por Peter Singer refuta eficazmente os argumentos
propostos pelos que defendem a não permissibilidade da eutanásia voluntária.
Por esta razão, penso que este tipo de eutanásia é moralmente permissível.
João Vicente, 10ºB
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