17.12.14

Janelas para a Filosofia



Apresentação em vídeo do livro "Janelas para a Filosofia" feita pelos próprios autores: Aires Almeida e Desidério Murcho. [Partilhado do blogue Dúvida Metódica]

19.11.14

O Dia Mundial da Filosofia 2014


Ao celebrar o Dia Mundial da Filosofia, todos os anos, na terceira quinta-feira de novembro, a UNESCO sublinha o importante papel da filosofia no desenvolvimento do pensamento humano, para qualquer sociedade e qualquer indivíduo.

«Confrontada com a complexidade do mundo atual, a reflexão filosófica é acima de tudo um apelo à humildade, no sentido de darmos todos um passo atrás, comprometendo-nos num diálogo racional, que permita a construção conjunta de respostas aos desafios que teimam em escapar ao nosso controlo. Esta é a melhor forma de educar cidadãos que se pretendem esclarecidos, preparados para combater a estupidez e o preconceito. Quanto maiores que forem as dificuldades encontradas, maior é a necessidade e a utilidade da filosofia na procura de caminhos para paz e para o desenvolvimento sustentável.»

Irina Bokova
Diretora Geral da UNESCO
Imagem do Google: O pensador do séc. XXI

14.10.14

Hannah Arendt




Comemora-se hoje o 108º aniversário do nascimento de Hannah Arendt. Nascida em Linden, na Alemanha, a 14 de outubro de 1906, veio a falecer em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a 4 de dezembro de 1975 e foi uma filósofa política alemã de origem judaica.
A privação de direitos e perseguição na Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar. O regime nazi retirou-lhe a nacionalidade em 1937, o que a tornou apátrida até conseguir a nacionalidade norte americana em 1951.
Trabalhou, entre outras atividades, como jornalista e professora universitária e publicou obras importantes sobre filosofia política.
Ainda em 1963, lançaria Eichmann em Jerusalém, que reúne os cinco artigos que escreveu sobre o julgamento de Eichmann, que cobriu para a revista The New Yorker. Nesse livro, Eichmann não é retratado como um demónio (como o descreviam os ativistas judeus) mas alguém terrível e horrivelmente normal. Um típico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, por amor ao dever, sem considerações acerca do bem e do mal.
No livro, Arendt aponta ainda a cumplicidade das lideranças judaicas com os nazis. Esta perspetiva valer-lhe-ia críticas violentas das organizações judaicas e, geralmente, incompreensão noutras comunidades culturais e mesmo entre alguns académicos.
Arendt analisa o mal quando este atinge grupos sociais ou o próprio Estado. Segundo a filósofa, o mal não é uma categoria ontológica - não é radical - não é natural, nem metafísico, é político e histórico - é banal - é produzido pelos homens e manifesta -se onde e quando encontra espaço institucional para isso, como causa de uma escolha política. A trivialização da violência corresponde, para Arendt, ao vazio de pensamento, onde a banalidade do mal se instala.
Assim, não só naquelas terríveis circunstâncias históricas mas em outros contextos políticos e sociais é comum encontrarmos pessoas normais, horrivelmente normais, capazes de cometer as maiores atrocidades contra os seus semelhantes, sem consciência do bem nem do mal - simples burocratas, amanuenses acríticos, sem qualquer apreço pela verdade ou sentido de justiça.
Aconselho-vos o visionamento do filme «Hannah Arendt», de Margarethe Von Trotta,
com Barbara Sukowa, no papel da filósofa.

 

5.10.14

Dia Mundial do Professor


O Dia Mundial do Professor celebra-se anualmente no dia 5 de Outubro. Neste dia homenageia-se todos os que contribuem para o ensino e educação da sociedade. Presta-se homenagem a todos aqueles que escolheram o ensino como forma de vida e que dedicam o seu dia-a-dia a ensinar crianças, jovens e adultos.
A data foi criada pela UNESCO em 1994 com o objetivo de chamar atenção para o papel fundamental que os professores têm na sociedade e na instrução da população.
 
Embora não seja uma publicação no âmbito específico da filosofia, não quis deixar de vos lembrar a importância deste dia para mim e para  todos os meus colegas que desempenham, com orgulho e prazer, esta profissão.

1.10.14

Lei que criminaliza maus-tratos contra animais entra hoje em vigor


Na sequência da proposta de projeto de lei AQUI divulgada, entra hoje em vigor a legislação, publicada em Diário da República, a 29 de agosto, que criminaliza os maus-tratos contra animais.

A lei prevê que quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos físicos a um animal de companhia seja punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias.

A mesma lei indica que para os que efetuarem tais atos, e dos quais resultar a morte do animal, a privação de importante órgão ou membro ou a afetação grave e permanente da sua capacidade de locomoção, serão punidos com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.

Em relação aos animais de companhia, a lei determina que, quem, tendo o dever de guardar, vigiar ou assistir animal de companhia, o abandonar, pondo desse modo em perigo a sua alimentação e a prestação de cuidados que lhe são devidos, seja punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 60 dias.

O projeto-lei que criminaliza os maus tratos animais foi aprovado no parlamento com os votos favoráveis do PSD, PS, PEV, BE e do CDS-PP, bancada que registou dois votos contra e duas abstenções.
Os deputados do CDS-PP Abel Baptista e Hélder Amaral votaram contra o novo regime sancionatório e Cecília Meireles e Michael Seufert abstiveram-se, anunciando a entrega de declarações de voto.
O PCP também optou pela abstenção por considerar que o problema dos maus tratos a animais deve ter como resposta prioritária "medidas preventivas" e por discordar da "criminalização que impõe a aplicação de penas de prisão.

A evolução é lenta e a lei tem ainda um curto âmbito de aplicação, uma vez que apenas abrange os animais de companhia. Faltam mais passos no sentido de que todos os animais sejam abrangidos por medidas de proteção adequadas.
(Informação retirada de SIC Notícias)

19.9.14

Bom Ano Letivo

Embora com algum atraso, queremos desejar um bom ano de trabalho a todos os alunos.
Aproveitamos para dar os parabéns aos alunos que realizaram o Exame Nacional de Filosofia (1ª fase) pelos seus excelentes resultados, cuja média foi de 16,4 valores, na nossa escola.

10.6.14

O Problema dos Critérios Valorativos



Neste texto discute-se o problema dos critérios valorativos, nomeadamente saber se existem juízos de valor objetivamente verdadeiros ou falsos. A posição aqui defendida é que a teoria objetivista é a mais razoável podendo, portanto, existir juízos objetivamente verdadeiros ou falsos.

O subjetivismo e o relativismo defendem que os valores não são propriedades objetivas do mundo sendo antes verdadeiros ou falsos, apenas em função da avaliação dos indivíduos ou das culturas, respetivamente. 
Porém, o objetivismo afirma que os valores são propriedades objetivas do mundo, independentes das valorações realizadas pelos sujeitos e/ou culturas. Esta teoria considera que através de um diálogo intercultural é possível estabelecer critérios transubjetivos e transculturais que permitam resgatar as questões morais no domínio da simples opinião e sentimentos pessoais ou da autoridade da tradição cultural.

Quem é contra esta perspetiva pode sempre afirmar que não podem existir opiniões éticas objetivamente verdadeiras porque não existe uma realidade a que possam ou não corresponder, o que até é correto, mas isso não implica que não existam verdades objetivas nesta área, pois se utilizarmos métodos de raciocínio fiáveis, capazes de determinar a verdade e a falsidade neste domínio, podemos estabelecer verdades objetivas, como fazemos por exemplo no domínio da matemática. Isto é, a ética é objetiva se descobrirmos o que é certo ou errado examinando cuidadosamente razões e argumentos, baseando-nos em todos os conhecimentos que as várias disciplinas científicas nos disponibilizam, de relevante para a definição de uma vida boa humana, chegando assim a conclusões racionais, aceitáveis por todos, independentemente de sensibilidades pessoais e condicionalismos culturais.


Considera-se, geralmente, que o subjetivismo valoriza e promove a liberdade individual pois, desta perspetiva, cada sujeito pode agir e avaliar de acordo com as suas convicções pessoais. Isto é, no entanto, facilmente refutável pois, se assim fosse, a ética seria arbitrária, uma vez que todos os juízos seriam verdadeiros por mais repugnantes que fossem.

Um forte argumento a favor do relativismo é que este promove a coesão social uma vez que, ao definir o que é certo e errado em função do que a maioria da sociedade pensa, valoriza o indivíduo enquanto parte de um todo. Ainda assim é pouco razoável, pois pode conduzir-nos ao conformismo porque, se todos devessem conformar-se com o que a maioria acredita, teríamos de aceitar que as maiorias estariam sempre certas e as minorias erradas, não fazendo sentido lutar por uma sociedade melhor e pela mudança de mentalidades, na nossa própria sociedade.

Para concluir, a posição defendida neste texto é que podem realmente existir juízos de valor objetivamente verdadeiros ou falsos, podendo estes ser consensualmente estabelecidos através de um diálogo intercultural, racional, tolerante e crítico; independentes de qualquer avaliação por parte de indivíduos e/ou culturas, proporcionando a imparcialidade possível e a evolução moral de todos, do que é já um bom exemplo a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Pedro Rocha
 10ºB Nº 23
Imagem do Google - M.C. Escher, Good and Evil

7.6.14

O valor da discussão filosófica

Uma discussão foi tanto mais proveitosa quanto mais os participantes puderam aprender com ela. Significa isto que, quanto mais interessantes e difíceis tenham sido as questões levantadas, tanto mais eles foram induzidos a pensar em respostas novas, tanto mais terão sido abalados nas suas opiniões, pois foram levados a ver essas questões de forma diferente após a discussão – em resumo, os seus horizontes intelectuais alargaram-se. […]
Não devemos esperar que qualquer discussão crítica sobre um assunto sério, qualquer «confronto», alcance logo resultados decisivos. A verdade é difícil de alcançar. […]
As discussões sérias e críticas são sempre difíceis. […] Muitos participantes numa discussão racional, ou seja, crítica, consideram particularmente difícil ter de desaprender aquilo que os seus instintos lhe impõem (e aquilo que lhes é ensinado por todas as sociedades que debatem): ou seja, vencer. Pois o que têm de aprender é que uma vitória num debate não significa nada, ao passo que a mínima clarificação de um problema que se tenha – mesmo a mais pequena contribuição para uma compreensão mais clara da sua própria posição ou da de um opositor – constitui um grande sucesso. Uma discussão que se vence, mas que não ajuda na alteração ou na clarificação da vossa mente, nem que seja só um pouco, deverá ser considerada uma perda completa. […]
A discussão racional […] é modesta nas expectativas: é suficiente, mais do que suficiente, se sentirmos que conseguimos ver as coisas sob uma nova luz ou que até nos aproximámos um pouco mais da verdade.

K. Popper, O Mito do Contexto – Em Defesa da Ciência e da Racionalidade
 
Pelos trabalhos realizados pelos alunos  dos 10º e 11º anos e pelas boas discussões que proporcionaram a todos nós, o meu muito obrigado.