Comemora-se hoje o
108º aniversário do nascimento de Hannah Arendt. Nascida em Linden, na Alemanha, a 14 de outubro de 1906, veio a
falecer em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a 4 de dezembro de 1975 e foi uma filósofa
política alemã de origem judaica.
A privação de direitos e perseguição na Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933,
assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir
emigrar. O regime nazi retirou-lhe
a nacionalidade em 1937, o que a tornou apátrida até conseguir a nacionalidade norte americana em
1951.
Trabalhou, entre outras atividades, como
jornalista e professora universitária e publicou obras importantes sobre
filosofia política.
Ainda em 1963, lançaria Eichmann em
Jerusalém, que reúne os cinco artigos que escreveu sobre o julgamento de Eichmann,
que cobriu para a revista The New Yorker. Nesse livro, Eichmann não é
retratado como um demónio (como o descreviam os ativistas judeus) mas alguém terrível e horrivelmente normal. Um típico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com
zelo, por amor ao dever, sem considerações acerca do bem e do mal.
No livro, Arendt aponta ainda a cumplicidade das lideranças judaicas com os nazis. Esta perspetiva valer-lhe-ia críticas violentas das organizações judaicas e, geralmente, incompreensão noutras comunidades culturais e mesmo entre alguns académicos.
No livro, Arendt aponta ainda a cumplicidade das lideranças judaicas com os nazis. Esta perspetiva valer-lhe-ia críticas violentas das organizações judaicas e, geralmente, incompreensão noutras comunidades culturais e mesmo entre alguns académicos.
Arendt analisa o mal quando este atinge
grupos sociais ou o próprio Estado.
Segundo a filósofa, o mal não é uma categoria ontológica - não é radical - não
é natural, nem metafísico, é político e histórico - é banal - é produzido pelos
homens e manifesta -se onde e quando encontra espaço institucional para isso, como
causa de uma escolha política. A trivialização da violência corresponde, para
Arendt, ao vazio de pensamento, onde a banalidade
do mal se instala.
Assim, não só naquelas terríveis
circunstâncias históricas mas em outros contextos políticos e sociais é comum
encontrarmos pessoas normais, horrivelmente normais, capazes de cometer as
maiores atrocidades contra os seus semelhantes, sem consciência do bem nem do mal
- simples
burocratas, amanuenses acríticos, sem qualquer apreço pela verdade ou sentido
de justiça.
Aconselho-vos o visionamento do filme «Hannah
Arendt», de
Margarethe Von Trotta,
com Barbara Sukowa, no papel da filósofa.
com Barbara Sukowa, no papel da filósofa.
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