27.4.23

Devemos tolerar os intolerantes?

 


    Devemos nós tolerar aqueles que não toleram? Este é um problema importante pois no mundo em 
que vivemos, existiram e existem ainda bastantes pessoas e sociedades intolerantes.

Alguns conceitos importantes para percebermos este problema são por exemplo, o  etnocentrismo que é a atitude pela qual um indivíduo ou um grupo social se considera o sistema de referência, julga outros indivíduos ou grupos à luz dos seus próprios valores; ou seja, uma pessoa ou grupo intolerante julga  o outro pela sua maneira de ser ou estar. Esta atitude origina a intolerância.

 O relativismo cultural afirma que todos os sistemas culturais são iguais em valor e que os aspetos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem. Torna-se problemático quanto ao conceito de certo e errado, uma vez que certo e errado depende do que a maioria numa dada cultura pensa ser certo e errado. A discriminação é uma consequência da intolerância, pois é na opressão e não aceitação dos outros, que se cria a intolerância.

 Os direitos humanos foram criados justamente para combater a intolerância e a discriminação, mas existem poucos que os seguem à letra. Na opinião de alguns, não existem direitos para certas pessoas, grupos ou etnias. Mas a existência dos direitos humanos serve precisamente para combater este tipo de pensamentos.

Existem dois tipos de direitos, os direitos positivos e os negativos. Os direitos negativos são por exemplo, o direito à liberdade de expressão, direito a associação, entre outros. Estes direitos são aqueles que não exigem nada dos outros apenas a sua compreensão. Já os direitos positivos como por exemplo, o direito à habitação e à saúde são direitos que exigem dos outros uma atividade positiva a seu favor o pagamento de impostos, por exemplo.

 O vídeo que vimos na aula apresenta duas respostas para o problema. A via do diálogo e da argumentação, e a via da supressão da intolerância através de sanções económicas ou ativismo. A via da argumentação não tem sido muito eficaz já que não é obrigatório por lei seguir a declaração universal dos direitos humanos. Por isso, há países dispostos a recorrer à segunda via, oprimindo os intolerantes, tal como Karl Popper defendeu no paradoxo da tolerância. 

 Eu concordo que as vias do diálogo e do ativismo são as melhores soluções pois a intolerância é um problema grave no nosso mundo, e também porque as respostas pacíficas são a melhor solução.

Simão Sousa, 11º I

Arte: Mural Etnias, fonte Wikipédia

Só podemos aprender através do erro?

 

  Desde há muito tempo e até aos dias de hoje, a maneira como se aprende tem sido um problema, e uma das indagações que se coloca é: será que só podemos aprender através do erro? Bem, eu creio que não, não aprendemos só pelo erro, e passarei a seguir a explicitar esta perspetiva.
 Fazer ciência é procurar aprender sobre a realidade, ganhando assim conhecimento sobre a mesma. Na tentativa de explicar como a ciência é feita levantam-se duas teorias que são o Indutivismo (ou o método tradicional) e o Falsificacionismo de Karl Popper. O indutivismo defende que a ciência tem o seu ponto de partida na observação, com a qual, por observação de amostras limitadas, formulam-se teorias universais sobre o funcionamento de acontecimentos determinados e prossegue-se, a seguir, para a confirmação ou verificação parcial da mesma. Este método pode à vista parecer convincente, porém incorre em três grandes problemas apresentados por Popper:
 1º A imparcialidade da ciência: os cientistas não se conseguem desfazer por completo de crenças e características culturais adquiridas ao longo do tempo que são intrínsecas ao seu ser, podendo assim achar-se vestígios de tais características nas suas conclusões científicas;
 2º A injustificabilidade das inferências indutivas por causa do problema da indução;
 3º O método de verificação e confirmação das teorias incorre num pensamento falacioso (falácia da afirmação da consequente).
  Por conseguinte, Popper apresenta a sua perspetiva, o falsificacionismo: consiste em considerar um problema como o ponto de partida da ciência, de seguida apresentar conjeturas (hipóteses “imaginárias” levantadas com base em conhecimento prévio sabido verdadeiro), e realizar tentativas de refutação a estas conjeturas com o objetivo de provar que estão mais próximas da verdade e que são mais corroboradas e mais resistentes a essas tentativas de refutação, mostrando-se assim boas teorias. Chamar também a atenção ao facto de Popper considerar que não podemos assumir uma teoria como verdadeira, pois não podemos confirmar empiricamente todas as situações, deste modo apenas podemos considerá-las corroboradas (que têm alguma propriedade ou “força” na sua afirmação) e resistentes, ou seja, não podemos confirmar o que ela é, mas podemos afirmar o que ela não é (com base nas frustradas tentativas de refutação).
  Posto isto, eu creio que podemos dividir o nosso problema em duas partes: os casos particulares e os casos gerais.
  Nós não precisamos incorrer em erros para termos o conhecimento de casos particulares e podemos ter certeza de que é um conhecimento científico verdadeiro, pois o seu contrário não implica contradição, por exemplo: “há patos negros” é conhecimento, é existente. Esta afirmação é verdadeira pois mesmo que existam patos brancos, não deixa de haver patos negros. Posso considerar assim que não podemos aplicar o falsificacionismo no seu todo em conhecimento baseado em casos particulares, pois não é verificável a veracidade de uma proposição universal de sinal contrário para se refutar afirmações como a do exemplo.  Por outro lado, apenas podemos aprender por erros em teorias científicas universais, pois apenas refutando-as com casos particulares podemos eliminar erros e aproximar-nos cada vez mais da verdade, embora nunca cheguemos à verdade inteiramente verificável.
   Concluindo, podemos aprender com erros, mas estes não são a única maneira de aprendermos, e temos de ser humildes não tirando conclusões gerais de casos particulares.

Panashe Norberto Pinto; 11 B