27.4.23

Só podemos aprender através do erro?

 

  Desde há muito tempo e até aos dias de hoje, a maneira como se aprende tem sido um problema, e uma das indagações que se coloca é: será que só podemos aprender através do erro? Bem, eu creio que não, não aprendemos só pelo erro, e passarei a seguir a explicitar esta perspetiva.
 Fazer ciência é procurar aprender sobre a realidade, ganhando assim conhecimento sobre a mesma. Na tentativa de explicar como a ciência é feita levantam-se duas teorias que são o Indutivismo (ou o método tradicional) e o Falsificacionismo de Karl Popper. O indutivismo defende que a ciência tem o seu ponto de partida na observação, com a qual, por observação de amostras limitadas, formulam-se teorias universais sobre o funcionamento de acontecimentos determinados e prossegue-se, a seguir, para a confirmação ou verificação parcial da mesma. Este método pode à vista parecer convincente, porém incorre em três grandes problemas apresentados por Popper:
 1º A imparcialidade da ciência: os cientistas não se conseguem desfazer por completo de crenças e características culturais adquiridas ao longo do tempo que são intrínsecas ao seu ser, podendo assim achar-se vestígios de tais características nas suas conclusões científicas;
 2º A injustificabilidade das inferências indutivas por causa do problema da indução;
 3º O método de verificação e confirmação das teorias incorre num pensamento falacioso (falácia da afirmação da consequente).
  Por conseguinte, Popper apresenta a sua perspetiva, o falsificacionismo: consiste em considerar um problema como o ponto de partida da ciência, de seguida apresentar conjeturas (hipóteses “imaginárias” levantadas com base em conhecimento prévio sabido verdadeiro), e realizar tentativas de refutação a estas conjeturas com o objetivo de provar que estão mais próximas da verdade e que são mais corroboradas e mais resistentes a essas tentativas de refutação, mostrando-se assim boas teorias. Chamar também a atenção ao facto de Popper considerar que não podemos assumir uma teoria como verdadeira, pois não podemos confirmar empiricamente todas as situações, deste modo apenas podemos considerá-las corroboradas (que têm alguma propriedade ou “força” na sua afirmação) e resistentes, ou seja, não podemos confirmar o que ela é, mas podemos afirmar o que ela não é (com base nas frustradas tentativas de refutação).
  Posto isto, eu creio que podemos dividir o nosso problema em duas partes: os casos particulares e os casos gerais.
  Nós não precisamos incorrer em erros para termos o conhecimento de casos particulares e podemos ter certeza de que é um conhecimento científico verdadeiro, pois o seu contrário não implica contradição, por exemplo: “há patos negros” é conhecimento, é existente. Esta afirmação é verdadeira pois mesmo que existam patos brancos, não deixa de haver patos negros. Posso considerar assim que não podemos aplicar o falsificacionismo no seu todo em conhecimento baseado em casos particulares, pois não é verificável a veracidade de uma proposição universal de sinal contrário para se refutar afirmações como a do exemplo.  Por outro lado, apenas podemos aprender por erros em teorias científicas universais, pois apenas refutando-as com casos particulares podemos eliminar erros e aproximar-nos cada vez mais da verdade, embora nunca cheguemos à verdade inteiramente verificável.
   Concluindo, podemos aprender com erros, mas estes não são a única maneira de aprendermos, e temos de ser humildes não tirando conclusões gerais de casos particulares.

Panashe Norberto Pinto; 11 B

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