Desde há muito tempo e até aos dias de hoje, a maneira como
se aprende tem sido um problema, e uma das indagações que se coloca é: será que
só podemos aprender através do erro? Bem, eu creio que não, não aprendemos só
pelo erro, e passarei a seguir a explicitar esta perspetiva.
Fazer ciência é procurar aprender sobre a realidade, ganhando
assim conhecimento sobre a mesma. Na tentativa de explicar como a ciência é
feita levantam-se duas teorias que são o Indutivismo (ou o método tradicional) e o Falsificacionismo de Karl
Popper. O indutivismo defende que a ciência tem o seu ponto de partida na
observação, com a qual, por observação de amostras limitadas, formulam-se
teorias universais sobre o funcionamento de acontecimentos determinados e
prossegue-se, a seguir, para a confirmação ou verificação parcial da mesma. Este
método pode à vista parecer convincente, porém incorre em três grandes
problemas apresentados por Popper:
1º A imparcialidade da ciência: os cientistas não se
conseguem desfazer por completo de crenças e características culturais
adquiridas ao longo do tempo que são intrínsecas ao seu ser, podendo assim
achar-se vestígios de tais características nas suas conclusões científicas;
2º A injustificabilidade das inferências indutivas por causa
do problema da indução;
3º O método de verificação e confirmação das teorias incorre
num pensamento falacioso (falácia da afirmação da consequente).
Por conseguinte, Popper apresenta a sua perspetiva, o
falsificacionismo: consiste em considerar um problema como o ponto de partida
da ciência, de seguida apresentar conjeturas (hipóteses “imaginárias”
levantadas com base em conhecimento prévio sabido verdadeiro), e realizar
tentativas de refutação a estas conjeturas com o objetivo de provar que estão
mais próximas da verdade e que são mais corroboradas e mais resistentes a essas
tentativas de refutação, mostrando-se assim boas teorias. Chamar também a
atenção ao facto de Popper considerar que não podemos assumir uma teoria como
verdadeira, pois não podemos confirmar empiricamente todas as situações, deste
modo apenas podemos considerá-las corroboradas (que têm alguma propriedade ou
“força” na sua afirmação) e resistentes, ou seja, não podemos confirmar o que
ela é, mas podemos afirmar o que ela não é (com base nas frustradas tentativas
de refutação).
Posto isto, eu creio que podemos dividir o nosso problema em
duas partes: os casos particulares e os casos gerais.
Nós não precisamos incorrer em erros para termos o
conhecimento de casos particulares e podemos ter certeza de que é um
conhecimento científico verdadeiro, pois o seu contrário não implica
contradição, por exemplo: “há patos negros” é conhecimento, é existente. Esta
afirmação é verdadeira pois mesmo que existam patos brancos, não deixa de haver
patos negros. Posso considerar assim que não podemos aplicar o falsificacionismo
no seu todo em conhecimento baseado em casos particulares, pois não é verificável
a veracidade de uma proposição universal de sinal
contrário para se refutar afirmações como a do exemplo. Por outro lado, apenas podemos aprender por erros em teorias científicas universais, pois apenas refutando-as com casos particulares podemos eliminar erros e aproximar-nos cada vez mais da verdade, embora nunca cheguemos à verdade inteiramente verificável.
Concluindo, podemos aprender com erros, mas estes não são a
única maneira de aprendermos, e temos de ser humildes não tirando conclusões
gerais de casos particulares.
Panashe Norberto Pinto; 11 B
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