Morreu George Dickie (1926-2020), o autor da teoria institucional da arte. Depois de propor uma primeira versão da teoria teve em conta objeções que lhe foram feitas e - uma vez que as achou pertinentes - reformulou-a. Um bom exemplo, portanto, do que por vezes se chama “atitude filosófica”. Vale a pena continuar a lê-lo:
«O mundo da arte não requer procedimentos rígidos; admite e até encoraja a frivolidade e o capricho sem pôr em causa o seu propósito sério. Contudo, se não é possível cometer um erro na atribuição de estatuto envolvida na produção da arte, é possível cometer um erro ao conferir o estatuto de candidato à apreciação. Ao conferir um tal estatuto a um objeto, assume-se uma certa responsabilidade pelo objeto no seu novo estatuto. Apresentar um candidato à apreciação coloca-nos sempre perante a possibilidade de ninguém o apreciar e que em virtude disso a pessoa responsável pela atribuição perca a credibilidade. É possível fazer uma obra de arte a partir da orelha de uma porca, mas isso não a torna necessariamente uma bolsa de seda.»
George Dickie, Introdução à Estética, Bizâncio, Lisboa, 2008, pp. 136-137.
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