Vilma: Em quê?
Gonçalo: Até hoje sempre julguei que fôssemos livres, contudo eu acredito que todas as nossas escolhas e decisões são livres, mas estão destinadas.
Vilma: Mas não foi disso que falámos. O problema do livre-arbítrio pretende analisar se é possível conciliar o determinismo que ocorre no Universo com a crença de que somos livres.
Gonçalo: Eu sei. Mas a verdade é que para mim o destino é compatível com o nosso livre-arbítrio. Ou seja: eu escolho fazer algo, sou responsável pela decisão que fizer, portanto tenho de responder às consequências do meu acto, no entanto, essa decisão não foi ao acaso, entendes?
Vilma: Lá por não ter sido por acaso, será que foi pelo destino? Gonçalo, cá para mim estás a confundir as coisas. Primeiro, há uma concepção determinista que se encontra justificada pelas ciências, por outro, uma visão fatalista que se ampara nas religiões, por exemplo, os muçulmanos acreditam muito no destino. A meu ver, assumir essa perspectiva fatalista deturpa a visão que temos da realidade e do nosso papel no mundo. Estou convencida de que as nossas escolhas e decisões permitem-nos construir a nossa identidade. Se acreditasse no destino, estaria a assumir que eu não sou a autora da minha vida, que tudo o que nela ocorre se limita a perseguir um objectivo que me escapa das mãos e me transcende.
Gonçalo: Deixaste-me ainda mais confuso agora.
Questão: Será aceitável acreditar no destino?
2 comentários:
Considero aceitável acreditar no destino, porque a crença não parte de um pressuposto racional.
Cada um crê no que julga necessário para a sua subrevivência emocional/psicológica.
:)
Olá Eli e desde já lhe agradeço o comentário! :)
O seu comentário incorre numa contradição. Se considera aceitável acreditar no destino significa que tem uma justificação racional para tal, porque se não tivéssemos uma boa justificação para as nossas convicções seria tão legítimo acreditar que os planetas orbitam em torno da terra como acreditar no contrário. Ao considerar que a sua crença não parte de um pressuposto racional faz com que a sua crença perca uma certa força e grau de persuasão, tornando-a pouco aceitável aos outros.
Acreditar no destino pode ser uma espécie de "whisful thinking" que nos dá muito conforto à alma, mas pouca convicção quando reflectimos despreconceituosamente sobre isso. É fácil admitirmos que tudo está destinado, que nada do que façamos pode interferir com o que está à nossa espera, contudo, se o destino existisse, isso não faria de nós seres autómatos, cuja capacidade de agir seria desnecessária? E que espaço haveria para o livre-arbítrio caso tudo estivesse destinado a acontecer?
Cumprimentos,
Valter Boita
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