Um excerto de um texto do filósofo português José Gil, publicado no último número da revista Visão de 24 de Novembro de 2011, que aborda de uma forma que me parece muito correta a questão da solidariedade, a qual já algumas vezes analisamos nas aulas.
Nascem agora, neste momento de crise aguda de países europeus, inúmeras iniciativas cujo objetivo é ajudar os mais carenciados, vindas de associações,agrupamentos, bancos, empresas. Este voluntariado espontâneo é necessário e reativa aquele fundo primitivo de coesão social que faz um país. Qualquer coisa de muito importante - da ordem da sanidade social - é assim acordado nas consciências das pessoas: atenção ao outro, perceção despojada e nua de um humano por outro humano reatando o laço afetivo originário que reconhece o outro para além do seu estatuto social, familiar, das suas opiniões políticas, etc.
Mas é preciso que a solidariedade não signifique caridade humilhante ou afirmação de uma qualquer supremacia social. A entreajuda supunha uma igualdade fundamental entre os membros da comunidade. Muitas atividades que se exercem sob uma falsa ética da solidariedade escondem negócios inconfessáveis, boa consciência (do estado e dos indivíduos) adquirida a baixo preço, álibis de uma «economia social» que, afinal, não transforma minimamente a economia real geradora das desigualdades que a primeira procura reduzir.
Mas é preciso que a solidariedade não signifique caridade humilhante ou afirmação de uma qualquer supremacia social. A entreajuda supunha uma igualdade fundamental entre os membros da comunidade. Muitas atividades que se exercem sob uma falsa ética da solidariedade escondem negócios inconfessáveis, boa consciência (do estado e dos indivíduos) adquirida a baixo preço, álibis de uma «economia social» que, afinal, não transforma minimamente a economia real geradora das desigualdades que a primeira procura reduzir.
A solidariedade económica e social que hoje se desenvolve por toda a Europa - dos bancos sem juros da Dinamarca aos «bancos da fome» das instituições de assistência aos «pobres» - aliviando o sofrimento e dando oprtunidades aos mais desfavorecidos, só se legitima se se desviar da tendência hegemónica do capitalismo global, considerando o outro não como um diminuído mas como alguém simplesmente humano com pleno direito de acesso a tdos os direitos, inclusive ao de ser ajudado. Não é esse mesmo direito que tem a vítima de um furacão ou de um sismo a ser assistido pelo estado?
Imagens do Google: «solidariedade» e José Gil.
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