16.6.10

A arte é expressão de sentimentos?

Para Leão Tolstoi, um dos grandes nomes da literatura russa do século XIX, uma obra é arte se, e só se, exprime os sentimentos e emoções do artista. Assim, a classificação de um objecto como arte teria de ser baseada na condição de uma pessoa - ao receber através da sua audição ou visão, a expressão do sentimento de outra pessoa - ser capaz de ter uma experiência emocional idêntica àquela que motivou o artista. Esta é a teoria da arte como expressão. Por concordarmos com esta teoria, vamos procurar responder às principais objecções que lhe são apontadas.
É importante que o artista transmita o que sente e imagina para o público. Mas, como é que nós, o público espectador, sabemos o que o artista pretende realmente transmitir? E se o artista não quis expressar sentimento nenhum? Muitos autores nem sequer pensaram em publicar a sua obra, como podemos explicar a intenção de expressar sentimentos?
Pensemos por exemplo no quadro “O Beijo”, conseguimos perfeitamente visualizar uma situação romântica, terna e bela... ou, por exemplo, o quadro Ecce Homo, que traduz uma força tão expressiva quanto o silêncio, o sofrimento e a dor de Jesus Cristo que se entrega a Deus… parece haver nestes sentimentos algo que todos compreendemos. Isto acontece com uma grande parte das obras de arte. Deste modo não podemos afirmar que o público não consegue saber o que o artista pretende transmitir. O que pode acontecer é sabê-lo de uma forma imperfeita, mas isso também acontece com o conhecimento, mesmo o conhecimento científico.
Outra objecção é a falta de abrangência da teoria, por não incluir muitas das obras que são consideradas arte e que não expressam qualquer sentimento. O artista poderia simplesmente não querer transmitir nada. Ora nós, seres humanos, temos várias maneiras de pensar, é compreensível que as nossas ideias sejam diferentes e que até tenhamos algumas ideias erradas. Assim, também os sentimentos que os artistas compartilham com o público, podem não ser expressos de uma forma que todos compreendam e ainda assim haver expressão de sentimentos. Um quadro completamente branco ou negro pode não transmitir nada, ou pode ainda ser interpretado como a expressão dos sentimentos do seu autor, os quais podem até ser inconscientes.
Outra dificuldade prende-se com o caso de o artista ser anónimo ou ter falecido, como podemos saber o que o artista realmente sentiu? Embora possa dificultar a compreensão, não é suficiente para enfraquecer a teoria, pois bastaria algum conhecimento relevante sobre o autor para avaliar os sentimentos por ele expressos na obra.
Podemos assim concluir que, a teoria da arte como expressão é uma teoria bastante plausível. Uma vez que, uma verdadeira obra de arte só é assim considerada se exprime sentimentos que podem ser ou não compatíveis com os sentimentos do público. Permite-nos compreender ainda, a razão pela qual consideramos a arte importante de modo geral e explica a ligação emocional que temos com ela. Por fim, é a teoria que nos parece mais abrangente por incluir a esmagadora maioria dos objectos estéticos que consideramos arte.
Imagens: Gustav Klimt, O Beijo (1907-08), Ecce Homo (1925)
Cláudia Marques, Marisa Machado, Raquel Gomes , Tatiana Tomaili
10.º G

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