20.6.20

Uma refutação filosófica universal

Uma vez um filósofo teve o seguinte sonho:
Primeiro apareceu Aristóteles, e o filósofo disse-lhe: “Podias fazer um resumo de quinze minutos de toda a tua filosofia?” Para surpresa do filósofo, Aristóteles fez uma excelente exposição em que sintetizou uma enorme quantidade de material em quinze minutos. Mas depois o filósofo levantou uma certa objecção a que Aristóteles não conseguiu responder. Confundido, Aristóteles desapareceu. Depois apareceu Platão. Aconteceu a mesma coisa e o filósofo fez a Platão a mesma objecção que fizera a Aristóteles. Platão também não conseguiu responder-lhe e desapareceu. Depois apareceram um por um todos os filósofos famosos da história e o nosso filósofo refutou todos eles com a mesma objecção. Depois do último filósofo ter desaparecido, o nosso filósofo disse para si próprio: “Sei que estou a dormir e a sonhar tudo isto. Mas encontrei uma refutação universal para todos os sistemas filosóficos! Quando acordar amanhã provavelmente já não me vou lembrar de nada, e o mundo ficará sem saber uma coisa importante!” Fazendo um esforço tremendo, o filósofo forçou-se a acordar, precipitou-se para a sua secretária e escreveu a sua refutação universal. Depois saltou novamente para a cama com um suspiro de alívio. Quando acordou na manhã seguinte, dirigiu-se à secretária para ver o que tinha escrito. E era: “Isso é o que tu dizes”.

 Raymond Smullyan 5000 B.C. and Other Philosophical Fantasies (St. Martin’s Press, 1983).Tradução de Pedro Galvão, publicado em https://criticanarede.com

Sem comentários: