20.2.10

É correcto fazer o que "toda a gente faz"?

"Antigamente os esquimós colocavam os seus anciãos na rua durante a noite e no Inverno quando estavam às portas da morte. Se um de nós, ao observar esta prática, perguntasse "Acha isto correcto?" e o esquimó respondesse "Toda a gente faz o mesmo", consideraríamos essa resposta satisfatória? Talvez a primeira coisa que sentíssemos fosse uma certa estranheza derivada de nos parecer que a resposta não respondia à pergunta. A pergunta não era acerca do número de pessoas que pratica a acção, mas da sua correcção. A resposta é, portanto, irrelevante para a questão.
Podemos explicar esta irrelevância com o facto de que o que foi pedido ao esquimó foi uma resposta de carácter normativo e não descritivo. Quando dizemos que "toda a gente faz o mesmo" estamos a descrever uma resposta comportamental a uma dada situação. Mas a resposta não devia descrever um estado de coisas (como as pessoas se comportam na situação X), mas o que devem fazer (como devem comportar-se na situação X). O facto de estarmos perante uma acção que não se enquadra nos padrões de comportamento da nossa sociedade, tornou evidente a irrelevância da resposta.
(...) "Toda a gente faz o mesmo" não está apenas a descrever um comportamento comum, está também a justificar esse comportamento com a norma moral de que é correcto fazer o que toda a gente faz. No entanto continuamos a sentir que há algo de profundamente errado com esta conduta. Porquê? (...)"
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Álvaro Nunes, "Toda a gente faz o mesmo", Parte I, http://www.filedu.com/,
(texto adaptado)
Imagem: Google imagens

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