Waris Dire é uma modelo somali que ficou conhecida por ser a primeira figura pública a admitir ter sido excisada e a denunciar esta prática cultural que continua, hoje, a mutilar e a matar milhares de raparigas. O seu livro "Flor do Deserto" é a obra mais conhecida sobre o tema. Em 2002, abandonou a passerelle, dedicando-se à fundação que criou para combater esta prática: a http://www.waris-dirie-foundation.com/en/
"A minha excisão fizera-me sofrer bastante, e no entanto tive sorte, as coisas podiam ter sido bem piores, como sucedia frequentemente com outras raparigas. (...)
Pouco me lembro da minha irmã Haleno. Eu devia ter três anos quando subitamente ela desapareceu; não compreendi o que lhe aconteceu. Mais tarde soube que a cigana a tinha excisado quando 'o momento especial' chegara, e Haleno sangrara até morrer. (...)
Pouco me lembro da minha irmã Haleno. Eu devia ter três anos quando subitamente ela desapareceu; não compreendi o que lhe aconteceu. Mais tarde soube que a cigana a tinha excisado quando 'o momento especial' chegara, e Haleno sangrara até morrer. (...)
(...) Quando nos deslocávamos através da Somália, encontrávamos várias outras famílias e eu costumava brincar com as suas filhas. Mais tarde, quando voltávamos a encontrar-nos, algumas dessas raparigas já não existiam."
Waris Dirie, Flor do Deserto, Edições Asa, pág. 47 (texto adaptado)
O relativismo moral cultural é a tese segundo a qual o valor de verdade dos juízos morais é sempre relativo ao que, em cada sociedade, a maioria acredita ser verdadeiro ou falso. A existência de diferentes concepções sobre o que é certo ou errado implica que não há respostas objectivamente verdadeiras ou falsas às questões morais. A verdade moral, depende daquilo que numa determinada sociedade se considera bom ou mau. O argumento é o seguinte:
1. Em culturas diferentes as pessoas têm convicções morais diferentes.
2. Logo, as verdades morais são relativas à cultura.
Podemos aceitar o relativismo moral cultural, e condenar a prática da excisão?
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